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    Contraofensiva da Ucrânia avança com a ajuda de bombas de fragmentação

    Uso do armamento controverso não é confirmado por forças locais, mas analistas vêm indícios de armas fornecidas pelos EUA

    Nick Paton WalshFlorence Davey-AttleeKonstantin GakBrice Laineda CNN

    Os militares ucranianos avançaram pela segunda vez em duas semanas nas linhas de frente do sudeste do país em direção à cidade portuária de Mariupol. Para analistas, a recaptura da aldeia de Urozhaine parecer ter sido parcialmente auxiliada pelo uso das controversas bombas ou munições de fragmentação.

    A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, confirmou a libertação da aldeia na manhã de quarta-feira (16), quando uma equipe da CNN se aproximou de seus arredores com um grupo da 35ª Companhia de Fuzileiros. O fogo de artilharia pesada impediu a entrada dos jornalistas na aldeia, já que as forças russas bombardeavam as tropas ucranianas que asseguravam a área.

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    Imagens de drones da luta intensa pela aldeia mostram dezenas de militares russos fugindo para o sul da aldeia. Aparentemente, eles são atacados por bombas enquanto fogem. Elas parecem ser munições de fragmentação, segundo dois especialistas em armas que revisaram vídeos dos incidentes. Os especialistas pediram para não serem identificados por estarem discutindo uma questão sensível.

    Os vídeos mostram dezenas de soldados russos correndo ao longo de uma estrada aberta, aparentemente forçados a fugir pelo asfalto já que os campos e bosques adjacentes estão repletos de minas, segundo um comandante de codinome Dykyi. Os russos também se reuniram em grande número em casas que, em seguida, foram atingidas pela artilharia.

    “Muitos morreram lá”, disse Dykyi, acrescentando que morteiros e tanques foram usados na rota de fuga. O comandante disse que não comentaria sobre o uso de munições de fragmentação.

    Os vídeos do drone também mostraram um tanque ucraniano enfrentando posições russas sozinho, disparando e arrastando atrás dele um cabo no qual estavam ligados explosivos de limpeza de minas. As cargas detonam quando o tanque se afasta, garantindo o avanço claro das próximas unidades através de campos minados. As minas vêm causando imensas perdas na guerra, dos dois lados.

    Ucrânia rebate críticas

    O fornecimento de munições ou bombas de fragmentação para os militares ucranianos foi precedido por um grande debate ético dentro do governo de Joe Biden, como afirmaram autoridades norte-americanas. Embora elas tenham uma eficácia brutal a infantaria em terreno aberto, as armas dispersam pequenos explosivos que muitas vezes não detonam e podem ser um perigo residual para os civis durante as décadas vindouras.

    Mais de 100 países proibiram o uso de armas de fragmentação por meio de um tratado específico, mas Ucrânia, Rússia e Estados Unidos não são signatários desse acordo internacional.

    Os militares norte-americanos dizem que os modelos que fornecem à Ucrânia têm uma taxa de fracasso melhorada, na qual apenas 2,5% das munições disparadas não conseguem detonar na dispersão –uma afirmação que é vista ceticamente pelos críticos. Em comparação, as munições de fragmentação russas, que também estariam sendo usadas na invasão da Ucrânia, teriam uma taxa de fracasso de 30%.

    Os militares ucranianos confirmaram que as armas dos EUA estão sendo usadas nos fronts, mas se recusaram a oferecer detalhes. A CNN não conseguiu confirmar se os dispositivos identificados por especialistas nos vídeos de Urozhaine eram munições de fragmentação fornecidas pelos EUA. Acredita-se que a Ucrânia tenha produzido vários dispositivos semelhantes internamente que podem estar em uso no front.

    No entanto, as questões éticas em torno das armas deixaram comandantes de assalto como Dykyi, cuja unidade sofreu pesadas perdas no sul do ataque, perplexos. “Eu simplesmente não entendo. O lado de lá está usando tudo que o quer. Nosso povo está morrendo por causa disso e tudo bem. Mas quando o outro lado morre, não está tudo bem?”

    A recaptura de Urozhaine, uma pequena aldeia, representa um progresso numa contraofensiva extenuante em que os ganhos são medidos em metros e não em quilômetros. As tropas ucranianas enfrentaram resistência mais dura do que o esperado e foram desaceleradas por linhas defensivas russas fortificadas, reforçadas por vastas redes de trincheiras e dezenas de milhares de quilômetros quadrados de minas terrestres.

    No início desta semana, o governo da Ucrânia rejeitou críticas recentes de que as suas forças não estavam avançando suficientemente rápido, dizendo que estava focado em destruir as capacidades da Rússia e perturbar a sua logística.

    Na linha de frente, a 35ª Companhia de Fuzileiros sofreu perdas em seu avanço para o sul. As baixas deixaram Dykyi hostil às avaliações “feitas do sofá” sobre o lento progresso da contraofensiva por parte de algumas autoridades e analistas ocidentais.

    Dykyi disse que os críticos da ofensiva “sempre podem me procurar, vir como convidados e lutar comigo. Tem gente que acredita que você pode voar sobre o campo minado em uma vassoura como em Harry Potter. Isso não acontece assim em uma luta real”.

    “Se você não entende isso, pode sentar na poltrona e comer sua pipoca.”

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