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    Egito fechou passagem de Rafah na fronteira com Gaza? Entenda

    Único ponto de entrada ou saída da Faixa de Gaza que Israel não controla, a passagem esteve fechada durante grande parte da semana passada, impedindo a saída de civis e a entrada de ajuda humanitária

    Vista de caminhões com ajuda humanitária para os palestinos, enquanto aguardam a reabertura da passagem de Rafah para entrar em Gaza
    Vista de caminhões com ajuda humanitária para os palestinos, enquanto aguardam a reabertura da passagem de Rafah para entrar em Gaza 16/10/2023REUTERS/Stringer

    Da CNN

    A passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito, é o único ponto de entrada ou saída para a Faixa de Gaza no momento.

    Todos os outros acessos fronteiriços são controlados por Israel e foram fechados no “cerco” imposto contra os palestinos após o ataque surpresa do grupo radical islâmico Hamas em 7 de outubro.

    Mesmo assim, a passagem de Rafah esteve fechada durante grande parte da semana passada. Nem os moradores de Gaza nem os cidadãos estrangeiros conseguiram atravessá-la.

    No lado egípcio, se acumulam suprimentos de ajuda humanitária para os palestinos que sofrem sem água, sem eletricidade e sem combustível. No lado palestino, civis locais e estrangeiros aguardam na esperança de deixar a área do conflito.

    Três lados

    Para que a passagem volte a funcionar normalmente, é preciso que as negociações avancem entre Egito, Israel e autoridades palestinas.

    As negociações incluem termos para a saída de estrangeiros, a chegada de ajuda humanitária em Gaza e para a libertação de reféns israelenses em poder do Hamas.

    VÍDEO – Brasileiros aguardam na fronteira com Egito

    Entre os civis que esperam a abertura da passagem estão um grupo de brasileiros que desejam ser repatriados.

    Neste momento, o Brasil trabalhar para retirar da área de conflito um grupo de 32 pessoas. São:

    • 22 brasileiros,
    • sete palestinos com visto temporário ou de autorização de residência no Brasil,
    • e três palestinos parentes desses brasileiros.

    Essas pessoas estão na cidade de Rafah e também em Khan Yunis, no Sul de Gaza.

    À espera de autorização

    Depois de atravessar a passagem para o Egito, o plano é que os brasileiros sejam deslocados para o Aeroporto de El Arish, onde embarcariam em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma aeronave modelo VC-2, disponibilizada pela Presidência da República, aguarda autorização em Roma, na Itália, para ir ao país africano.

    “Nossa prioridade absoluta é retirar os brasileiros, mas para eles e outros cidadãos estrangeiros possam sair de Gaza tem que haver um entendimento entre três atores fundamentais: Israel, Egito e as autoridades de fato em Gaza, que é o Hamas”, disse o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, responsável por acompanhar as negociações com o Egito sobre a retirada de brasileiros da Faixa de Gaza.

    Segundo a embaixada brasileira no Egito, as tratativas para a abertura da passagem continua. A autorização depende de acerto Israel, Egito e autoridades de Gaza – o que ainda não ocorreu, destacaram fontes diplomáticas à analista da CNN Jussara Soares.

    VÍDEO – Egito diz que passagem está aberta

    Em entrevista à CNN no sábado (14), o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry, deixou claro que o lado egípcio da passagem sempre esteve aberto, mas que os ataques aéreos israelenses danificaram tanto a estrutura de estradas no lado palestino que a passagem se tornou “inoperável”.

    “A passagem de Rafah está oficialmente aberta do lado egípcio, esteve aberta o tempo todo”, disse Shoukry.

    O ministro disse que, se os cidadãos estrangeiros em Gaza conseguirem passar pela passagem de Rafah, o governo egípcio ajudará a facilitar os voos para levá-los a seus países de origem.

    “Se todos os procedimentos tiverem sido devidamente seguidos, e eles tiverem verificado seus documentos no lado de Gaza para atravessar, iremos fornecer-lhes todas as facilidades, em cooperação com as suas embaixadas, para levá-los”, disse Shoukry.

    Ele ainda acrescentou que o Egito tentou trabalhar com as Nações Unidas para enviar ajuda humanitária a Gaza, mas não recebeu a autorização adequada para fazê-lo.

    “Defendemos a necessidade de respeitar o direito humanitário internacional, a necessidade de abordar as preocupações e as circunstâncias muito difíceis que os civis palestinos enfrentam. Precisamos de maior proteção para que os civis não fiquem sob fogo”, disse Shoukry.

    Segundo um funcionário palestino informou à CNN, os danos causados na infraestrutura palestina por ataques aéreos israelenses contribuíram para o atraso na abertura da fronteira, e o receio de novos ataques nas proximidades “interrompeu quaisquer esforços para reparar os danos sofridos por ataques aéreos anteriores”.

