Pelo menos 687 palestinos morreram e 3.726 ficaram feridos desde que Israel começou a realizar ataques aéreos em Gaza como resposta ao ataque surpresa do movimento islâmico Hamas no último sábado (7).
Os números foram divulgados pelo Ministério da Saúde palestino, na tarde desta segunda-feira (9). As mortes incluem 140 crianças e 105 mulheres, acrescentou o ministério.
Nesta segunda, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, deu uma ordem de “cerco completo” em Gaza, com corte no fornecimento de alimentos, energia elétrica, combustível e água. Os militares israelenses afirmaram já ter retomado o controle de todas as comunidades ao redor da Faixa de Gaza.
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As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram em comunicado divulgado, por volta de meio-dia desta segunda, que atacaram 130 alvos do Hamas em Gaza com ataques aéreos nas três horas anteriores. Desde então, os ataques continuam, em certos momentos, praticamente de forma contínua.
As FDI afirmaram que dois pontos operacionais do Hamas foram atingidos dentro de uma mesquita em Gaza. Os militares israelenses afirmaram ter atingido outros sete centros de comando do Hamas, um centro de comando da Jihad Islâmica e vários edifícios de vários andares, incluindo a casa do secretário do Hamas, Ruhi Mashtaa.
Palestinos feridos são principalmente mulheres e crianças
O Ministério da Saúde palestino disse que os serviços no único hospital em funcionamento no bairro de Beit Hanoun, em Gaza, foram suspensos devido aos contínuos ataques aéreos israelenses.
Danos extensos causados pelos contínuos ataques aéreos israelenses bloquearam as equipes médicas de entrar ou sair do prédio, disse o Ministério da Saúde. O Ministério afirmou que nove ambulâncias foram alvo desde sábado.
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A maioria dos pacientes que chegam aos hospitais em Gaza sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus e amputações nas extremidades inferiores e superiores, disse um porta-voz do Ministério da Saúde palestino em Gaza à agência de notícias Shibab Agency.
Muitos também sofreram ferimentos por estilhaços, disse o porta-voz, Ashraf al-Qidra, ao canal palestino.
Os feridos que chegam aos hospitais são principalmente mulheres e crianças, disse al-Qidra, acrescentando que isto é um “resultado dos israelenses atacarem diretamente casas e edifícios residenciais”.
Civis palestinos dizem não ter para onde fugir enquanto Israel contra-ataca Hamas
Conhecedores da guerra com Israel, muitos palestinos que vivem em Gaza estão abrigados nas suas casas, sendo que a grande maioria não tem acesso a abrigos subterrâneos.
O território é um dos lugares mais densamente povoados do planeta, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas numa área de 362 km².
Aqueles que se aventuram a sair vão apenas para cumprir tarefas essenciais ou para procurar os seus entes queridos desaparecidos. As ruas estão danificadas e cobertas de escombros, e o ar cheira a poeira e pólvora.
Salim Hussein, 55 anos, perdeu a sua casa quando o seu edifício foi alvo de um ataque aéreo israelense.
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Ele morava no primeiro andar do prédio e disse à CNN que ele e sua família receberam avisos de Israel momentos antes do prédio ser atingido.
“Saímos [do prédio] apenas com as roupas que vestimos”, disse ele à CNN, acrescentando que ele e sua família agora não têm mais nada nem para onde ir.
As FDI disseram no domingo que estavam focadas em assumir o controle da Faixa de Gaza e instaram os civis locais a deixarem imediatamente as áreas residenciais perto da fronteira para sua segurança, enquanto as operações militares israelenses continuavam a atingir o Hamas.
Mas a maioria dos habitantes de Gaza não tem como e para onde fugir. Todas as passagens para fora do território estão fechadas, com exceção da passagem de Rafah, fortemente controlada, com o Egito.
O que você precisa saber sobre o Hamas
Classificado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como grupo terrorista, o Hamas é uma organização islâmica com ala militar que surgiu em 1987, descendendo da Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico sunita fundado no final da década de 1920, no Egito.
A própria palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamia” – árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”.
O grupo, tal como a maioria das facções e partidos políticos palestinianos, insiste que Israel é uma potência ocupante e que está a tentar libertar os territórios palestinianos. O Hamas considera Israel um Estado ilegítimo.
A sua recusa em reconhecer Israel é uma das razões pelas quais rejeitou negociações de paz no passado. Em 1993, o Hamas opôs-se aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
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O grupo apresenta-se como uma alternativa à Autoridade Palestiniana (AP), que reconheceu Israel e se envolveu em múltiplas iniciativas de paz falhadas com ele. A AP é hoje liderada por Mahmoud Abbas e está sediada na Cisjordânia.
Entretanto, o Hamas controla a Faixa de Gaza, um enclave que abriga cerca de 2 milhões de palestinos e é frequentemente local de vítimas civis durante combates entre militantes e forças israelenses.
Ao longo dos anos, o Hamas reivindicou muitos ataques a Israel e foi designado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel. Israel acusa o seu algoz, o Irã, de apoiar o Hamas.
* Publicado por Léo Lopes, com informações de Kareem El Damanhoury, Ibrahim Dahman, Hadas Gold, Richard Allen Greene, Amir Tal, Abeer Salman, Kareem Khaddar, Nadeen Ebrahim, Ivana Kottasová e Celine Alkhaldi da CNN
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