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    Democratas se aproximam do controle do Senado nos EUA com corrida no Arizona e Nevada

    Partido só precisa de um assento para manter controle do Senado dos EUA, enquanto todos os olhos se voltam para estado vizinho

    Maeve Restonda CNN

    Com a vitória do senador Mark Kelly no Arizona na sexta-feira (11) à noite, os democratas só precisam de um assento para manter o controle do Senado dos EUA, enquanto todos os olhos se voltam para o estado vizinho, Nevada, onde a corrida está cada vez mais pendendo na direção dos democratas.

    A vitória de Kelly (que foi eleito em 2020 para preencher o mandato do falecido senador republicano John McCain) complementou uma série de vitórias dos democratas na sexta à noite, enquanto os votos continuam a ser meticulosamente contados no oeste do país.

    Kelly derrotou o investidor Blake Masters, que apoiou as mentiras do ex-presidente Donald Trump sobre as eleições de 2020, demonstrando a rejeição dos eleitores de um candidato apoiado por Trump, e que os democratas retrataram como um extremista.

    Até agora, os democratas ocuparão 49 assentos no Senado, e os republicanos, 49 – o que significa que o partido Democrata só precisa de mais uma cadeira para conquistar a maioria no Senado (com a vice-presidente Kamala Harris tendo o voto de desempate).

    Eles podem chegar a esse número crítico de 50 assentos se forem bem-sucedidos em Nevada, onde a senadora democrata Catherine Cortez Masto está se aproximando do republicano Adam Laxalt, ex-procurador geral do estado – que acusou as eleições presidenciais de 2020 de serem “fraudadas” e entrou com ações judiciais em nome de Trump tentando derrubar a vitória de Biden no estado.

    A corrida ao Senado em Nevada está num impasse há meses, mas pode definir o equilíbrio de poderes na casa. Os democratas também estão defendendo uma cadeira na Geórgia, onde o senador democrata Raphael Warnock e o republicano Herschel Walker disputarão o segundo turno no dia 6 de dezembro, segundo projeções da CNN.

    Já o controle da Câmara dos EUA ainda está em aberto. No entanto, já está claro que, mesmo que os republicanos ganhem a maioria, será por uma margem muito mais estreita do que os líderes do partido Republicano esperavam.

    Esse resultado inesperado já gerou recriminações e dúvidas sobre os líderes republicanos, inclusive do líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, que esperava sair dessas eleições com um mandato certo para se tornar o próximo líder da maioria.

    A série de vitórias democratas na sexta à noite marcou uma impressionante virada de sorte para um partido que parecia estar com sérios problemas às vésperas das eleições na terça-feira (8).

    Candidatos como Kelly e Cortez Masto concorreram em meio aos baixos índices de aprovação do presidente Joe Biden, um clima econômico desfavorável (com a inflação e os altos preços do combustível apertando o orçamento de famílias em todo o país) e uma tendência histórica de uma grande derrota nas primeiras eleições de meio de mandato de um novo presidente.

    Porém, este tem sido um ciclo complexo com muitas contracorrentes afetando o comportamento dos eleitores, incluindo a resolução da Suprema Corte dos EUA, em junho, de anular a decisão judicial que permitia o amplo acesso ao aborto, algo que irritou muitos eleitores em todo o país.

    Os republicanos também foram prejudicados pela decisão de Trump de apoiar candidatos da extrema direita que eram leais a ele, mas extremos demais para conquistar eleitores “pêndulo” que acabam decidindo a votação.

    No fim, muitos eleitores independentes e moderados parecem ter rejeitado candidatos considerados extremistas ou muito alinhados com Trump – e os democratas compareceram em massa para proteger seus candidatos em exercício.

    A derrota de Masters no Arizona veio depois que democratas proeminentes, incluindo o ex-presidente Barack Obama, invadiram o estado nos últimos dias da corrida eleitoral para alertar que o destino da democracia do país estava em jogo.

    Os eleitores no Arizona também rejeitaram a candidatura para secretário de estado de Mark Finchem, um deputado republicano negacionista estridente apoiado por Trump. Em vez dele, o democrata Adrian Fontes deve ser eleito o próximo secretário de estado do Arizona, de acordo com projeções da CNN na sexta à noite.

    O único ponto positivo para os republicanos foi em Nevada, onde os eleitores elegeram o republicano Joe Lombardo como o próximo governador do estado e expulsaram o democrata Steve Sisolak, como projetou a CNN.

    Lombardo, o popular xerife do condado de Clark, lembrou os eleitores das dificuldades durante a pandemia de Covid-19, quando o desemprego em Nevada atingiu um pico de quase 30%. Embora a economia tenha se recuperado, Lombardo argumentou que as políticas de Sisolak foram muito restritivas e dificultaram a retomada econômica do estado.

    A exemplo de 2020, alguns republicanos, incluindo Masters, já estão tentando causar controvérsia sobre a contagem de votos no condado de Maricopa, no Arizona – insinuando que a contagem lá não é confiável por causa do manuseio de certas urnas. Tanto Masters como Kari Lake, a candidata ao governo do estado pelo partido Republicano, sugeriram que a apuração está muito devagar.

