Coreia do Norte dispara dois mísseis de submarino, diz mídia estatal
Treinamentos militares do país de Kim Jong Un estão sendo monitorados pelas autoridades de inteligência tanto dos EUA quanto da Coreia do Sul
A Coreia do Norte lançou dois mísseis de um submarino nas águas do Mar do Japão na manhã deste domingo, no horário local, de acordo com a agência de notícias estatal KCNA.
Os “estratégicos mísseis de cruzeiro” foram lançados de um submarino “8.24 Yongung”, disse a KCNA – a mesma embarcação usada para testar o primeiro míssil balístico lançado por submarino da Coreia do Norte em 2016.
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS, em inglês) disse no domingo que a Coreia do Norte disparou pelo menos um míssil não identificado de um submarino perto da cidade portuária de Sinpo, na província de Hamgyong do Sul.
A KCNA afirmou que os mísseis voaram por mais de uma hora, viajando a cerca de 1.500 quilômetros por hora e fazendo movimentos em forma de oito antes de atingir “precisamente” um alvo.
A Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia “expressou satisfação” após o exercício, informou a KCNA.
As autoridades de inteligência dos Estados Unidos e da Coreia do Sul estão analisando o incidente, disse o JCS sul-coreano.
O lançamento ocorre três dias depois de a Coreia do Norte disparar pelo menos seis mísseis de curto alcance, na quinta-feira, no Mar Amarelo.
A mídia estatal informou na semana passada que Kim Jong Un disse que as unidades de artilharia devem estar preparadas para duas missões: “primeiro para deter a guerra e, segundo, para tomar a iniciativa na guerra, intensificando constantemente vários exercícios simulados para uma guerra real”.
Pyongyang está conduzindo seu treinamento de inverno, o que está sendo monitorado pelas autoridades de inteligência tanto dos EUA quanto da Coreia do Sul, disse o porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul na quinta-feira.
Alta tensão na península coreana
Nesta segunda-feira, as forças de comando dos EUA, da Coreia do Sul e das Nações Unidas na península das Coreias devem começar os exercícios militares anuais de 11 dias, os chamados “Freedom Shield”, que “irão integrar elementos de ‘exercícios ao vivo’ com simulações construtivas”, disse a US Forces Korea (USFK) em uma declaração mais cedo.
Ao mesmo tempo, ocorrerão os exercícios de treinamento de campo apelidados de Warrior Shield, disse o órgão.
Enquanto isso, as forças aéreas dos EUA e da Coréia do Sul continuam realizando exercícios aéreos regulares. Na semana passada, um bombardeiro B-52 dos EUA foi escoltado por caças sul-coreanos enquanto voava para a zona de identificação de defesa aérea do sul, disse o USFK na semana passada.
Os exercícios EUA-Coreia do Sul devem ser os maiores que os dois aliados realizaram em anos, desde que reduziram essas exibições militares em 2017, quando o então presidente dos EUA, Donald Trump, tentou oferecer uma abertura para que a Coreia do Norte negociasse um fim em seus programas de mísseis de longo alcance e de armas nucleares.
Essa abertura, porém, já se fechou, com a Coreia do Norte tendo conduzido no ano passado um número recorde de testes de mísseis e prometendo desenvolver seu programa nuclear para armar seus mísseis.
Os testes de mísseis do Norte tiveram uma redução em 2023, mas as tensões na península coreana permanecem altas, e os analistas veem poucas razões para pensar que as coisas vão esfriar.
“Este é provavelmente apenas o começo de uma série de testes provocativos da Coreia do Norte”, disse Leif-Eric Easley, professor da Ewha Womans University em Seul, sobre os disparos de quinta-feira.
“Pyongyang está preparada para responder agressivamente aos principais exercícios de defesa EUA-Coreia do Sul, bem como aos encontros que devem acontecer entre o presidente Yoon [Suk Yeol, da Coreia do Sul] com o primeiro-ministro Fumio Kishida [Japão] e o presidente [americano] Joe Biden.”
“O regime de Kim pode ordenar disparos de mísseis de alcances mais longos, tentar o lançamento de um satélite espião, demonstrar um foguete de combustível sólido e talvez até conduzir um teste nuclear”, disse Easley.