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    Com risco de intervenção militar de países vizinhos, brasileiros deixam o Niger

    Grupo de oito pessoas recebeu apoio do governo francês para deixar o país e chegou nesta sexta-feira a Paris; mais nove brasileiros optaram por permanecer e serão monitorados pelo Itamaraty

    Manifestação contra sanções na capital do Níger, Niamei
    Manifestação contra sanções na capital do Níger, Niamei 3/8/2023 REUTERS/Mahamadou Hamidou

    Fábio Mendesda CNN

    São Paulo

    A situação política no Níger escalou para o risco de um conflito internacional envolvendo os países vizinhos. Com o novo foco de tensão, um grupo formado por oito brasileiros deixou o país e chegou nesta sexta-feira (04) a Paris, com o apoio do governo francês.

    A França iniciou nesta semana a operação de evacuação de seus cidadãos e também de estrangeiros no Níger, que vive momentos de tensão política desde o último dia 26, quando um grupo de militares depôs o presidente Mohamed Bazoum do poder. Os oito brasileiros integravam o grupo de estrangeiros que recebeu amparo francês para deixar o território nigerense e foram recebidos por funcionários do Consulado-Geral do Brasil ao aterrissar em Paris.

    De acordo com o Itamaraty, outros nove brasileiros optaram por permanecer no país. Eles mantêm contato com a Embaixada do Brasil em Cotonou, no Benin.

    Bazoum está mantido sob poder da Guarda Presidencial no palácio de governo. Desde então, o país vem sendo conduzido por uma junta militar, chefiada pelo general Abdourahamane Tiani. Ainda na semana passada, eles anunciaram a consolidação do golpe, declarando extinta a constituição vigente e várias instituições do país.  

    Níger: general se apresenta como novo líder do país

    Desde então, a junta militar vem sofrendo forte pressão internacional para abdicar do golpe e reconduzir Bazoum ao poder. Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira que suspendeu alguns programas de assistência ao Níger. Em comunicado, o secretário de estado Antony Blinken garantiu que essas sanções não afetam a ajuda humanitária à população, que será mantida.  

    “Continuamos comprometidos em apoiar o povo do Níger para ajudá-lo a preservar sua democracia duramente conquistada e reiteramos nosso apelo à restauração imediata do governo democraticamente eleito do Níger”, diz a nota da Secretaria de Estado.  

    Mais duro é o posicionamento das nações vizinhas. Esta semana, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) decretou um ultimato para a recondução do presidente Mohamed Bazoum ao poder e informou que se a determinação não for cumprida até domingo haverá uma incursão militar ao Níger com tropas dos países membros.  

    Uma delegação chefiada pela Nigéria foi designada para realizar negociações com a junta militar do Níger. O grupo chegou à capital Niamei na quinta-feira, mas ainda não houve um informe oficial sobre o resultado das consultas.

    Conflitos constantes

    O Níger é um dos países com os mais baixos índices de Desenvolvimento Humano da África Ocidental. No entanto, é um país rico em minérios, sobretudo urânio, que é muito utilizado como fonte de energia nuclear pelos países desenvolvidos. Por isso, as nações ocidentais se mostram muito interessadas na estabilidade política do país. 

    A França que colonizou o país até 1960, continua tendo um peso importante no país. O governo francês é o principal comprador de urânio, que utiliza para abastecer suas usinas nucleares. A França é um dos países europeus que mais utiliza essa fonte energética e, por isso, não possui dependência do gás natural russo.  

    Para manter a sua matriz energética em funcionamento, a França exerce influência sobre os rumos políticos do país e apoia fortemente o regime democraticamente eleito de Bazoum.  

    O presidente do Níger, no entanto, enfrentava o descontentamento da população por não conseguir conter os fundamentalistas islâmicos, que realizam diversos ataques terroristas no país. Essa impopularidade estimulou os militares do país a sacramentar o golpe, prometendo linha dura contra os insurgentes radicais.  

    Com isso, a junta militar obteve apoio de parte da população. Esses apoiadores criticam a França por interferirem nos rumos do país sem, no entanto, colaborar ativamente no combate ao fundamentalismo. Por outro lado, celebram as ações da Rússia no país.  

    A chegada do grupo paramilitar Wagner é vista com bons olhos e esse segmento dos nigerenses acreditam que os mercenários conseguirão derrotar os terroristas.