Copenhague celebra o retorno de uma das maiores passeatas LGBTQIA+ do mundo
Mais de 200 marchas do Orgulho LGBTQIA+ foram canceladas no ano passado devido à pandemia - e outras mais foram adiadas este ano
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas na Dinamarca neste sábado (21) em uma das maiores passeatas do Orgulho LGBTQIA+ desde a suspensão das atividades provocada pela Covid-19, com alguns comemorando enquanto outros expressaram solidariedade às pessoas do grupo que vivem com medo no Afeganistão.
Jovens envoltos em bandeiras de arco-íris com pintura facial e glitter caminhavam ao lado de famílias com crianças, enquanto gays em arreios de couro trocavam piadas com drag queens de salto alto.
Espectadores lotaram as ruas da capital, Copenhague, incluindo mulheres idosas que trocaram beijos com homens vestidos com fantasias de gato rosa, enquanto os carros que passavam tocavam suas buzinas em apoio.”É bom estar de volta às ruas”, disse o banqueiro aposentado Rob Lengacher, 67, à Reuters, enquanto a marcha passava pelo centro de Copenhague.”Já fui a vários WorldPrides e acho importante que estejamos visíveis, que estejamos fora e ativos.”
O WorldPride, que começou em Roma em 2000, é realizado em uma cidade diferente a cada dois anos. O último evento, em Nova York em 2019 – o maior WorldPride de todos os tempos, com 5 milhões de participantes – marcou o 50º aniversário da Stonewall.
Os distúrbios de Stonewall em 1969, quando a comunidade LGBTQIA+ reagiu contra uma batida policial em Stonewall Inn, em Nova York, e gerou o nascimento do movimento pelos direitos dos homossexuais modernos – com a primeira marcha do Orgulho ocorrendo na cidade no ano seguinte.
Mais de 200 marchas do Orgulho LGBTQIA+ foram canceladas no ano passado devido à pandemia – e outras mais foram adiadas este ano, incluindo os Prides de Londres e Nova York, dois dos maiores eventos do mundo.
O Mardi Gras de Sydney, geralmente assistido por milhões, foi adiante em março, mas com apenas 5.000 manifestantes e a proibição de carros alegóricos maiores, um dos pilares do desfile.
O WorldPride deste ano é o primeiro a ser realizado em duas cidades – Copenhague, na Dinamarca, e Malmo, na Suécia, com cerca de 40 km de distância e unidas pela mais longa ligação rodoviária e ferroviária da Europa, a Ponte Oresund, sobre o estreito que divide as duas nações.
Para reduzir a probabilidade de transmissão do coronavírus, seis marchas partiram de diferentes pontos de Copenhague no sábado, reunindo-se no maior parque da cidade para assistir à cerimônia de encerramento, transmitida ao vivo de uma arena no centro da cidade.
Protesto e Festa
Enquanto muitos manifestantes estavam felizes por estar dançando nas ruas após quase dois anos de restrições e bloqueios ao coronavírus, vários artistas no palco principal disseram que era importante lembrar aqueles em países com leis anti-LGBTQIA+.
Francesco Segala disse que estava pensando em homens gays no Afeganistão, se escondendo do Taleban que assumiu o poder no domingo. Sob o primeiro regime do Taleban, de 1996 a 2001, houve relatos de que homens acusados de praticar sexo homossexual foram condenados à morte e esmagados por paredes derrubadas por tanques.
O Taleban disse que os afegãos não têm nada a temer, mas o jornal alemão “Bild” citou no mês passado um juiz do Taleban dizendo que o sexo gay deve ser punido com pena de morte.”Vamos lutar por você”, disse Segala, de 46 anos. “Você não está sozinho e continuaremos a lutar por você – e por favor, seja você mesmo.”
Outros manifestantes ecoaram os sentimentos de Segala de que o WorldPride deve fornecer uma plataforma para os desafios que afetam a comunidade LGBTQIA+ em todo o mundo.“Eventos como este talvez devam focar um pouco mais nas questões”, disse Sebastian Ruiz, 42, falando na City Hall Square – recentemente batizada de WorldPride Square.”É muito difícil o que está acontecendo hoje.”
A poetisa Sylvia Thomas, 25, que deveria se apresentar na cerimônia de encerramento na noite de sábado, disse que o Orgulho deveria ser visto como um protesto, assim como uma festa.”Orgulho significa alegria e muita resiliência”, disse Thomas, um ativista intersexo e trans que se apresenta regularmente em eventos do Orgulho.”É importante deixar (homofóbicos) saber que existimos e que estamos vivos – aqui, ali e em todos os lugares.”