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    Disputa nos estados-chave e risco de judicialização marcam reta final nos EUA

    Demora da apuração está levando a um temor de que declarações antecipadas de vitória tornem o cenário social ainda mais instável

    Guilherme Venaglia, da CNN, em São Paulo

    A disputa entre Donald Trump e Joe Biden pela Presidência dos Estados Unidos chega aos acréscimos do segundo tempo com a promessa de prorrogação.

    O tão esperado dia da eleição acontece nesta terça-feira (3), mas os americanos estão diante da perspectiva de uma apuração judicializada, com muitas contestações e uma demorada contagem de votos.

    O dia em que as urnas fecham acontece diante de um comparecimento pré-eleitoral recorde, com quase 100 milhões de americanos já tendo manifestado a sua preferência na corrida pela Casa Branca.

    Apesar de tantos eleitores terem votado antecipadamente, ao fim e ao cabo a apuração tende a demorar mais, uma vez que muitos desses votos dados pelo correio ainda estão a caminho.

    Pesquisas apontam que os eleitores democratas de Biden estão entre os que votaram antes, enquanto a maior parte dos apoiadores republicanos de Trump estava aguardando o ‘Dia D’.

    O resultado dessa complexa equação é que o atual presidente e candidato à reeleição está ameaçando questionar a legalidade dos votos que chegarem aos locais de destino após o fechamento oficial das urnas.

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    Parte dos americanos teme uma onda de distúrbios ativada por declarações antecipadas de vitória, que não sejam reconhecidas pelo lado adversário. 

    A Casa Branca espera realizar um evento sobre as eleições já na noite de terça, enquanto a campanha de Joe Biden aguarda o resultado para quinta (5) ou sexta-feira (6).

    O final de semana que antecedeu o dia decisivo da eleição evidenciou esse risco. 

    No sábado (31), um ônibus da caravana de Joe Biden foi cercado no Texas por apoiadores do presidente, o que levou o democrata a cancelar um evento no estado. 

    Mais tarde, no mesmo dia, cerca de 300 veículos bloquearam o trânsito na ponte que atravessa o rio Hudson, em Nova York, para demonstrar apoio a Trump. 

    Parte dos comerciantes novaiorquinos passou os últimos dias “blindando” suas lojas com barreiras de madeira, temendo episódios de vandalismo.

    50 eleições

    O sistema eleitoral americano já é por si só complexo, mas o pleito de 2020 acontece em torno de tensões e dificuldades adicionais causadas pelas características das campanhas e dos candidatos, além da própria pandemia do novo coronavírus.

    Nos Estados Unidos, a eleição do presidente se dá por meio de um Colégio Eleitoral, formado com delegados definidos pelas votações estaduais. 

    Cada estado tem o seu peso nesse colegiado e cada estado escolhe seus representantes a partir de regras e processos próprios.

    Na prática, o resultado é a transformação de uma eleição em 50 votações diferentes, em que algumas são mais decisivas do que outras. 

    Joe Biden lidera a média nacional por uma ampla margem — 54% a 42%, de acordo com a média de pesquisas da CNN. 

    Mas só é declarado vencedor o candidato que alcançar 270 votos no Colégio Eleitoral. 

    Nesse caso, sempre vale lembrar que na eleição presidencial passada Hillary Clinton teve 3 milhões mais votos que Trump em 2016, mas mesmo assim perdeu a eleição.

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    Estados-chave

    Os olhos estão voltados para alguns estados, sobretudo para os muito populosos e que não são terrenos cativos de democratas ou de republicanos. 

    Entram na conta também estados decisivos nos quais Hillary perdeu para Trump, mas Biden supera o atual presidente nas pesquisas de opinião.

    Estão na lista dos locais decisivos, principalmente, os estados da Flórida, Pensilvânia, Arizona, Michigan e Carolina do Norte. 

    Tão decisiva quanto controversa, a eleição na Pensilvânia é um dos principais exemplos de uma potencial judicialização.

    Lá, até a noite de sábado (31), 2 milhões de eleitores já haviam votado antecipadamente, sendo a imensa maioria (em torno de 1,5 milhão) de eleitores registrados no Partido Democrata.

    A Suprema Corte autorizou o estado a contar os votos até sexta-feira. O presidente, no entanto, segue contestando a contagem prolongada dos votos, que ele chama de “terrível”. 

    Os democratas têm frisado que essa modalidade é uma forma segura de votar em meio à pandemia, enquanto Trump e os republicanos apostam no voto presencial para uma virada de jogo.

    “Assim que a eleição acabar, vamos entrar com nossos advogados”, declarou Trump a repórteres, sem dar mais detalhes.

    A primeira e mais clara sinalização para os EUA e para o mundo sobre quem comandará o Salão Oval da Casa Branca deve vir do estado da Flórida. 

    Sede dos parques da Disney e do mundo de compras da capital Miami, a Flórida é um estado muito populoso e, por isso, tem peso decisivo no Colégio Eleitoral.

    Em 2016, Trump ganhou lá. Com 49,02% dos votos, contra 47,82% de Hillary Clinton, o republicano levou sozinho os 29 votos do estado e pavimentou seu caminho para a Presidência — totalizando 306 votos no Colégio Eleitoral, ou 36 a mais do que o necessário.

    Biden está na frente dessa vez, mas por pouco. O candidato democrata tem 48% das intenções de voto, contra 46% de Trump, segundo a média divulgada pela CNN considerando as principais pesquisas que seguem os seus critérios metodológicos. 

    A consultoria Trafalgar, que previu a vitória do presidente em 2016, o coloca na frente no estado, mas por uma margem quase ínfima (49,8% a 49,6%). O estado deverá ser um dos primeiros a divulgar seus resultados. Quem vencer aqui larga consideravelmente na frente na disputa.

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