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    Desabamento na Flórida pode levar meses para ser esclarecido, diz especialista

    Ao menos 159 moradores de prédio na Flórida estão desaparecidos, mas ainda não se sabe quantos estavam no complexo no momento do colapso parcial da estrutura

    Aya Elamroussi e Hollie Silverman, da CNN

     

    Dois dias após o colapso parcial catastrófico de um prédio residencial no sul da Flórida, as autoridades continuaram focadas na busca pelas dezenas de pessoas que se acredita estarem sob a montanha de escombros, enquanto um especialista sugeriu que pode levar meses até que as causas do desastre seja conhecida.

    Enquanto os familiares ansiosos esperavam por notícias – e a busca continuou durante a noite – as autoridades pediram um sentimento poderoso: Esperança.

    “Tenho esperança porque nossos socorristas me disseram que têm esperança”, disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, à CNN. “São eles que estão no local. Eles estão nos túneis; estão na água; estão no topo da pilha de entulho. Eles estão ajudando a filtrar usando as câmeras, os cães, o sonar e eles dizem que têm esperança.”

    Emocionado, o chefe dos bombeiros de Miami-Dade, Andy Alvarez, ecoou o sentimento em uma entrevista a Wolf Blitzer, da CNN. “Sempre há esperança”, disse ele. “Estamos fazendo tudo o que podemos para encontrar as pessoas vivas.”

    O número de mortos no colapso parcial do Champlain Towers South em Surfside, na Flórida, subiu para pelo menos quatro na sexta-feira depois que três pessoas foram encontradas mortas nos destroços, disse o chefe-assistente dos bombeiros de Miami-Dade, Raide Jadallah. Pelo menos uma pessoa foi confirmada como morta na quinta-feira.

    Três das quatro vítimas já foram identificadas, de acordo com a Emma Lew, diretora do Departamento de Medicina Legal do Condado de Miami-Dade. Uma vítima morreu em um hospital. Nenhuma outra informação foi fornecida na sexta-feira (25).

    Cerca de 55 das 136 unidades do prédio a poucos quilômetros ao norte de Miami Beach desabaram por volta da 1h30 de quinta-feira, deixando enormes pilhas de entulho no chão e materiais pendurados do que restou da estrutura, disseram as autoridades.

    Trinta e cinco pessoas foram resgatadas de partes do prédio que não colapsaram pelos socorristas, disse Jadallah na quinta-feira (24).

    O número de pessoas desaparecidas aumentou de 99 para pelo menos 159, disse Cava na sexta-feira. Ela acrescentou que o número se refere a quem poderia estar dentro do complexo. “Essas são pessoas que talvez vivam lá, mas não sabemos se eles estavam lá no momento [do desabamento]”, disse Cava.

    Um menino brasileiro de 5 anos e seu pai, italiano, estão entre os desaparecidos no colapso do prédio. A informação foi confirmada à CNN pela mãe do garoto, Raquel Oliveira, que havia viajado para o estado do Colorado na quarta-feira (23) para visitar parentes.

    As autoridades não sabem quantas pessoas estavam no prédio no momento do colapso, disse o administrador de Surfside, Andy Hyatt.

    Entre os desaparecidos estão Vishal Patel, sua esposa Bhavna Patel, sua filha de 1 ano, Aishani Patel, e sua sobrinha, disse Sarina Patel à CNN, acrescentando que Bhavna Patel está grávida de quatro meses.

    Sarina Patel disse a Chris Cuomo da CNN na sexta-feira que falou pela última vez com sua família no fim de semana passado.

    Flórida: Mulher reza em frente a mural de fotos de desaparecidos em desabamento
    Mulher reza em frente a mural com fotos de pessoas desaparecidas em desabamento na Flórida
    Foto: Marco Bello – 25.jun.2021/AFP via Getty Images

    “Na verdade, liguei para eles para dizer que tinha acabado de reservar um voo para visitá-los porque eles estavam me pedindo para ver a casa deles e encontrar sua filha. Não a conheci devido à pandemia”, disse Sarina Patel.

    Eles estavam em casa no momento do colapso, disse Sarina Patel a Cuomo. “Tentamos ligar para eles inúmeras vezes e simplesmente não houve respostas, mensagens de texto, nada”, disse ela. “Eles não contataram ninguém.”

