Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Eleições no Equador: conselho eleitoral aprova inscrição de substituto de candidato assassinado

    Christian Zurita também é jornalista e era amigo de Fernando Villavicencio

    Da CNN

    O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador aprovou na quarta-feira (16) o registro de Christian Zurita como candidato presidencial do Movimento Construye. Ele substitui Fernando Villavicencio, assassinado em 9 de agosto em um ataque armado durante um evento de campanha.

    A decisão foi anunciada pela presidente da CNE, Diana Atamaint, através das redes sociais: “Por unanimidade e com base no relatório submetido à nossa apreciação, qualificamos a candidatura presidencial” de Christian Zurita.

    Veja também — Análise: O peso do crime organizado na política sul-americana

    Por sua vez, o Movimento Construye também publicou sobre a aprovação da candidatura e acrescentou: “Como disse o Fernando (Villavicencio): agora é escolher entre o país e a máfia”.

    Um dia antes, na terça-feira (15), o movimento correísta — força de esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa — Revolución Ciudadana havia contestado a candidatura de Zurita.

    No documento apresentado ao Conselho Nacional Eleitoral argumentava-se que o jornalista “está atualmente filiado a outra organização política”.

    No entanto, em sua decisão, a autoridade eleitoral indicou que “rejeitou a impugnação apresentada contra a candidatura, porque o candidato não é filiado ou aderido a nenhuma organização política”, acrescentando que “em consequência, foi aprovada a qualificação da candidatura, após verificação do cumprimento dos requisitos”.

    Christian Zurita falou à imprensa estrangeira nesta quinta-feira (17) e disse que tem o mesmo “perfil de perigo” de Villavicencio.

    “A segurança se deve ao fato de eu ter o mesmo perfil de perigo de Fernando Villavicencio, porque as ameaças sempre foram para todos. Eles já nos mostraram que podem [ser uma ameaça]”, pontuou o candidato.

    “E ele foi morto não pelo que disse, mas pelo que ele planejou fazer. Este plano [de governo] é baseado acima de tudo no que planejamos fazer. Tenho sido claro e enfático, porque está claramente estabelecido no plano de governo. É lá que está indicado que deve haver um processo de expurgo da Polícia Nacional nas suas cúpulas”, complementou.

    Sobre a contestação feita pelo correísmo, o Movimento Construye havia dito anteriormente que isso procurava silenciá-los e publicou um documento datado de 13 de agosto em que Zurita notificou ao CNE sobre um registro falso que o mostrava filiado em outro partido.

    Zurita também falou sobre o assunto na época e descreveu a tentativa de impugnação como “totalmente falso”, reiterando que não é filiado a nenhum outro movimento político.

    Escolha de Zurita

    Após a morte de Villavicencio em um ataque armado no norte de Quito em 9 de agosto, o partido equatoriano Movimiento Construye escolheu Zurita para substituir o político, revertendo uma decisão do dia anterior.

    Em um primeiro momento, o partido disse que a candidata à vice-presidência na chapa de Villavicencio, Andrea González Náder, seria a substituta, mas, depois de uma série de reviravoltas, escolheu o jornalista especializado em corrupção, crime organizado e narcotráfico para a nomeação.

    Zurita dividia a redação jornalística com Villavicencio e nos últimos meses vinha trabalhando em sua campanha política, até que, após o atentado, aceitou ocupar o lugar na disputa pela Presidência.

    O Equador realizará seu primeiro turno de eleições extraordinárias no domingo (20).

    Violência política e insegurança assombram o Equador

    O brutal assassinato de Villavicencio, candidato abertamente crítico da corrupção e ex-jornalista investigativo, chocou o país antes das eleições presidenciais e legislativas a serem realizadas no domingo.

    Também chamou a atenção internacional para as poderosas organizações criminosas que conduzem a violência que assola o Equador.

    O suposto atirador morreu sob custódia policial, segundo as autoridades, enquanto seis cidadãos colombianos foram detidos em conexão com o assassinato. Os suspeitos são membros de grupos criminosos organizados, disse o ministro do Interior do Equador, Juan Zapata, citando evidências preliminares.

    A raiz dessa violência política é que o Equador está na “rota da cocaína” da América do Sul para os Estados Unidos e a Europa, ponderou à CNN Jan Topic, um dos vários candidatos à Presidência. Segundo ele, as lacunas nas fronteiras facilitam a atuação de cartéis transnacionais de drogas no país.

    A terrível situação representa uma mudança radical em relação a uma década atrás, quando o Equador era conhecido como um país relativamente seguro. Segundo dados da Polícia Nacional do Equador, a taxa de homicídios em 2016 foi de 5,8 por 100 mil habitantes.

    No ano passado, o número havia disparado para 25,6 — nível semelhante ao da Colômbia e do México, países com longas histórias de violência de cartéis de drogas.

    Além de Villavicencio, outros políticos foram baleados este ano. Na segunda-feira (14), Pedro Briones, dirigente de um partido de esquerda local, foi morto a tiros na província de Esmeraldas, segundo as autoridades.

    No mês passado, Agustín Intriago, prefeito da sexta maior cidade do Equador, Manta, também foi alvejado enquanto conversava com um jovem atleta na rua. E em maio, o candidato eleito Walker Vera foi assassinado pouco antes de assumir o cargo na cidade de Muisne, província de Esmeraldas.

    Agora, organizações criminosas estrangeiras, como cartéis mexicanos, gangues urbanas brasileiras e até a máfia albanesa, estão colaborando com grupos equatorianos, alimentando o conflito, segundo analistas.

    Um relatório publicado em março pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime afirmou que “traficantes dos Bálcãs e membros de grupos criminosos italianos se estabeleceram no Equador para criar linhas de abastecimento para os mercados europeus”.

    A luta contra o crime tem estado no topo da agenda política antes das eleições antecipadas deste ano, e ainda mais desde o assassinato de Villavicencio. Na última semana, os candidatos políticos foram rápidos em insistir em sua abordagem do problema.

    *com informações de Marlon Sorto e Rafael Romo, da CNN

    Tópicos