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    Como a pandemia roubou o Natal e o Papai Noel o salvou

    No estado do Colorado, nos EUA, Tom Carmody faz chamadas de vídeo e passeia de trenó para levar a magia da data às famílias mantendo a segurança sanitária

    O Papai Noel Tom Carmody anda de trenó pelos bairros do Colorado
    O Papai Noel Tom Carmody anda de trenó pelos bairros do Colorado Foto: Brenda Carmody/Arquivo pessoal

    Alaa Elassar, da CNN

    Em cada época de Natal nos últimos 16 anos, Tom Carmody se vestiu de Papai Noel e animou com seu “ho ho ho” os corações de incontáveis crianças em shoppings e escolas nos Estados Unidos

    Em 2020, no entanto, ele está sentado atrás de uma tela de computador em Westminster, Colorado, onde vive, vestindo sua brilhante roupa vermelha e branca e ostentando uma bela barba, esperando o início de sua próxima sessão de Zoom chamada “Meet With Santa” (“Encontro com Papai Noel”).

    “É uma questão de manter a magia”, disse Carmody à CNN. “Papai Noel é um personagem mágico e é construído em torno da magia. Cabe a nós, como Papais Noéis, recriar essa magia sem aquele toque físico. Então, sim, estamos pensando fora da caixa este ano”.

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    Faltam poucos dias para o Natal, mas a trajetória desse ano parece interminável para homens e mulheres que interpretam o bom velhinho em shoppings, lojas de departamentos e praças em todos os Estados Unidos.

    Ao contrário de anos anteriores, em que recebiam crianças em seus colos, ouviam-nas recitar suas listas de desejos e posavam para fotos, os Papais Noéis tiveram que manter uma distância segura das crianças para evitar a propagação do coronavírus.

    Não foi fácil.

    “Conhecer no Zoom é o mesmo que segurar uma criança no colo? Não”, disse Carmody. “O toque pessoal faz muita falta para as crianças e o Papai Noel”.

    “Existe uma conexão quando você tem esse toque, mas você pode criá-la virtualmente se pensar como uma criança”, acrescentou. “E é necessário, porque muitos Papais Noéis são muito vulneráveis ao vírus e querem viver. Queremos nos proteger, mas também queremos proteger essas crianças e trazer-lhes uma conexão especial”.

    Mais de 17 milhões de norte-americanos contraíram o coronavírus e mais de 310 mil morreram por causa da Covid-19. Famílias em todos os estados perderam entes queridos e quase todos foram afetados por pedidos de ficar em casa e pelo fechamento de escolas ou empresas. Embora as vacinas estejam sendo desenvolvidas e aplicadas em alguns países, a pandemia ainda está longe de ser controlada.

    Com tal pano de fundo, a típica alegria de Natal  está compreensivelmente muda neste ano. Mas o Papai Noel está empenhado em manter vivo o espírito natalino.

    Em todo o país, eles estão encontrando maneiras inovadoras de desejar a crianças e adultos um Feliz Natal.

    Criando magia de Natal

    Quando ficou claro que a pandemia não iria acabar no Natal, Carmody começou a pensar em maneiras de trazer o Papai Noel à vida sem quebrar as diretrizes de distanciamento social.

    Nas escolas onde trabalha, ele se sentou atrás de uma barreira, de onde poderia acenar com segurança para as crianças. Mas Carmody diz que não foi o suficiente: ele notou o quanto as crianças queriam abraçá-lo.

    Para recriar a conexão íntima, Carmody começou a hospedar reuniões virtuais no Zoom, nas quais fala com as crianças e seus pais. São as conversas típicas, com as infalíveis perguntas: “Você foi um bom menino ou menina?” e “O que você gostaria que o Papai Noel trouxesse para você?”

    Entretanto, Carmody diz que as crianças também expressaram suas preocupações com a pandemia e faz o possível para amenizar seus medos.

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    Carmody também iniciou uma nova tradição de Natal no bairro de Westminster: todas as semanas, ele monta um trenó gigante, completo com presentes, meias e renas, que sua esposa puxa com o carro.

    Crianças e seus pais ficam do lado de fora de suas casas e acenam enquanto ele caminha pelo subúrbio de Denver, deliciando famílias com seu sorriso brilhante e risadas alegres.