    Mistério sobre a causa do colapso

    A causa do colapso permanece desconhecida e um especialista disse à CNN que a conclusão pode levar meses. Kobi Karp, arquiteto e residente de Miami, disse que a engenharia forense será necessária para determinar a causa.

    “Este é um evento que nunca tivemos antes. Você pode olhar para ele; você pode especular como aconteceu. Mas no final do dia, vamos levar meses para descobrir”, explicou.

    Ele acrescentou que uma parte do prédio desabar enquanto a outra está de pé é um “mistério”. “Esta queda é uma situação única e especial”, disse Karp.

    O engenheiro estrutural Kit Miyamoto também falou à CNN na noite de sexta-feira sobre as possíveis causas, incluindo que poderia ser corrosão do metal dentro da coluna, assentamento ou afundamento de uma área de solo em uma taxa diferente de outras, ou uma combinação de diferentes fatores.

    “A questão é por que a coluna falhou?”, afirmou disse. “É realmente difícil um prédio desabar. Há muitas redundâncias no sistema de construção. É por isso que você não vê desmoronamentos como este.”

    Miyamoto destacou que mesmo em lugares como a Califórnia, onde grandes terremotos são comuns, colapsos como esse são extremamente raros.

    Os esforços de busca continuaram ao longo da noite, com equipes do Corpo de Bombeiros de Miami-Dade trabalhando ao lado de três outras forças-tarefa estaduais, disse o chefe dos bombeiros de Miami-Dade, Alan Comisky. Equipes internacionais do México e de Israel chegaram ao local para ajudar na sexta-feira.

    A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema, em inglês) disse que enviou três equipes de busca e resgate urbano para ajudar na busca.

    Além disso, os engenheiros estruturais têm escorado outros lugares – como áreas próximas a uma garagem de estacionamento sob os escombros – para permitir que as equipes façam túneis com maquinário leve.

    “Temos as melhores pessoas, as pessoas certas para o trabalho. As pessoas que estão aqui são altamente qualificadas e treinadas”, disse Cava. “Eles continuam a acreditar que existem pessoas a quem podem ser encontradas.”

    Equipes de resgate buscam sobreviventes em destroços de prédio na Flórida
    Equipes de resgate buscam sobreviventes em destroços de prédio que desabou na Flórida
    Foto: Departamento de Bombeiro de Miami-Dade – 25.jun.2021/Divulgação via Reuters

    Autoridades desconheciam danos estruturais

    Com a causa do desabamento indefinida nesse primeiro momento, as autoridades familiarizadas com o prédio disseram repetidamente que não estavam cientes de problemas que poderiam levar ao seu desabamento.

    Donna DiMaggio Berger, advogada da associação de condomínios Champlain Towers, disse que os membros do conselho não sabiam de nenhuma informação que pudesse prever o desastre de quinta-feira.

    O prédio estava passando por um processo de recertificação de 40 anos e a diretoria sabia apenas o que o relatório de certificação do engenheiro incluía em termos de reparos, disse ela.

    “Coisas típicas que um engenheiro procura em um relatório de certificação em Miami-Dade e no condado de Broward, que são os dois condados que exigem esse tipo de certificação, é uma revisão do telhado, do sistema HVAC, da eletricidade e do encanamento do edifício”, disse Berger à CNN.

    “Mas, certamente, não havia nada de perigoso que foi descrito naquele relatório, nada que teria provado ser um perigo de vida.” Ela reiterou que o prédio era seguro para se morar, pelo que ela e os membros do conselho sabiam.

    O complexo foi construído em 1981, de acordo com registros de propriedades online de Miami-Dade. Os padrões de construção foram reforçados após o altamente destrutivo Furacão Andrew em 1992.

    “O que isso diz a vocês é… nada era previsível, pelo menos não foi visto pelos engenheiros que estavam olhando para o edifício de uma perspectiva estrutural”, disse Kenneth Direktor, advogado da associação de moradores do condomínio, disse à CNN anteriormente.

    Direktor, advogado da associação de moradores do condomínio, disse que o prédio passou por “inspeções de engenharia completas nos últimos meses”, em preparação para o cumprimento da certificação de 40 anos.

    Uma ação coletiva aberta na quinta-feira (24) alega que a associação do condomínio desabado é responsável por “falhas em proteger e salvaguardar” a vida e a propriedade dos proprietários do condomínio.

    Direktor respondeu em nome da associação dizendo: “Não sei o que causou a queda deste prédio… Os engenheiros não sabem ao certo o que causou a queda deste prédio.”

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)