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    Com Trump, republicanos podem perder no Texas pela 1ª vez desde 1976

    Harry Enten, da CNN

    Novas pesquisas da CBS News/YouGov mostram que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está com problemas em três estados em que venceu na última eleição. Ele está empatado com o ex-vice-presidente Joe Biden no Arizona (46% a 46%), um estado em que ganhou com uma vantagem de quatro pontos em 2016. Além disso, também Trump caiu de 48% para 42% na Flórida, um estado em que ele venceu por um ponto em 2016.

    Mas é o terceiro estado, o Texas, de onde vem o pior resultado. Enquanto Trump tem 46%, Biden registra 45%, um resultado ruim para Trump qualquer que seja a margem de erro.

    É bastante claro que o Texas está se tornando um estado dividido nas eleições de 2020.  A campanha de 2020 pode ser a primeira vez que os democratas conquistam o estado em uma eleição presidencial desde 1976.

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    A pesquisa da CBS News/YouGov não foge do padrão do último mês. Houve oito pesquisas divulgadas desde o início de junho. O resultado geral é que Biden e Trump estão praticamente empatados, com uma média de distância de apenas 0,3 pontos.

    É importante ressaltar que, diferentemente de outros estados, as pesquisas no Texas não superestimaram os democratas nas últimas eleições. Ao contrário: os resultados das eleições presidenciais de 2016 e as do Senado, em 2018, mostraram que democratas superaram as estimativas.

    As coisas podem mudar quanto mais próximas as eleições estiverem – mas o Texas é realmente competitivo neste momento.

    O Texas se tornou progressivamente mais competitivo quando Trump se tornou candidato, em 2016. Dois anos depois, uma grande vitória em todo o estado escapou dos democratas, embora a maior parte das disputas nas eleições de 2018 tenham chegado ao fim com menos de 10% de diferença – a primeira vez em uma geração.

    Na verdade, o estado parecia que estava se movendo para a esquerda em 2018, já que alguns democratas conseguiram vitórias em algumas corridas importantes do Congresso.

    Uma vitória de Biden, portanto, seria uma manifestação dessa tendência em nível estadual.

    Quatro anos atrás, Hillary Clinton perdeu no Texas por nove pontos. Ela foi a primeira candidata presidencial democrata a ter uma derrota no estado por menos de dois dígitos desde os anos 90.

    Se olharmos em âmbito nacional, veremos que Biden subiu cerca de 10 pontos percentuais em comparação à vitória de Clinton (no geral) por dois pontos, em 2016. Ao observarmos o resultado do Texas, Biden diminui a diferença a Trump para apenas um ponto.

    E há razões para pensar que Biden pode estar se saindo ainda melhor do que essa mudança de oito pontos.

    Em 2018, o democrata Beto O’Rourke chegou a ficar apenas três pontos de derrubar o senador republicano Ted Cruz. Foi o melhor desempenho democrata em uma corrida no Senado do Texas desde 1988.

    Não foi apenas O’Rourke que chegou perto. Os candidatos democratas a procurador-geral e tenente-governador terminaram a menos de cinco pontos de seus oponentes republicanos.

    Como observei no ano passado, a razão pela qual os democratas estão indo tão bem no Texas é uma mudança entre os eleitores brancos com educação superior. Se observa isso melhor nos subúrbios de Austin, Dallas e Houston, onde O’Rourke se saiu desproporcionalmente melhor do que os candidatos democratas ao Senado seis anos antes.

    De fato, a população de eleitores brancos do Texas é muito bem-educada. Um cálculo feito por Nate Cohn, do New York Times, revela que pouco mais de 42% dos prováveis eleitores brancos de 2020 no Texas têm um diploma universitário. Essa é a 13ª maior parcela do país e o maior percentual de qualquer estado em que Trump venceu em 2016.

    Eu espero que a tendência de alta nessas áreas com formação universitária do Texas se confirme em 2020. Muitos dos ganhos de Biden em comparação a Clinton ocorrem entre os brancos com diploma universitário. Nas pesquisas nacionais de junho, Biden subiu 22% nesse grupo.

    Agora, também há razões pelas quais devemos ser céticos em relação a um grande investimento de tempo ou dinheiro no Texas por Biden. Afinal, se você não quiser ser grande no Texas, é melhor voltar para casa. Considerando o tamanho do Estado para fazer campanha, o custo da propaganda também é muito alto.

    Um problema para Biden é que ele parece estar tendo dificuldades com os eleitores hispânicos em âmbito nacional – e há muitos deles no Texas. Embora Biden conquiste cerca de 30% deles em todo o país, ele não está conseguindo obter as mesmas margens que Clinton obteve em 2016.

    Além disso, eu não esperaria que o Texas fosse o estado mais cobiçado no colégio eleitoral. Biden certamente está em uma posição mais forte em outros seis estados chave (Arizona, Flórida, Michigan, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin), onde as médias o colocam em vantagem entre três a dez pontos de Trump.

    Ainda assim, Texas tem 38 votos no colégio eleitoral e uma série de disputas eleitorais que poderiam ser atraentes para Biden.

    Há uma corrida no Senado que é, pelo menos, um pouco competitiva. O senador republicano John Cornyn tem vantagem de seis pontos (contra Royce West) e oito pontos (contra MJ Hegar), seus dois adversários em potencial na pesquisa da CBS New/YouGov.

    Além disso, até seis cadeiras republicanas ocupadas na Câmara podem ir para os democratas em 2020, de acordo com as atuais pesquisas. Muitos desses votos estão nos subúrbios acima mencionados.

    Por isso, os democratas têm uma chance real de virar o jogo na Câmara com o estado do Texas. Para isso, eles precisariam retirar, pelo menos, 10 assentos e especialistas estão vendo isso como algo bem possível.

    Isso seria algo grande para a política estadual e também nacional, uma vez que o Texas tem mais membros na Câmara do que qualquer outro estado, exceto a Califórnia.

    Logo, o ponto principal é que o Texas é um terreno fértil para os democratas em 2020. Biden precisa decidir se ele realmente deseja competir. De qualquer forma, ele tem uma chance real de vencer e uma chance de reescrever o mapa político para este ano e para as gerações futuras.

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