    “Recebi muitas mensagens de famílias dizendo como as crianças estão deprimidas e como estão terrivelmente tristes”, contou. “Como Papai Noel, tenho a oportunidade de intervir e trazer um pouco de alegria. Não apenas para as crianças, para seus pais também”.

    Ajudando os pais a sentirem alegria

    Roger Minton, um Papai Noel de Fowlerville, Michigan, diz que os pais são sua prioridade.

    Ele acredita que este ano foi particularmente estressante para os adultos. Como conta, muitos tiveram que equilibrar a segurança e a proteção de suas famílias com o ensino em casa de seus filhos e as preocupações com a segurança no emprego.

    “A emoção nas vozes dos adultos quando eles estão vendo e conversando com o Papai Noel é o que me faz fazer esse trabalho”, disse Minton. “Trazer uma sensação de alegria. Isso permite que eles esqueçam seu estresse por um momento e se divirtam, sejam apenas crianças, porque no fundo somos todos crianças.

    Em qualquer outro ano, ele e sua esposa, Erica, se vestiriam como o Papai e Mamãe Noel e passariam a época das festas fazendo artesanato, decorando biscoitos e posando para fotos de família. Mas, com a pandemia, eles também levaram as festividades para o mundo virtual.

    O casal usa o chat por vídeo para falar com as famílias, não apenas para ouvir listas de desejos, mas para encorajar os pais a permanecerem firmes em face de tantas incertezas. Roger e Erica Minton dizem que a experiência foi ainda mais gratificante do que em anos anteriores.

    “Sentimos que este ano é mais impactante do que anos normais”, afirmou Roger. “Ouvir um pai lhe dizendo ‘Obrigado por nos trazer alguma normalidade’ é muito incrível. É tudo sobre a conexão emocional, e deixar as famílias e seus filhos saberem que está tudo bem, o Papai Noel ainda está aqui. Significou muito para nós”.

    Incentivando a segurança

    Larry Jefferson, o primeiro afro-americano a interpretar o Papai Noel no shopping Mall of America em Bloomington, Minnesota, usou sua posição para espalhar a alegria do Natal. Mas ele também está educando famílias sobre a pandemia.

    No início da temporada, recebeu visitas presenciais ao shopping. No entanto, os protocolos eram diferentes dos anos anteriores.

    Jefferson cumprimentou as famílias por trás de uma janela de acrílico em sua cabana de Natal. Os visitantes foram obrigados a “Santa-tize” (um trocadilho com o verbo higienizar, to sanitize, e Santa Claus, que é o nome do Papai Noel em inglês) suas mãos e ter suas temperaturas medidas. Além disso, qualquer pessoa com mais de 5 anos era obrigada a usar máscara facial o tempo todo, exceto durante a sessão de fotos. Apenas o Papai Noel permaneceu sem máscara.

    Embora as mudanças possam parecer assustadoras, Jefferson, que faz o Papai Noel há 21 anos, diz que elas oferecem uma oportunidade de ensinar e encorajar as crianças a ficarem seguras.

    “Crianças ouvem o Papai Noel. Os pais sabem disso, todos nós sabemos”, disse Jefferson. “As crianças de hoje estão bem cientes do vírus, então a última coisa que sempre pergunto é: ‘Você está lavando as mãos por 20 segundos todos os dias? Você está usando sua máscara quando sai?’ E eles dizem ‘sim’. Até as crianças de 2 anos dizem ‘sim’.”

    As restrições estaduais suspenderam as visitas pessoais em 21 de novembro, forçando as visitas online. Mas Jefferson está determinado a não deixar que isso estrague o Natal.

    “Como norte-americanos, nós temos que aprender a nos adaptar e superar. Sim, parece diferente, muito diferente, mas ainda é Natal e ainda é divertido”, continuou. “Eu adoro as crianças e seus pequenos abraços e cumprimentos, mas elas sabem o que está acontecendo com a pandemia. Eu mando grandes beijos e elas mandam de volta de volta, e é assim que tem que ser agora”.

    Carmody, Minton e Jefferson são apenas três dos milhares de Papai Noel espalhando alegria este ano. Mas, como qualquer grande Papai Noel, eles não vão deixar nada atrapalhar o espírito natalino – nem os vilões Scrooge e Grinch, e certamente não uma pandemia.

    “Os fatos de 2020 tentaram roubar o espírito do Natal, o amor, a esperança e a alegria”, disse Carmody. “E perderam”.

    (Texto traduzido, leia aqui o original em inglês).