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    Crise alimentar assola Sudão após mais de um mês de combates

    País vive colapso no abastecimento desde que o Exército entrou em conflito com as paramilitares Forças de Apoio Rápido em uma disputa pelo controle do governo; quase 5 milhões de pessoas estão vulneráveis 

    Refugiados sudaneses fazem fila para receber alimentos do Programa Mundial de Alimentos da ONU na região de fronteira entre Sudão e Chade
    Refugiados sudaneses fazem fila para receber alimentos do Programa Mundial de Alimentos da ONU na região de fronteira entre Sudão e Chade REUTERS/Zohra Bensemra

    Da Reuters

    Cartum

    O Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que está aumentando suas operações em pelo menos seis Estados do Sudão para ajudar 4,9 milhões de pessoas vulneráveis, além de auxiliar aqueles que vão ao Chade, Egito e Sudão do Sul para fugir dos combates que assolam o país desde 15 de abril.

    “Os combates no Sudão estão devastando vidas e meios de subsistência e forçando as pessoas a fugir de suas casas com nada além das roupas que estão vestindo”, disse o diretor do PMA para a África Oriental, Michael Dunford, em um comunicado.

    A ONU afirmou na quarta-feira que mais da metade dos 46 milhões de habitantes do Sudão precisa de assistência e proteção humanitária, lançando um apelo de ajuda de 3 bilhões de dólares. Também disse ter recebido relatos de “violência de gênero horrível” no Sudão.

    O esforço de ajuda foi prejudicado pelas mortes de alguns trabalhadores humanitários no início do conflito e pelos repetidos episódios de saques.

    Ataques aéreos pesados atingiram áreas ao sul da capital do Sudão nesta quinta-feira (18), com confrontos ocorrendo perto de um acampamento militar, disseram testemunhas, em combates que deslocaram cerca de 1 milhão de pessoas e deixaram os moradores de Cartum com dificuldade para sobreviver.

    De acordo com as últimas estimativas, mais de 840 mil pessoas foram deslocadas no Sudão e mais de 220 mil fugiram para países vizinhos.

    Mais combates

    Ataques aéreos do Exército contra o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) foram ouvidos em vários bairros residenciais no sul de Cartum, inclusive perto do campo de Taiba, enquanto uma força de reserva da polícia alinhada com o Exército lutava contra a RSF, segundo as testemunhas. O número de mortos chega a 676.

    O Exército tem usado principalmente poder aéreo e artilharia pesada para tentar repelir a RSF, que se espalhou por grandes áreas de Cartum e suas cidades vizinhas de Bahri e Omdurman, do outro lado do rio Nilo, após o início dos combates em 15 de abril.

    “O bombardeio e os confrontos não param e não há como fugir de nossas casas. Todo o nosso dinheiro se foi”, disse Salah el-Din Othman, morador de Cartum de 35 anos.

    “Mesmo que deixemos nossas casas novamente, temos medo de que as gangues saqueiem tudo em casa… estamos vivendo um pesadelo de medo e pobreza.”

    A violência também aumentou em Darfur, no oeste do Sudão, no estado de Kordofan do Norte e em outras partes do país, mas a luta pelo poder se concentra na capital.

    Acredita-se que tanto o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, quanto o comandante da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, permaneceram em Cartum durante os combates.

    Na quarta-feira, o Exército divulgou um vídeo mostrando Burhan vestido com uniforme militar cumprimentando as tropas no que parecia ser o quartel-general do Exército no centro de Cartum.

     

    (Reportagem de Khalid Abdelaziz em Dubai e Nafisa Eltahir no Cairo)