    As preocupações do Egito

    No entanto, declarações da imprensa do país e do presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, demonstram uma cerca preocupação do país com a possibilidade da passagem de Rafah se tornar uma rota de fuga superlotada de refugiados palestinos.

    Mais de 2 milhões de palestinos vivem em Gaza, e o Egito não consegue abrigá-los caso todos tentem fugir da área devastada pelo conflito com Israel.

    Abdel Fattah el-Sisi ainda pontuou outra preocupação em pronunciamento na quinta-feira (12): a de que a fuga dos palestinos leve a uma ocupação israelense do território.

    “Há um perigo” quando se trata de Gaza, disse ele, “um perigo tão grande, porque [a saída dos palestinos de Gaza] significa o fim desta causa [a causa palestina]… É importante que o povo [de Gaza] permaneça de pé e nas suas terras”.

    Israel nega acordo para abrir a passagem

    Em comunicado na manhã desta segunda, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou que existam quaisquer acordos para a abertura da passagem de Rafah: “No momento não há cessar-fogo nem assistência humanitária para a Faixa de Gaza em troca da saída de estrangeiros.”

    Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, voltou a falar sobre as negociações envolvendo Rafah e disse que não houve progresso significativo. Ele culpa Israel pela continuidade do bloqueio.

    “O governo israelense ainda não se posicionou, o que permitiria a abertura da passagem do lado da Faixa de Gaza, permitindo a entrada de ajuda ou a saída de cidadãos de outros países”, afirmou.

    Hamas pede abertura para ajuda humanitária

    O Hamas pediu, nesta segunda-feira, para o Egito abrir a passagem de Rafah para que ajuda humanitária possa entrar em Gaza e os feridos possam ser receber cuidados médicos.

    “Mencionamos especificamente os nossos irmãos no Egito e pedimos um movimento regional e internacional para abrir a passagem de Rafah e permitir a entrada de ajuda para o nosso povo em Gaza e para transferir os feridos para tratamento”, disse o grupo radical islâmico em uma mensagem no Telegram.

    VÍDEO – Crise humanitária em Gaza

    A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a Faixa de Gaza está sendo “estrangulada” pelo cerco e pelos ataques aéreos de Israel há mais de uma semana.

    Desde o ataque surpresa do Hamas no último dia 7 de outubro, o país impôs um “cerco total”, cortando o fornecimento de eletricidade e de água no território palestino e intensificando os ataques aéreos contra Gaza.

    Grupos de direitos humanos alertam que o cerco total imposto por Israel impedindo que bens essenciais entrem em Gaza viola o direito internacional. Civis e autoridades palestinas alertam que o suprimento de alimentos, água e combustível estão acabando.

    Os esforços diplomáticos para estabelecer um corredor humanitário e enviar suprimentos desesperadamente necessários para Gaza se intensificam a medida que os 2,3 milhões de habitantes da faixa costeira começam a sofrer com a falta de água potável, alimentos, combustível e medicamentos.

    As agências humanitárias alertam que essa situação pode resultar numa crise humanitária sem precedentes.

    “Gaza está sendo estrangulada e parece que o mundo neste momento perdeu a sua humanidade”, disse o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras, Philippe Lazzarini, num apelo urgente para que Israel permita que a ajuda humanitária entre no território. “Sabemos que água é vida – Gaza está ficando sem água e Gaza está ficando sem vida.”

    Lazzarini disse que Israel não permitiu a entrada de “nem uma gota de água, nem um grão de trigo, nem um litro de combustível” em Gaza nos últimos oito dias e as pessoas presas no território densamente povoado estão desesperadas.

    Cinco caminhões de gasolina vazios da ONU estão esperando no lado da fronteira de Gaza na esperança de cruzar para o Egito e reabastecer, disse um oficial palestino responsável pela passagem da cidade de Rafah à CNN nesta segunda-feira (16).

    “Há cinco caminhões de gasolina vazios vindos de Gaza, com bandeiras da ONU, tentando entrar no Egito para abastecer, mas os portões estão fechados”, relatou o responsável.

    “Não recebemos nenhuma ordem dos egípcios para abrir os portões. Esses caminhões estão de prontidão. Há grupos de pessoas esperando ao lado desses caminhões. Nada está aberto”, disse o funcionário.

    O responsável afirmou que “nada passou pelo Egito” ainda, apesar de vários caminhões estarem no lado egípcio da fronteira na esperança de atravessar para entregar abastecimentos a Gaza.

    Veja imagens do conflito entre Israel e Hamas

    *Publicado por Fernanda Pinotti, com informações da CNN Internacional