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    Eleições 2024 e retaliações: confira 6 lições da participação de Trump na CPAC

    Em primeira fala pública desde que deixou a presidência, Trump cobra ‘retaliação’ contra os que votaram pelo seu impeachment no Congresso

    Eric Bradner e Michael Warren, da CNN

    O ex-presidente Donald Trump transformou a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), no domingo à noite (28), em seu primeiro comício pós-presidencial. Em discurso, prometeu expurgar seus inimigos do Partido Republicano e insistentemente falou da eleição para a Casa Branca em 2024.

    Mas antes do discurso de encerramento de Trump na reunião conservadora anual, que foi realizada este ano em Orlando, na Flórida, outros republicanos com ambições presidenciais dentro do partido tentaram surfar na mensagem populista de Trump. O grupo ecoou as queixas do ex-presidente contra as grandes empresas de tecnologia, a mídia e a “cultura de cancelamento” que estaria sendo promovida pelos liberais. As falas dos republicanos foram um esforço para atrair aqueles que se reconhecem no discurso trumpista do “Make America Great Again”.

    O senador pelo estado do Missouri Josh Hawley pediu o desmembramento das principais empresas de tecnologia. Já a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, falou sobre a batalha cultural em torno da estátua dos fundadores, cuja demolição é defendida por alguns por homenagear o passado escravista americano.

    O senador da Flórida Rick Scott prometeu que, como presidente de campanha do Partido Republicano no Senado, não iria intervir contra candidatos pró-Trump nas primárias. O senador do Texas Ted Cruz disse que o Partido Republicano “não é apenas o partido dos clubes de campo”, uma resposta branda a Trump por estar transformando a base do partido em uma coalizão predominantemente branca, rural e de classe trabalhadora. O próprio ex-presidente vive atualmente em um clube privado de sua propriedade.

    Estas são as seis lições do CPAC 2021:

    Trump mira rivais do próprio partido e acena à corrida presidencial de 2024

    Trump dedicou grande parte de seu discurso, que durou mais de 90 minutos, a alegações sem provas sobre fraude eleitoral.

    Ele também sugeriu, de forma repetida, que poderia se candidatar à presidência novamente em 2024. Deixou claro também que seu foco político, no curto prazo, será exigir uma retaliação contra os 17 republicanos no Congresso que votaram pelo seu impeachment na Câmara ou para condená-lo no Senado após a invasão ao capitólio, no dia 6 de janeiro.

    Trump nomeou cada um desses republicanos, deixando por último a deputada do Wyoming, Liz Cheney, a quem chamou de “promotora da guerra”. Ele disse que todos os 17 deveriam ser eliminados das primárias de 2022.

    “Livrem-se de todos eles”, disse o ex-presidente aos conservadores presentes.

    Trump concluiu seu discurso prevendo que, nos próximos anos, “um presidente republicano fará um retorno triunfante à Casa Branca”.

    “E eu me pergunto quem será”, disse ele, em uma clara sugestão de que irá para uma terceira campanha em 2024. “Eu me pergunto quem será. Quem? Quem? Quem será? Eu me pergunto.”

    Trump ganha eleição não oficial e DeSantis fica em segundo

    Os resultados da famosa eleição do CPAC para indicar informalmente um nome do Partido Republicano para 2024 foram anunciados na tarde de domingo. Sem surpresas, a maioria dos participantes (55%) é a favor de Trump para 2024. Essa é a primeira vitória de Trump na votação não oficial promovida pelo CPAC.

    O governador da Flórida, Ron DeSantis, ficou em segundo lugar, com 21%. A governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, ficou em terceiro lugar, mas distante dos dois primeiros, com 4% da preferência do público.

    Mas nem tudo são flores para Trump: enquanto 97% disseram que aprovavam o trabalho que ele fez como presidente, cerca de um terço da multidão conservadora não estava ansiosa para apoiar Trump dentro do partido para concorrer em 2024, ainda que esses conservadores fossem simpatizantes do ex-presidente. Apenas 68% disseram que queriam que ele concorresse à presidência novamente em 2024. Outros 15% disseram que não queriam que Trump concorresse e 17% disseram que não tinham certeza.

    Como pesquisa informal e não científica, a eleição do CPAC pode servir como um termômetro para o partido ou uma demonstração da sua força como organização política conservadora. Enquanto Mitt Romney ganhou quatro vezes seguidas entre 2007 e 2012 para as eleições de 2012, Trump não ganhou nenhuma das quatro votações pré-2016, antes de sua própria indicação à corrida presidencial.

    Em uma segunda enquete para a presidência, da qual o nome de Trump foi excluído, DeSantis ficou na frente, contando com sua popularidade em Orlando. O governador da Flórida teve 43% de apoio. Noem terminou em segundo lugar com 11%, seguido por Donald Trump Jr. com 8%. O ex-secretário de estado Mike Pompeo e o senador do Texas Ted Cruz ficaram com 7% cada.

    Nenhum dos outros participantes superou os 3% em nenhuma das pesquisas. Tanto na enquete que incluiu Trump quanto na que o excluiu, o ex-vice-presidente Mike Pence ficou com apenas 1%.

