Com tensão aumentada, EUA planejam fechar últimos consulados na Rússia
Governo Trump enviou ao Congresso o projeto de fechar os consulados restantes do país na Rússia. Nesta semana, Moscou foi acusada por ataque cibernético
A administração Trump informou ao Congresso dos Estados Unidos sobre o plano de fechar os dois consulados restantes do país na Rússia.
Em notificação datada de 10 de dezembro, o Departamento de Estado dos EUA disse aos legisladores que pretende fechar o consulado em Vladivostok e suspender as operações no consulado em Yekaterinburg.
Os fechamentos deixariam os EUA com apenas um posto diplomático na Rússia – a Embaixada dos EUA em Moscou – em um momento de tensões aumentadas entre as duas nações. O anúncio do plano também chega pouco antes da posse do presidente eleito Joe Biden.
Apenas nesta semana – depois que o aviso foi enviado ao Congresso – surgiram notícias de um ataque cibernético generalizado e contínuo contra várias agências do governo federal, bem como várias empresas da Fortune 500. O ataque é suspeito de ter ligações com a Rússia.
De acordo com a notificação, que foi obtida pela CNN americana nesta sexta-feira (18), o Departamento de Estado disse que “retende tomar essas medidas “em resposta aos desafios de pessoal em curso para a Missão dos EUA na Rússia, na esteira do limite de pessoal imposto pela Rússia em 2017 sobre a missão dos EUA”.
A nota também cita “o impasse resultante com a Rússia sobre vistos diplomáticos”.
Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou as medidas pretendidas, dizendo que “o Secretário de Estado, em estreita consulta com o Embaixador John Sullivan, decidiu fechar o Consulado Geral dos EUA em Vladivostok e suspender as operações no Consulado Geral dos EUA em Yekaterinburg como parte de nosso esforços em andamento para garantir a operação segura da missão diplomática dos EUA na Federação Russa. “
“A decisão do Departamento sobre os consulados dos EUA na Rússia foi tomada para otimizar o trabalho da missão dos EUA na Rússia”, disse o porta-voz na sexta-feira. “O realinhamento resultante de pessoal na Embaixada dos Estados Unidos em Moscou nos permitirá avançar nossos interesses de política externa na Rússia da maneira mais eficaz e segura possível.”
“Nenhuma ação relacionada aos consulados russos nos Estados Unidos está planejada”, acrescentaram.
A notificação do Congresso diz que 10 diplomatas americanos designados para os consulados serão transferidos para a embaixada em Moscou e os 33 funcionários locais serão dispensados. O aviso dizia que, uma vez concluído o procedimento de notificação ao Congresso, os consulados, “com o apoio da Embaixada de Moscou, planejam iniciar os procedimentos para remover todo o material sensível do consulado, incluindo equipamentos de informática e material consular controlado”.
O departamento suspendeu temporariamente as operações em março no consulado em Vladivostok devido à pandemia do novo coronavírus. O governo russo forçou o fechamento do consulado dos EUA em São Petersburgo em 2018 em uma ação de retaliação.
Agora, com o planejado fechamento dos dois consulados restantes – que foi relatado pela primeira vez pela Associated Press (AP) – todos os serviços para cidadãos americanos serão executados em Moscou.
O Departamento de Estado disse aos legisladores que “o fechamento planejado não afetaria adversamente a capacidade da Missão de promover os interesses nacionais dos EUA, ajudar os cidadãos dos EUA ou de conduzir uma supervisão adequada dos programas porque todas essas funções ontinuariam a ser desempenhadas pela Embaixada dos EUA em Moscou.”
Não está claro quando os fechamentos serão concluídos ou se serão finalizados antes de Biden tomar posse no próximo mês. O presidente eleito disse que ele e sua equipe estão preparando uma “estratégia de imposição de custos” para responder à Rússia por suas medidas disruptivas, incluindo o ciberataque se Moscou for considerada responsável.
Essas medidas incluirão, mas não se limitarão a sanções, segundo uma fonte próxima a Biden.
* Kylie Atwood, da CNN, contribuiu para esta reportagem