    Na sexta-feira (11), Masters alegou o mesmo que Lake, chamando o processo de contagem no condado de Maricopa – o maior do Arizona e onde se encontra a cidade de Phoenix – de “incompetente” e destacando um problema com impressoras, o que fez com que algumas urnas não fossem devidamente tabuladas na terça-feira (8), ainda que os agentes eleitorais tenham dito que a questão foi sanada em poucas horas no dia das eleições.

    Masters também acusou o condado de misturar urnas não contabilizadas com outras que já haviam sido contadas. O Comitê Nacional Republicano e o Partido Republicano do Arizona divulgaram uma nota declarando que a eleição “expôs falhas profundas na gestão eleitoral do condado de Maricopa.

    O Arizona merece mais – transparência, certeza, eficiência – e, o mais importante, um anúncio preciso e rápido dos resultados das eleições que possa ser aceito por todos os eleitores.”

    Uma porta-voz do Departamento de Eleições do condado de Maricopa disse a Kyung Lah da CNN que a entidade tem “redundâncias em vigor que nos ajudam a garantir que cada cédula seja contada apenas uma vez”.

    “Como as cédulas são tabuladas por lote, podemos isolar os resultados desses locais específicos e reconciliar os totais com os check-ins para garantir a correspondência. Isso é feito com observadores dos partidos políticos presentes, e é uma prática que está em vigor há décadas”, afirmou a porta-voz.

    Bill Gates, presidente do Conselho de Supervisores do condado de Maricopa, rejeitou a sugestão de Masters de que o condado deveria zerar a apuração e começar a contagem do zero, informando que “isso simplesmente não é permitido pela lei do Arizona”. Gates disse ainda que o ritmo de apuração do condado está alinhado com os anos anteriores.

    Quando perguntado pela CNN sobre as acusações específicas do Comitê Nacional Republicano, Gates respondeu que gostaria de saber dessas preocupações diretamente.

    “Eu sou republicano. Três dos meus colegas no conselho são republicanos. Levantem e discutam essas questões conosco, em vez de fazer acusações infundadas”, comentou.

    “Deixem a contagem continuar e, no final, se houver problemas que queiram levar ao tribunal, eles têm todo o direito de fazer isso, e nós vamos deixar o processo seguir seu curso”, acrescentou Gates.

    Kelly entrou no ciclo de 2022 numa boa posição para resistir aos ventos contrários enfrentados pelos democratas (mesmo em um estado dividido como o Arizona, onde Joe Biden ganhou por pouco) por conta de sua incrível arrecadação de fundos e sua marca pessoal de astronauta aposentado, veterano da Marinha e marido da ex-representante Gabby Giffords.

    Masters, candidato pela primeira vez, conseguiu passar pelas primárias do partido Republicano com um significativo apoio financeiro de Peter Thiel, bilionário do setor de tecnologia e seu ex-chefe. Ele apelou aos republicanos prometendo priorizar as questões de imigração e, em um vídeo de campanha divulgado no ano passado, disse que acreditava que Trump havia vencido as eleições presidenciais de 2020.

    Em seguida, Masters aparentemente modulou seu tom sobre os resultados das eleições de 2020, bem como a posição conservadora que havia adotado durante as primárias sobre o aborto – algo que inicialmente parecia um esforço para apelar para uma faixa mais ampla do eleitorado do Arizona. (Embora os republicanos representem uma pluralidade de votos no Arizona, os independentes compõem cerca de um terço do eleitorado e muitas vezes definem disputas acirradas.)

    Após sua vitória nas primárias em agosto, Masters deletou informações de seu site, incluindo a falsa alegação de que as eleições foram roubadas.

    Ao ser questionado pelo moderador durante um debate com Kelly, Masters admitiu que não tinha visto evidências de fraude na contagem de votos de 2020 ou nos resultados eleitorais que pudessem ter mudado o desfecho.

    Nesse debate e durante sua campanha, Kelly argumentou que as “engrenagens” das “rodas da democracia” poderiam se soltar se negacionistas como Masters fossem eleitos.

    Contudo, Masters pareceu ter voltado atrás depois de receber um telefonema de Trump pedindo para “pegar mais forte” na negação das eleições, uma conversa que foi capturada em um documentário da Fox.

    Na última semana de campanha, Masters disse a Kyung Lah da CNN que não achava que os moderados tivessem ficado incomodados com seus comentários sobre as eleições de 2020, insistindo que os eleitores estavam muito mais preocupados com a inflação, a criminalidade e as fronteiras.

    Ao longo da campanha, Kelly retratou Masters como um candidato que estava fora do “mainstream”, que colocaria em risco o direito ao aborto, bem como a previdência social e o Medicare.

    Em um estado onde os legisladores aprovaram, no início deste ano, uma nova proibição do aborto após 15 semanas de gestação – e onde há esforços legais em andamento para proibir o aborto em quase todos os casos – a campanha de Kelly manteve foco implacável sobre as posições antiaborto de Masters.

    Masters havia dito que apoiaria uma proibição nacional do aborto após 15 semanas, uma proposta que foi apresentada pelo senador republicano da Carolina do Sul Lindsey Graham.

    O projeto de lei inclui exceções nos casos de estupro, incesto, e para proteger a vida da mãe.

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