É aterrorizante quando os talibãs se aproximam, diz enviado da CNN ao Afeganistão
Segundo o jornalista Lourival Sant’Anna, os talibãs podem ser doces, suaves, educados, e paternais, ao mesmo tempo cruéis, perversos, violentos, hostis
A tomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelo Talibã está perto de completar um mês, e o enviado especial da CNN Brasil à cidade, Lourival Sant’Anna, relata o dia a dia da população afegã sob o comando do grupo.
Ele afirma ser “aterrorizante” quando os militantes do grupo estão por perto, pois é um movimento que não tem regras definidas. “Eles chegam e se comportam de acordo com que cada um considera ser correto agir. Eles têm grande autonomia e por isso é muito difícil prever como vão se comportar”, diz Lourival.
Segundo o jornalista da CNN, os talibãs podem ser doces, suaves, educados, e paternais, ao mesmo tempo cruéis, perversos, violentos, hostis. “Essa imprevisibilidade contribui para o controle da população. Não existem regras nem direitos.”
O grupo extremista anda pelas ruas do país com o fuzil AK-47, venerado por guerrilheiros de todo o mundo. “É uma arma fabricada amplamente na China e distribuída pelos bazares de armas da Ásia, África e América Latina.”
Imprensa
Questionado sobre como é ser jornalista no país, Lourival explica que é preciso pedir permissão aos talibãs toda vez que a imprensa vai filmar, por exemplo.
“Eu estou vestido como um afegão, sou um homem considerado mais velho, sou tratado como uma certa deferência por causa da barba branca, mas estou falando uma língua estrangeira. Os talibãs certamente entendem que é importante deixar a imprensa trabalhar, desde que não estejamos cobrindo protestos, coisas desagradáveis, é claro.”
Pandemia de Covid-19
O Afeganistão tem uma população de 38 milhões de habitantes e apenas 400 mil estão completamente imunizados contra o novo coronavírus. As vacinas utilizadas no país são a Coronavac e a AstraZeneca. Poucas pessoas usam máscara de proteção para evitar o contágio da doença.
“As pessoas aqui não usam máscara, assim como não usam cinto de segurança ou capacete, por exemplo. Elas convivem com o risco. Foram tantas guerras, aqui é um campo minado”, contou Lourival.
Há dois meses o país enfrentou uma quarentena rígida que durou um mês. Segundo dados oficiais, a medida diminuiu muito o número de casos.
Publicado por Guilherme Venaglia