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    Eleições na Rússia: Saiba quem são três candidatos que se opõem a Vladimir Putin

    Especialistas alertam que Putin enfrenta adversários cuidadosamente selecionados pelo Kremlin e que não representam uma ameaça real à sua legitimidade

    As eleições presidenciais da Rússia começaram nesta quinta-feira (14), no horário de Brasília — 8h de sexta-feira (15), no horário local. Durante três dias, a população russa irá às urnas, podendo dar a Vladimir Putin um quinto mandato no poder.

    Especialistas alertam, contudo, que Putin enfrenta adversários cuidadosamente selecionados pelo Kremlin e que não representam uma ameaça real à sua legitimidade.

    Com a maioria dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados, impedidos de concorrer ou simplesmente com números simbólicos, a vitória do atual chefe de Estado está praticamente garantida, o mantendo no cargo até 2030.

    Quem são os opositores de Putin nas eleições?

    Nikolai Kharitonov

    Membro da Câmara baixa do Parlamento russo, a Duma Estatal, Nikolai Kharitonov é o candidato oficial do Partido Comunista, cujos candidatos terminaram em um distante segundo lugar atrás de Putin em todas as eleições desde 2000.

    Kharitonov, um siberiano de 75 anos, concorreu anteriormente em 2004 e obteve 13,8% dos votos, contra 71,91% de Putin.

    Um instituto de pesquisas estatal disse em fevereiro que sua pesquisa mostrou que cerca de 4% dos russos estavam dispostos a votar nele. A agência de notícias estatal TASS citou o político afirmando que não encontraria falhas no líder do Kremlin.

    “Ele [Putin] é responsável pelo seu próprio ciclo de trabalho, por que eu o criticaria?”, disse Kharitonov, segundo a agência.

    Ele apoia o que Putin chama de operação militar especial da Rússia na Ucrânia, mas no passado se opôs a algumas das políticas internas do partido governante pró-Putin, o Rússia Unida.

    Kharitonov conta com o apoio de Gennady Zyuganov, veterano líder do Partido Comunista, de 79 anos.

    Leonida Slutsksy

    Membro sênior da Duma Estatal, Leonida Slutsky, 56 anos, é o líder do ultranacionalista Partido Liberal Democrático da Rússia (LDPR).

    Ele assumiu como líder permanente do partido depois que o veterano líder incendiário do LDPR, Vladimir Zhirinovsky, morreu, em 2022.

    Slutsky destacou que não apelaria aos russos para votarem contra Putin. “Um voto em Slutsky e no LDPR não é absolutamente um voto contra Putin”, comentou.

    Frequentador assíduo da TV estatal onde expressa opiniões antiocidentais, está tentando explorar a popularidade de seu falecido antecessor entre os russos fazendo campanha no slogan “Zhirinovsky continua vivo.”

    Um instituto de pesquisas estatal pontuou em fevereiro que sua pesquisa mostrou que cerca de 4% dos russos estavam dispostos a votar nele.

    Slutsky preside há muito tempo a comissão de assuntos internacionais do Parlamento. Ele também falouda necessidade de a Rússia vencer a guerra na Ucrânia e da importância de manter baixos os preços dos alimentos.

    Em 2018, um grupo de jornalistas acusou Slutsky de assédio sexual. Uma comissão parlamentar o inocentou.

    Vladislav Davankov

    Vladislav Davankov é vice-presidente da Câmara baixa do Parlamento, a Duma do Estado, e legislador do partido político Novo Povo, que seu pai, um empresário, ajudou a fundar em 2020.

    Aos 40 anos, Davankov é o candidato registado mais jovem, tendo ganho vários prêmios estatais, incluindo um de Putin.

    Ele pontuou que não criticará seus oponentes políticos. Seus principais slogans de campanha são “Sim às mudanças!” e “Hora de novas pessoas!”.

    Davankov tentou se posicionar como alguém que se opõe às restrições excessivas à liberdade pessoal das pessoas e, no contexto da política russa, como alguém que é mais liberal.

    Sem mencionar o nome da Ucrânia, ele ressaltou que é a favor da “paz e das negociações., mas nos nossos termos e sem retrocesso”.

    Um instituto de pesquisas estatal disse em fevereiro que sua pesquisa mostrou que mais de 5% dos russos estavam dispostos a votar nele.

    Candidatos barrados

    Boris Nadezhdin

    Boris Nadezhdin, de 60 anos, tentou realizar uma campanha com base em uma chapa anti-guerra, mas a Comissão Eleitoral Central (CEC) o desqualificou em fevereiro.

    Ele surpreendeu alguns analistas com suas críticas ao que o Kremlin chama de operação militar especial na Ucrânia, algo que chamou de “um erro fatal”, destacando que tentaria encerrar por meio de negociações.

    Os críticos do Kremlin avaliam que Nadezhdin não teria sequer sido autorizado a fazer campanha e recolher assinaturas sem a aprovação das autoridades, algo que ele negou.

    A CEC informou ter encontrado falhas nas assinaturas que ele e os seus aliados recolheram em apoio à sua candidatura, e que algumas eram de pessoas falecidas.

    Assim, segundo a CEC, Nadezhdin não conseguiu reunir as 100 mil assinaturas autenticadas necessárias para se tornar candidato. Desde então, ele contestou, sem sucesso, sua desqualificação na Suprema Corte.

    Yekaterina Duntsova

    A ex-jornalista de televisão Yekaterina Duntsova, 40 anos, queria concorrer à Presidência e apelou ao fim do conflito na Ucrânia e à libertação dos presos políticos.

    Não sendo um nome familiar na Rússia, as autoridades eleitorais a desqualificaram em dezembro, citando “numerosas violações” nos documentos que ela apresentou em apoio à sua candidatura.

    Suas tentativas de contestar a decisão não tiveram sucesso. Quando Duntsova anunciou, em novembro, que queria concorrer, os comentaristas a descreveram como louca, corajosa ou parte de um plano elaborado pelo Kremlin para criar a aparência de competição.

    Morte do principal opositor

    Alexei Navalny, que morreu aos 47 anos em uma colônia prisional do Ártico em fevereiro, era o principal crítico de Putin e queria se tornar presidente da Rússia.

    Os apoiadores de Navalny acusam Putin de ter assassinado o opositor, algo que o Kremlin rejeitou.

    Em vida, Navalny acusou o Kremlin de mantê-lo fora da política, fabricando uma série de processos criminais contra ele, inclusive por fraude e extremismo, para prendê-lo.

    Ele acusou Putin de também tê-lo envenenado em 2020, algo que o presidente negou. O Kremlin classificou Navalny como um extremista apoiado pelos EUA que pretendia desestabilizar a Rússia, que cometeu crimes reais.

    Yulia Navalnaya, sua viúva, apelou aos russos que apoiam o seu falecido marido para que compareçam aos locais de votação ao meio-dia de 17 de março, no horário local, para manifestarem os seus sentimentos. No passado, o Kremlin chamou isso de “provocações”.

    *com informações da Reuters