    Resultados das eleições

    No mundo real, a eleição de 2020 foi conduzida de maneira justa – embora os resultados tenham sido contados lentamente em alguns estados por conta da adaptação que precisou haver para o recebimento de cédulas por correio em meio à pandemia. E o presidente Joe Biden venceu com larga margem. Mas no palco principal do CPAC, em Orlando, durante os painéis de debate, as falas promovidas por Trump sobre fraudes no resultado foram ecoadas como verdade ainda antes de o próprio ex-presidente repeti-las durante seu discurso, no domingo à noite.

    “Houve fraude generalizada em muitos estados, principalmente nas grandes cidades administradas pela máquina democrata. Isso é fato”, disse Matt Schlapp, presidente da União Conservadora dos Estados Unidos e organizador do CPAC, horas antes Trump falar no domingo. (A “fraude generalizada” não é um fato.)

    O presidente-executivo de uma das maiores indústrias alimentares da América, Goya Foods, Robert Unanue, afirmou, no início do dia, que Trump é “o verdadeiro, o legítimo e o ainda atual presidente dos Estados Unidos”. (Biden é presidente. Trump, não.)

    Josh Hawley, o senador republicano do Missouri que se opôs à certificação de votos do colégio eleitoral de estados decisivos e tentou anular os resultados das eleições de 2020, gabou-se de seus esforços, alegando que estava defendendo a “integridade eleitoral”. (Suas ações, se tivessem sido bem-sucedidas, teriam retirado os votos de dezenas de milhões de eleitores.

    Cruz faz pouco da viagem de Cancún

    Dias depois de Ted Cruz ser descoberto fugindo para Cancun para escapar de uma tempestade de neve e da calamidade pública que se instalou depois de cortes de energia e água em seu estado natal, o senador do Texas contou o fato com se fosse uma piada.

    “Devo dizer que Orlando é incrível. Não é tão bom quanto Cancun – mas é bom”, disse ele logo no início do seu discurso no CPAC, na sexta-feira (26).

    O comentário ilustra a rapidez com que Cruz transformou o que parecia ser um episódio embaraçoso e prejudicial em uma piada e um golpe contra a imprensa, que muito falou sobre a atitude do senador. E se as risadas e aplausos da multidão fossem uma indicação do que as pessoas realmente pensam sobre o que aconteceu, Cruz terá escapado politicamente de Cancun ileso, ao menos dentro da sua base conservadora.

    Noem e DeSantis se destacam

    Uma estrela do CPAC deste ano pode ter sido a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, que foi um dos únicos oradores a articular uma visão de conservadorismo. Embora aliada fiel de Trump e aderente a suas afirmações, a governadora buscou definir mais amplamente os princípios do partido.

    “Devemos articular mais de perto com o povo americano e deixar claro que somos os únicos que os respeitamos como seres humanos”, disse Noem. “Que somos os únicos que acreditam que o povo americano tem os direitos dados por Deus. Não estamos aqui para dizer a você como viver sua vida. Nem para tratá-lo como uma criança porque você vai à igreja ou como um criminoso porque você se defende.”

    Ela se gabou das restrições frouxas de circulação que seu estado estabeleceu em combate ao coronavírus, e ecoou as reclamações de Trump sobre as tentativas de remover a estátua que homenageia aos fundadores do Monte Rushmore. Ela caracterizou os movimentos como esforços para usar as falhas dos fundadores – como a propriedade de escravos – “para condenar seus ideais e a maior Constituição que o mundo já viu.”

    Noem, Hawley e Cruz estavam entre os candidatos a 2024 que tiveram a melhor recepção do público. Outra figura popular em Orlando é DeSantis, que deu o pontapé inicial na sexta-feira de manhã com uma mensagem que previa o que estava por vir nos dias seguintes: A conferência focou mais na vontade de lutar contra a esquerda e menos nas diferenças políticas entre os membros do partido.

    “Agora, qualquer um pode falar como conservador. Podemos nos sentar e ter debates acadêmicos sobre a política conservadora”, disse DeSantis. “Mas a questão é, quando as coisas esquentarem, quando a esquerda vier atrás de você: você vai ficar forte ou vai desistir?”

    Pouca menção a Biden

    A nova administração Biden foi uma pauta menos importante ao longo do evento. A crítica mais contundente a Biden foi feita exatamente pelo seu antecessor imediato.

    “Joe Biden teve o primeiro mês mais desastroso de qualquer presidente da história moderna”, disse Trump. “O governo Biden já provou que eles são contra empregos, contra a família, contra fronteiras, contra energia, contra mulheres e contra a ciência. Em apenas um mês, fomos da América em primeiro lugar para a América por último.”

    Os ataques de Trump a Biden foram outra norma quebrada pelo ex-presidente, que não está seguindo a prática de ex-presidentes anteriores de ficar quieto nos estágios iniciais do mandato do novo presidente. Trump também foi o único orador importante a fazer uma crítica profunda a Biden.

    Nos momentos em que os demais palestrantes do evento citaram o atual presidente foi para chamar Biden de fraco, ineficaz e sob o controle da esquerda do Partido Democrata. Cruz, por exemplo, mencionou “Joe Biden e os radicais em seu governo”.

    Enquanto Pompeo criticou as medidas de política externa do governo Biden, vários oradores se concentraram em assuntos relacionados à defesa da família e à guerra cultural.

    “Joe Biden e seus aliados no Congresso estão prometendo dizimar a Segunda Emenda e destruir a promessa de liberdade que é a América”, disse Wayne LaPierre, CEO da financeiramente problemática National Rifle Association, no domingo.

    Texto traduzido. Leia o original em inglês.

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