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    Eleições EUA: 5 coisas para observar no debate de hoje à noite

    Eric Bradner, Gregory Krieg e Dan Merica, , da CNN

    Sentados a 3,5 metros de distância, o vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence e sua rival democrata, a senadora da Califórnia Kamala Harris, se encontrarão em Utah na noite desta quarta-feira (7) para o único debate entre candidatos à vice-presidência do país.

    O confronto vem com as maiores apostas já feitas em um debate vice-presidencial em tempos recentes, em parte porque o diagnóstico de coronavírus do presidente Donald Trump não deixou claro se e como debates presidenciais adicionais ocorrerão.

    Também marcará um momento histórico, já que Harris se torna a primeira mulher negra e de origem do sul da Ásia a participar de um debate de campanha presidencial para as eleições gerais.

    E acontece em um momento caótico em Washington. O coronavírus está se espalhando rapidamente pela Casa Branca de Trump e entre seus principais aliados de campanha. Na terça-feira (6), Trump interrompeu abruptamente conversas sobre o pacote de estímulo à economia com a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

    Pence e Harris compartilham suas chapas com dois dos homens mais velhos para concorrer à presidência (Trump, de 74 anos, e o candidato democrata de 77 anos, Joe Biden), o que reforça a importância de seus papéis como o segundo nome na linha de comando. 

    Barreiras de distância e acrílico

    O debate será realizado com medidas adicionais de segurança, em relação ao que opôs Trump e Biden em 30 de setembro.

    Em resposta à disseminação do coronavírus dentro da Casa Branca, e ao fato de que Pence estava em um evento que aparentemente foi a gênese da pandemia na Casa Branca, os organizadores do debate implementaram uma série de mudanças em seus protocolos de segurança, incluindo o posicionamento de Pence e Harris a mais de 3,5 metros de distância, o uso de uma barreira de acrílico entre os candidatos e a exigência de que todos na plateia usem máscaras.

    Os riscos de contaminação pelo coronavírus durante o debate levaram alguns democratas a questionar por que a disputa estava acontecendo, principalmente devido à proximidade de Pence com aqueles que recentemente tiveram resultado positivo para o vírus. Jesse Schonau, o médico de Pence, disse em comunicado na terça-feira (6) que o vice-presidente não precisaria ficar em quarentena porque ele não era um “contato próximo” de ninguém com resultado positivo, conforme o protocolo definido pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Pence teve vários testes de coronavírus negativos.

    Mas as mudanças no formato vão deixar claro o que Pence – que preside a força-tarefa do governo para o coronavírus – e a campanha de Trump estão tentando evitar: a pandemia afetou quase todos os aspectos da vida norte-americana, incluindo a maneira como o país realiza debates políticos.

    A equipe de Pence questionou a instalação de barreiras de acrílico ao seu redor no debate e relutou em concordar com seu uso.

    Mas a resistência deles destacou como a campanha de Trump quer evitar a onipresença do coronavírus e a preocupação entre alguns na órbita do presidente de que isso possa abrir um precedente para os próximos debates entre Trump e Biden.

    Desafio de Harris no coronavírus

    Trump tentou tratar seu diagnóstico de Covid-19 e sua suposta recuperação como um bônus. Em sua narrativa, ele é um líder destemido que enfrentou o vírus e triunfou, estabelecendo um modelo de bravura em face de uma pandemia.

    Ele não fez nenhuma menção àqueles de seu círculo íntimo que adoeceram, nem aos outros membros da equipe da Casa Branca (profissionais políticos e apartidários) que estão doentes agora. A empatia pelos mais de 210 mil americanos que morreram da doença, e pelas famílias deles, também esteve ausente de suas declarações públicas.

    Para Kamala Harris, o desafio é usar esse palco massivo e traçar uma linha (clara o suficiente para qualquer pessoa ver e, por isso, impossível de ignorar) entre a forma como Trump lidou com a pandemia como presidente e o crescente fiasco de seu governo.

    Ela deve fazer isso mesmo que ataques pessoais a Trump, enquanto ele está lutando contra o vírus, possam acarretar algum risco potencial. Joe Biden havia feito esse alerta na segunda-feira (5), embora a infecção de Trump seja em grande parte resultado de sua própria recusa em seguir os procedimentos de segurança padrão.

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    Pence precisa projetar calma

    Foi uma semana caótica para a campanha de Trump, pontuada pelo próprio presidente com um teste positivo para o vírus e por três dias de internação no hospital, mas começando com um debate frenético entre o presidente e Biden.

    Os objetivos de Pence no debate de hoje à noite são projetar uma calma que Trump não foi capaz de sinalizar na semana passada, e ao mesmo tempo defender o manejo da pandemia pelo governo e divulgar a mensagem da campanha de Trump de que o vírus não deveria dominar a vida norte-americana.

    É uma tarefa difícil: mais de 210 mil americanos morreram com o vírus, pequenas empresas em todo o país foram dizimadas e a perspectiva de mais estímulos econômicos para os norte-americanos foi rejeitada na noite de terça-feira (6), quando o presidente pediu aos republicanos que abandonassem as negociações com os democratas, afundando o mercado de ações.

    No entanto, de acordo com pessoas que conhecem bem Pence, ou que debateram com ele no passado, o vice-presidente é um dos políticos mais hábeis em redirecionar uma pergunta para um tópico que deseja enfocar.

    “Mike é um bom debatedor”, disse John Gregg, um democrata de Indiana que foi para a faculdade de direito com Pence e concorreu contra ele para governador em 2012. “Ele é um mestre em não responder as perguntas que o incomodam, girando em torno dos pontos de discussão”.

    Harris e os fantasmas das políticas anteriores   

    Harris entrou nas primárias presidenciais democratas como partidária do “Medicare para Todos”, o plano nacional de seguro saúde redigido e defendido por seu concorrente, o senador Bernie Sanders, de Vermont.

    Quando ela desistiu, em dezembro de 2019, a senadora da Califórnia havia recuado desse apoio e divulgado seu próprio plano, que previa a transição para um programa administrado pelo governo em dez anos, mas permitindo a participação de seguradoras privadas.

    Agora ela está defendendo Biden e sua proposta de fortalecer o Affordable Care Act (também conhecido como Obamacare) e criar uma opção pública em cima dele.

    Trump e Pence não têm um plano de saúde próprio com credibilidade, mas isso não impedirá o vice-presidente de tentar pintar Harris como uma ferramenta da “esquerda radical” por causa de seu apoio inicial ao Medicare para Todos e de sua própria proposta. Sua capacidade de sair dessa conversa e entrar em uma conversa sobre as políticas do governo atual, tanto sobre a pandemia quanto ao apoio a um processo que ameace o Obamacare, pode ser um momento decisivo.  

    Perguntas não respondidas

    No primeiro debate presidencial, Biden não respondeu diretamente a uma pergunta sobre se apoiaria o aumento do número de juízes da Suprema Corte. Ele também não respondeu se apoiaria (caso os democratas obtenham o controle do Senado) a abolição da obstrução.

    Trump não conseguiu obter respostas de Biden, mas Pence pode tentar pressionar Harris sobre essas questões e argumentar que a chapa Biden-Harris está em dívida com a ala progressista do Partido Democrata, que buscou as mudanças.

    Enquanto isso, Pence pode ter que responder aos tuítes tortuosos de Trump na terça-feira sobre um estímulo econômico. O presidente acessou o Twitter para anunciar que havia encerrado as negociações com Pelosi sobre um enorme pacote econômico. Então, horas depois, ele tuitou “Verdade!” em resposta ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, defendendo mais ajuda financeira do Congresso.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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