Comitê da ONU acusa Israel de violar tratado global de direitos da criança em Gaza
Grupo afirmou que ações militares do país na área tiveram impacto "catastrófico"
Um comitê da ONU acusou Israel nesta quinta-feira (19) de violações “severas” de um tratado global que protege os direitos das crianças, dizendo que as ações militares do país na Faixa de Gaza tiveram impacto “catastrófico” sobre elas e estão entre as piores violações da história recente.
Mais de 41 mil pessoas foram mortas em Gaza, segundo autoridades palestinas, desde que Israel lançou sua campanha militar em resposta aos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, nos quais 1.200 foram mortos e 250 feitos reféns, de acordo com contagens israelenses.
Autoridades de saúde palestinas disseram no início desta semana que 11.355 dos mortos em Gaza são crianças, com base apenas em mortes totalmente documentadas.
“A morte ultrajante de crianças é quase historicamente única. Este é um lugar extremamente sombrio na história”, alertou Bragi Gudbrandsson, vice-presidente do comitê, aos repórteres.
A delegação de Israel argumentou em uma série de audiências da ONU no início deste mês que o tratado não se aplicava a Gaza ou à Cisjordânia e ressaltou que estava comprometida em respeitar o direito humanitário internacional.
Israel afirma que sua campanha militar em Gaza tem como objetivo eliminar os governantes do Hamas da área e que não tem como alvo civis, mas que os combatentes se escondem entre eles, o que o Hamas nega.
“Matar alvos civis nessa escala é inaceitável, no direito humanitário internacional e também no direito internacional dos direitos humanos. E crianças são sempre civis”, advertiu a presidente do comitê, Ann Skelton.
O Comitê da ONU, composto por quatro integrantes, monitora o cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 — um tratado amplamente adotado que protege menores de 18 anos da violência e outros abusos.