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    Congresso pode ter rebaixado irmã de Kim, mas especialistas veem sinais dúbios

    Ausência da irmã de Kim Jong Un de lista do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte chamou a atenção de analistas do regime do país

    Por Hyonhee Shin, da Reuters

     

    O nome de Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, curiosamente não consta entre as principais designações de uma nova lista do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores que governa o país.

    A ausência, retirada de divulgação da mídia estatal norte-coreana nesta segunda-feira (11), levanta questões sobre o status de Yo Jog após vários anos de influência crescente.

    O partido realizou eleições no domingo para seu Comitê Central em um Congresso, que mapeia metas diplomáticas, militares e de política econômica para os próximos cinco anos.

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    Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong Un, permaneceu membro do Comitê Central, mas não foi incluída em seu Politburo (o comitê executivo), mostram listas divulgadas pela agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA.

    Em 2017, Kim Yo Jong se tornou a segunda mulher patriarcal da Coreia do Norte a ingressar no Politburo exclusivo, depois de sua tia Kim Kyong Hui. A agência de inteligência da Coreia do Sul disse em agosto que ela estava servindo como a “número dois em comando de fato” de seu irmão.

    Agora, os novos sinais são considerados confusos para os observadores do regime norte-coreano. A ausência da irmã de Kim lista do Politburo ocorre dias depois de ela subir ao pódio pela primeira vez ao lado de 38 outros executivos do partido, no início do Congresso.

    “É muito cedo para tirar qualquer conclusão sobre sua situação, já que ela ainda é um membro do Comitê Central e há a possibilidade de que ela tenha assumido outros cargos importantes”, disse Lim Eul-chul, professor de estudos norte-coreanos da Universidade Kyungnam em Seul.

    A influência de Kim Yo-jong cresceu signitifcativamente nos últimos anos.

    Como ela emergiu como uma figura política, ela parecia ser a secretária pessoal de seu irmão. Mais tarde, ela atuou como seu enviado especial à Coreia do Sul e vice-diretora de um departamento do partido que supervisionava o pessoal e os assuntos organizacionais.

    Michael Madden, especialista em liderança da Coréia do Norte no Stimson Center, com sede nos Estados Unidos, disse que Kim Yo Jong gozava do mais alto grau de influência nas deliberações e decisões políticas, independentemente de estar ou não no Politburo.

    “Nós nos acostumamos a vê-la em um papel mais público, mas as raízes políticas de Kim Yo Jong e sua experiência de carreira formativa estão nos bastidores, não sentada em uma plataforma ouvindo discursos”, disse ele.

     

    ‘Regra de um homem’

    O líder Kim Jong Un consolidou seu poder no Congresso com sua eleição como secretário geral do partido, tirando o título de seu falecido pai, Kim Jong Il.

    Kim exerceu poder quase absoluto no sistema dinástico da Coreia do Norte desde que assumiu o comando após a morte de seu pai em 2011.

    Em 2012, o partido nomeou o falecido Kim Jong Il “secretário geral eterno” e Kim Jong Un “o primeiro secretário”.

    A KCNA disse que o Congresso “aprovou totalmente” uma proposta para promover Kim ao cargo, que chamou de “o cérebro superior da revolução” e “o centro da liderança e da unidade”.

    “A promoção de Kim mostra sua confiança, de que ele agora se juntou oficialmente às fileiras de seu pai e avô”, disse Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos da Coréia do Norte em Seul.

    “Isso também indica sua intenção estratégica de centralizar o sistema partidário ao seu redor e reforçar seu governo de um homem só.”

    As reformas para a liderança do partido anunciadas no fim de semana podem parecer protocolares para observadores externos, mas são mudanças misteriosas em como as políticas são decididas e implementadas, disse Madden.

    “Essas mudanças têm como objetivo dar a (Kim) um grande grau de flexibilidade em como ele toma decisões, ao mesmo tempo em que simplifica os processos pelos quais as decisões chegam à sua mesa”, disse ele.

    Uma figura que parecia estar crescendo rapidamente era Jo Yong Won, recém-nomeado para o comitê de cinco membros do Politburo e para a Comissão Militar Central do partido.

    Choe Son Hui, um vice-ministro das Relações Exteriores que foi fundamental na preparação de uma segunda cúpula fracassada com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2019, foi rebaixado.

    O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, prometeu esforços para ajudar a criar um avanço nas negociações de desnuclearização paralisadas enquanto o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, se prepara para assumir o cargo.

    Kim disse que expandirá a diplomacia, mas prometeu na sexta-feira desenvolver armas, incluindo mísseis balísticos intercontinentais de “várias ogivas”, chamando os Estados Unidos de “nosso maior inimigo”.

    Os militares da Coreia do Sul disseram ter detectado sinais de que a Coreia do Norte realizou um desfile militar na noite de domingo para marcar o Congresso. 

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