De volta à campanha, Trump volta a dizer que julgamento foi “fraudulento”
Republicano discursa para multidão de apoiadores em evento em Phoenix, no Arizona, pela primeira vez desde sua condenação
Donald Trump se dirigiu ao público pela primeira vez como um condenado criminalmente nesta quinta-feira (6).
O ex-presidente dos Estados Unidos participou de um evento municipal na igreja Dream City em Phoenix, marcando sua primeira aparição em campanha desde que um júri de Manhattan o considerou culpado por 34 acusações relacionadas a um esquema para subornar uma estrela pornô antes das eleições de 2016.
Trump referiu ao julgamento como “manipulado” nesta quinta-feira (6).
“Acabei de passar por um julgamento fraudulento em Nova York”, disse o republicando no evento da Turning Point Action, no Arizona, provocando vaias da multidão.
“Com um juiz altamente conflituoso, onde não houve crime. Foi inventado, material fabricado. Eles não queriam trazer o caso. Eles poderiam ter instaurado o caso há sete anos. Provavelmente é quando você se candidata, eles trazem casos.”, o empresário acrescentou.
Em seguida, Trump irá à Califórnia para uma campanha de arrecadação de fundos antes de um comício em Las Vegas no domingo (9), o primeiro desde o veredito.
A enxurrada de acontecimentos assinala uma nova fase da campanha de Trump, com o seu caso de Nova Iorque já ultrapassado.
Não mais preso a um tribunal de Manhattan durante a semana, espera-se que Trump intensifique sua atividade pública.
Mas à medida que ele volta à campanha como criminoso condenado, a urgência em relação a Trump tornou-se evidente.
Agora que enfrenta uma sentença no caso do suborno, a sua melhor forma de evitar acusações mais graves nas outras três acusações que enfrenta é convencer os americanos a colocá-lo no cargo novamente.
Os aliados de Trump responderam a este momento da condenação histórica com pedidos crescentes de vingança – tanto logo após o veredito quanto se ele reconquistar a Casa Branca.
O republicano também ameaçou os seus oponentes políticos, dando continuidade à uma retórica retaliatória.
“É um precedente terrível para o nosso país”, disse Trump durante uma entrevista à Newsmax que foi ao ar na terça-feira (4). “Isso significa que o próximo presidente fará isso com eles? Essa é realmente a questão.”
Os comícios tornaram-se um espaço para Trump discutir as suas múltiplas acusações, testar os limites das ordens de silêncio, atacar o sistema judicial e apresentar-se como vítima em uma conspiração para o afastar da Casa Branca.
A campanha do republicano acredita que as mensagens prepararam a base republicana para o resultado do julgamento em Nova York.
Os apoiadores responderam com uma onda sem precedentes de doações que inundaram os cofres da campanha de Trump com 53 milhões de dólares online nas 24 horas após a sua condenação, disseram os seus conselheiros. E os apelos de donativos centrados nas suas condenações continuaram.
Em mensagens de texto enviadas no sábado (1) aos apoiadores, a campanha de Trump enviou um link para doação e escreveu: “Ainda estou de pé. 34 condenações criminais fraudulentas não podem me deprimir.”
Ainda assim, Trump não poderá sair tão cedo da nuvem dos seus crimes nem da incerteza que lançou sobre a sua terceira candidatura à Casa Branca.
A principal incógnita é a forma como o eleitorado em geral reagirá à primeira condenação criminal de um ex-presidente dos EUA.
O evento no Arizona – do qual 11 pessoas foram transportadas para hospitais após relatos de exaustão pelo calor, de acordo com o Corpo de Bombeiros de Phoenix – foi organizado pelo grupo conservador Turning Point Action.
A retomada da campanha de Trump acontece em um momento que os eleitores indecisos ainda poderiam determinar o destino das eleições e ocorre dias depois da última ação do presidente Joe Biden para proteger a fronteira americana.
Biden anunciou na terça-feira (6) uma ação executiva que dá autoridade aos EUA para fechar efetivamente a fronteira com o México para requerentes de asilo que entram ilegalmente quando um limite diário de travessias é excedido.
O democrata e os seus aliados enquadraram a sua nova política como uma atitude face à ausência de ação republicana, observando que Trump ajudou a anular um acordo bipartidário no Senado para libertar novos recursos para proteger a fronteira.
“O povo americano exige soluções para consertar nosso sistema de imigração falido, mas a cada passo do caminho, Donald Trump e os republicanos do Make America Great Again, deixaram claro que só querem o caos e a política partidária como sempre”, disse o porta-voz da campanha de Biden, Kevin Munoz, em um comunicado na terça-feira (4).
Trump aproveitou a oportunidade no Arizona para dar uma resposta extensa à ação de asilo de Biden, prometendo rescindi-la em seu primeiro dia no cargo se vencer em novembro. “
“Joe Biden quer uma invasão. Quero uma deportação”, disse o republicano.
Muitas das observações de Trump centraram-se na imigração, embora o evento tivesse claramente a intenção de reunir também a base republicana em torno da sua recente condenação.
“O presidente Trump provou repetidamente que é uma força absoluta da natureza que os democratas temem mais do que qualquer outra”, disse o fundador da Turning Point Action e aliado de Trump, Charlie Kirk, em comunicado.
“Eles sabem que Joe Biden não pode vencê-lo em uma luta justa, então transformaram vergonhosamente o sistema de justiça em uma arma.”, acrescentou.
A campanha de Trump, porém, não estava preocupada que o ex-presidente pudesse ofuscar a mensagem sobre a imigração ao concentrar-se nas suas batalhas legais.
Pessoas foram levadas para hospitais após exaustão pelo calor
Em Phoenix, no Arizona, o calor extremo não impediu os apoiadores de Trump de esperar horas na fila pelo evento Turning Point na igreja Dream City.
As pessoas procuraram refúgio em áreas sombreadas, recebendo ajuda dos paramédicos para a exaustão pelo calor e usando garrafas de água para molhar a pele.
“Está quente e não importa quanta água você use para se refrescar, ela seca e você fica suando e cozinhando aqui no calor”, disse a enfermeira de reabilitação Amy Teske, 53 anos.
De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional (NWS), a alta temperatura em Phoenix chegaria a 45 °C, forçando as autoridades locais a abrir centros de resfriamento em bibliotecas e a fechar algumas trilhas populares para caminhadas durante o dia.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Phoenix, 11 pessoas foram transportadas para hospitais após relatos de exaustão pelo calor, no evento no Arizona.
Com informações da Reuters.