Comandante iraniano é condenado a 13 anos por derrubar avião de passageiros ucraniano
Principal réu no julgamento foi o comandante não identificado do sistema de defesa de mísseis terra-ar Tor M1 que derrubou o avião, matando todas as 176 pessoas a bordo em 2020
Um tribunal em Teerã condenou até 10 militares iranianos no domingo (16) por seu envolvimento na derrubada do voo 752 da Ukraine Airlines em 2020, de acordo com o jornal semioficial Mehr News do Irã.
Mas a sentença foi descartada como uma “decisão falsa” pelas famílias das vítimas, que dizem que as autoridades iranianas falharam em processar os responsáveis finais pelo desastre.
O principal réu no julgamento foi o comandante não identificado do sistema de defesa de mísseis terra-ar Tor M1 que derrubou o avião, matando todas as 176 pessoas a bordo. O comandante foi condenado a 13 anos de prisão, segundo Mehr.
O voo Boeing 737 partiu do Aeroporto Imam Khomeini, em Teerã, em 8 de janeiro de 2020, e seguia para a capital ucraniana, Kiev, quando foi atingido por mísseis antiaéreos logo após a decolagem.
Dias após a queda, as autoridades iranianas admitiram que a Força Aeroespacial do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica abateu o avião por engano, depois que ele foi identificado erroneamente como um míssil de cruzeiro por um operador de defesa aérea.
No veredicto final do tribunal de Teerã no domingo, ele disse que o avião de passageiros foi abatido por “erro humano”. O comandante disparou mísseis contra a aeronave civil duas vezes, “contrário à ordem do posto de comando e outras instruções”, disse o tribunal, segundo Mehr.
Os outros réus considerados culpados eram funcionários do posto de defesa aérea, relatou Mehr.
A Associação de Famílias de Vítimas do Voo PS752, um grupo internacional que busca justiça para os mortos, divulgou um comunicado no domingo dizendo que as famílias das vítimas “nunca reconheceram o tribunal do regime islâmico como um tribunal legítimo”.
O texto alegou que o tribunal falhou em processar os “principais perpetradores” do incidente, em vez disso, processou “dez oficiais de baixo escalão com total obscuridade de seus antecedentes e identidades”.
A associação condenou o julgamento como uma “decisão falsa”, depois que as sessões do tribunal foram realizadas em privado, com as famílias das vítimas ausentes nas audiências. Mais de 70 reclamantes das famílias das vítimas retiraram suas queixas antes da sentença ser proferida e rejeitaram a competência do tribunal, afirmou.
O grupo considera o caso ainda em aberto e exige que a disputa seja apreciada pela Corte Internacional de Justiça.
A queda da aeronave aconteceu em um momento de tensões elevadas com os Estados Unidos, horas depois que o Irã lançou ataques de mísseis balísticos contra uma base dos EUA no Iraque – um ato de retaliação pelo assassinato do comandante da Força Quds iraniana, Qassem Soleimani, por um drone dos EUA.
Na época, milhares de manifestantes antigovernamentais em Teerã foram às ruas para denunciar o acidente, alguns pedindo a remoção do líder supremo do Irã e o julgamento dos responsáveis.
Dos mortos no acidente, 138 viajavam para o Canadá, de acordo com a CBC. Entre as vítimas estavam 82 iranianos, 63 canadenses, 11 ucranianos, 10 suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.