Dificuldades em campo de batalha limitam contraofensiva da Ucrânia
Soldados lutam em campos minados e sob artilharia intensa da Rússia, que frustra expectativas de recuperação rápida de territórios ocupados pelas forças de Putin
A contraofensiva ucraniana para retomar os territórios ocupados pela Rússia não está avançando na velocidade que alguns analistas esperavam.
Equipadas com armamentos ocidentais, as tropas de Kiev estão sendo contidas pela bem estruturada linha de defesa russa.
Os ucranianos enfrentam muitas dificuldades, sendo forçados a lutar em campos minados e sob intenso fogo de artilharia. Mas parte do problema está relacionado às ambições que foram criadas nos últimos meses.
O sucesso das vitórias muito rápidas para liberar as cidades de Kherson e Kharkiv criou a falsa expectativa de que a contraofensiva ucraniana poderia ter resultados muito rápidos.
Isso ocorreu também após a Ucrânia receber muitos armamentos ocidentais e incorporar dezenas de milhares de soldados treinados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
No entanto, a expectativa não está se tornando realidade no campo de batalha.
Os militares ucranianos continuam demonstrando muita motivação para derrotar o inimigo, mas a tática de Moscou parece cada vez mais clara: manter as linhas de defesa pelo máximo de tempo possível, tentando vencer os ucranianos e seus aliados ocidentais pelo cansaço.
O presidente russo, Vladimir Putin, aposta que a união inédita dos países da Otan, da União Europeia e do G7 pode começar a sofrer abalos diante de uma guerra longa e muito cara.
E os militares ucranianos, assim como o seu presidente, Volodimir Zelensky, continuam pedindo ainda mais ajuda ocidental.
CNN tem enviado especial na Ucrânia
“Em uma guerra moderna, ninguém ataca sem aviação. Não temos aviação e esse é um problema muito grande. Por isso também acho que a contraofensiva está dando certo, sim, e deve continuar um pouco além do verão”, diz o comandante de um pequeno pelotão avançado ucraniano, na linha de frente da batalha.
Enquanto a guerra se arrasta e fica cada vez mais sangrenta, os dois lados também começam a se movimentar para tentar atrair o apoio diplomático do chamado ‘Sul Global’, os grandes países em desenvolvimento.
Nesta semana, tanto Ucrânia como Rússia disseram que querem discutir propostas de paz com esse grupo de nações, incluindo o Brasil.
A Ucrânia vai promover uma conferência para apresentar e tentar o apoio de mais países ao plano de paz do presidente Volodimir Zelensky.
A Rússia rebateu imediatamente, dizendo que pretende discutir propostas apresentadas por chineses e africanos.
No entanto, nem Moscou nem Kiev deram indicações de que pretendem ter conversas diretas entre seus governos para tentar dar fim ao conflito.
*Publicado por Pedro Jordão, da CNN