Deputados dos EUA cobram explicações de embaixador por suposto lobby por etanol
Segundo jornal O Globo, Todd Chapman fez gestões junto ao governo brasileiro pela redução de insumo para beneficiar Trump nas eleições
Dois deputados do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos cobraram do embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, explicações sobre a informação divulgada pelo jornal “O Globo”, de que ele estaria fazendo lobby junto ao governo brasileiro para reduzir a zero as tarifas de importação de etanol, com o argumento de que a medida poderia beneficiar a reeleição do presidente Donald Trump. O republicano tem apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já se manifestou publicamente a favor da vitória de Trump em novembro.
Iowa é o maior produtor de etanol dos EUA e um estado chave para as eleições americanas. Segundo as últimas projeções, Trump está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas nacionais e na maioria dos estados que podem decidir a eleição. No atual cenário medido por esses levantamentos, no entanto, apenas uma vitória em Iowa não seria suficiente para selar a reeleição de Trump no colégio eleitoral.
Para os deputados democratas Eliot Engel, presidente da comitê, e Albio Sires, presidente do Subcomitê para o Hemisfério Ocidental, Segurança Civil e Comércio, as alegações atribuídas a Chapman são completamente inapropriadas para um embaixador americano, que, se forem verdadeiras, podem ser uma violação à legislação que impede o envolvimento político de funcionários do governo americano. Os parlamentares deram um prazo até terça-feira para que o embaixador apresente suas explicações, por escrito. Ambos parlamentares são do Partido Democrata.
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“Se você nega estas alegações, por favor, apresente cópias completas e sem supressões de todo e qualquer documento relacionado a qualquer discussão que você tenha tido com funcionários do governo brasileiro, nos ramos Executivo e Legislativo, sobre tarifas de etanol, para assegurar ao Congresso e ao povo americano que nosso embaixador no Brasil está realmente representando os interesses dos Estados Unidos e não os interesses políticos do presidente Trump”, diz a convocação.
Os deputados também se referiram à manifestação de Chapman, que defendeu o direito do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República, de manifestar livremente seu apoio à reeleição de Trump. Para os parlamentares, a resposta do embaixador foi “extremamente decepcionante”. “Enquanto o sr. Bolsonaro tem o direito de se manifestar livremente, é simplesmente inapropriado que oficiais de de governos estrangeiros — em qualquer ramo — promovam as campanhas de candidatos nos Estados Unidos”, afirmam.