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    Movimento ligado a ex-presidente do Equador contesta candidatura de Christian Zurita

    Em documento apresentado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o movimento ligado ao ex-presidente Rafael Correa argumenta que Zurita “está atualmente filiado a outra organização política”

    Florencia Truccoda CNN

    O “Correísmo”, força de esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa no Equador, contestou, nesta terça-feira (15), a candidatura à Presidência de Christian Zurita, que substitui Fernando Villavicencio após seu assassinato em 9 de agosto.

    No documento apresentado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o movimento argumenta que Zurita “está atualmente filiado a outra organização política”.

    Por seu lado, o “Movimiento Construye” acusou pelas redes sociais o “Correísmo” de tentar silenciá-los, e publicou um documento datado de 13 de agosto em que Zurita notificou o CNE sobre um registo falso que o mostrava filiado a outro partido.

    Em entrevista à Ecuavisa, afiliada da CNN, a presidente do CNE, Diana Atamaint, confirmou que recebeu o pedido de impugnação e que foi comunicado “imediatamente” o “Construye” para que ocorra uma retificação.

    O oficial indicou que o plenário do órgão se reunirá nesta quarta-feira, às 22h (horário de Brasília), para resolver a questão após a análise das provas de acusação e exoneração.

    “Com efeito, recebemos à noite, por volta da meia-noite, a impugnação à candidatura do senhor Christian Zurita, que é a pessoa que vai substituir o candidato Fernando Villavicencio. Nesse sentido, acompanhamos todo o devido processo que corresponde essas circunstâncias. Imediatamente, minutos depois, a organização política foi informada para que pudesse apresentar suas defesas a respeito. Mas também já tivemos o pedido apresentado pelo candidato solicitando a cassação daquele registro e filiação àquela organização política. Já estamos preparando isso”, disse um funcionário.

    Zurita descreveu o pedido de impugnação como “totalmente falso”. O candidato reiterou que não é filiado a nenhum outro movimento político. “Aguardamos a resposta do CNE para a confirmação da nossa candidatura, na esperança de que não surjam mais obstáculos no nosso caminho”, escreveu.

    Após a morte de Villavicencio em um ataque armado no norte de Quito em 9 de agosto, o partido equatoriano “Movimiento Construye”, do qual ele era candidato, escolheu Zurita para substituir o político, revertendo uma decisão do dia anterior.

    Em primeira instância, o partido disse que o candidato de Villavincencio à vice-presidência, Andrea González Náder, seria a substituta, mas depois de uma série de reviravoltas, escolheu o jornalista especializado em corrupção, crime organizado e narcotráfico para a nomeação.

    “Diante da falta de respostas claras do CNE e da reação furiosa de alguns setores políticos, não correremos nenhum risco. Christian Zurita será registrado como nosso candidato presidencial”, disse o “Movimiento Construye” no domingo (13).

    Zurita dividia a redação jornalística com Villavicencio e nos últimos meses vinha trabalhando em sua campanha política até que, após o atentado que acabou com sua vida, aceitou ocupar seu lugar na disputa pela Presidência.

    O Equador está programado para realizar o primeiro turno de eleições extraordinárias no próximo domingo (20).

    Violência política e insegurança assombram o Equador

    O assassinato de Villavicencio, candidato abertamente crítico da corrupção e ex-jornalista investigativo, chocou o país antes das cruciais eleições presidenciais e legislativas a serem realizadas no domingo. Também chamou a atenção internacional para as poderosas organizações criminosas que conduzem a violência que assola o Equador.

    O suposto atirador morreu sob custódia policial, segundo as autoridades, enquanto seis cidadãos colombianos foram detidos em conexão com o assassinato. Os suspeitos são membros de grupos criminosos organizados, disse o ministro do Interior do Equador, Juan Zapata, citando evidências preliminares.

    A raiz dessa violência política é que o Equador é um ponto de trânsito na rota da cocaína da América do Sul para os Estados Unidos e a Europa, disse à CNN Jan Topic, um dos candidatos à Presidência. Segundo ele, as lacunas nas fronteiras facilitam a atuação de cartéis transnacionais de drogas no país.

    A situação representa uma mudança radical em relação a uma década atrás, quando o Equador era conhecido como um país relativamente seguro na região.

    Segundo dados da Polícia Nacional do Equador, a taxa de homicídios em 2016 foi de 5,8 por 100 mil habitantes. No ano passado, havia disparado para 25,6, um nível semelhante ao da Colômbia e do México, países com longas histórias de violência de cartéis de drogas.

    Veja também: Diretor de partido político é assassinado no Equador

    Além de Villavicencio, outros políticos foram baleados este ano. Na segunda-feira (14), Pedro Briones, dirigente de um partido de esquerda local, foi morto a tiros na província de Esmeraldas, segundo as autoridades.

    No mês passado, Agustín Intriago, prefeito da sexta maior cidade do país, Manta, sofreu o mesmo destino enquanto conversava com um jovem atleta na rua. Em maio, o candidato eleito Walker Vera foi assassinado pouco antes de assumir o cargo na cidade de Muisne.

    Agora, organizações estrangeiras como cartéis mexicanos, gangues urbanas brasileiras e até a máfia albanesa estão colaborando com grupos criminosos equatorianos, alimentando o conflito, segundo analistas. Um relatório publicado em março pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime afirmou que “traficantes dos Bálcãs e membros de grupos criminosos italianos se estabeleceram no Equador para estabelecer linhas de abastecimento para os mercados europeus”.

    A luta contra o crime tem estado no topo da agenda política antes das eleições antecipadas deste ano, e ainda mais desde o assassinato de Villavicencio. Na última semana, os candidatos políticos foram rápidos em insistir em sua abordagem do problema.

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