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    Com menor taxa de natalidade do mundo, Coreia do Sul se prepara para o envelhecimento da população

    Número de creches no país encolheu em quase um quarto nos últimos anos, refletindo a baixa eficácia da campanha nacional para encorajar casais a terem mais bebês

    Dois idosos conversam em um banco em Seul, Coreia do Sul, em 11 de maio de 2023.
    Dois idosos conversam em um banco em Seul, Coreia do Sul, em 11 de maio de 2023. Anthony Wallace/AFP/Getty Images

    Jessie YeungYoonjung Seoda CNN

    Seul, Coreia do Sul

    A Coreia do Sul está envelhecendo – e suas instalações de atendimento estão mudando para acompanhar.

    O número de creches no país encolheu quase um quarto em apenas alguns anos, refletindo a campanha malsucedida das autoridades para encorajar os casais a terem mais bebês.

    Em 2017, havia mais de 40.000 creches, de acordo com novos números do governo divulgados na última sexta-feira – até o final do ano passado, esse número havia caído para cerca de 30.900.

    Enquanto isso, à medida que a população envelhece rapidamente, o número de instituições para idosos aumentou de 76.000 em 2017 para 89.643 em 2022, de acordo com o ministério da saúde e bem-estar do país.

    As instalações para idosos incluem lares de idosos, hospitais especializados e agências de bem-estar que ajudam os idosos a navegar pelos serviços sociais. Enquanto isso, as creches listadas incluem serviços públicos, privados e corporativos.

    A mudança ilustra um problema de anos que a Coreia do Sul não conseguiu reverter. Tem uma das populações que mais envelhecem e a menor taxa de natalidade do mundo, que vem caindo continuamente desde 2015, apesar das autoridades oferecerem incentivos financeiros e subsídios de moradia para casais com mais bebês.

    Crianças fotografadas em Seul, Coreia do Sul, em 23 de novembro de 2021. / Anthony Wallace/AFP/Getty Images

    Especialistas atribuem essa baixa taxa de natalidade a vários fatores, incluindo culturas de trabalho exigentes, salários estagnados, aumento do custo de vida, ônus financeiro de criar filhos, mudança de atitudes em relação ao casamento e à igualdade de gênero e crescente desilusão entre as gerações mais jovens.

    No final dos anos 2000, o governo começou a alertar que eram necessárias medidas políticas para encorajar as famílias a crescer. Em setembro passado, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol admitiu que mais de US$ 200 bilhões foram gastos tentando aumentar a população nos últimos 16 anos.

    Mas até agora nada funcionou – e os efeitos têm sido cada vez mais visíveis no tecido social e no dia a dia.

    Muitas escolas de ensino fundamental e médio estão fechando em todo o país devido à falta de crianças em idade escolar, segundo a agência de notícias coreana Yonhap, citando o ministério da educação.

    Os números do órgão oficial de estatísticas do país mostram que o número geral de escolas de ensino fundamental e médio permaneceu estagnado por anos, aumentando apenas algumas dezenas desde 2015.

    Em Daejeon, ao sul de Seul, uma dessas escolas abandonadas se tornou um local popular para fotógrafos e exploradores urbanos; as imagens mostram corredores estranhamente vazios e um pátio de escola coberto por grama selvagem.

    Um fotógrafo do lado de fora de uma escola abandonada perto de Daejeon, Coreia do Sul, em 22 de março de 2014. / Ed Jones/AFP/Getty Images

    Crises semelhantes foram observadas em outros países do Leste Asiático com queda nas taxas de natalidade. Uma aldeia no Japão passou 25 anos sem registrar um único nascimento. A chegada de um bebê em 2016 foi anunciada como um milagre, com idosos marchando até a casa do bebê para segurá-lo.

    Enquanto isso, a expansão da população idosa da Coreia do Sul significou uma explosão na demanda por serviços para idosos, pressionando um sistema que luta para se manter atualizado.

    A Coreia do Sul tem a maior taxa de pobreza entre os idosos entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com mais de 40% das pessoas com mais de 65 anos enfrentando “pobreza relativa”, definida pela OCDE como tendo renda inferior a 50% do rendimento médio disponível do agregado familiar.

    “Na Coreia, o sistema previdenciário ainda está amadurecendo e as gerações atuais ainda têm pensões muito baixas”, escreveu a OCDE em um relatório de 2021.

    Os especialistas apontam para outros fatores, como as tendências econômicas globais, o colapso das antigas estruturas sociais que obrigavam os filhos a cuidar de seus pais e o apoio insuficiente do governo para aqueles que lutam financeiramente.

    Isso significa que muitos idosos sem-teto – parte de uma geração que ajudou a reconstruir o país após a Guerra da Coreia – precisam buscar ajuda em abrigos e refeitórios.

    O rápido aumento de instalações para idosos nos últimos anos pode ajudar a aliviar alguns desses problemas. Mas as preocupações de longo prazo permanecem sobre o futuro da economia da Coreia, à medida que o número de jovens trabalhadores – que são cruciais para sustentar os sistemas de saúde e pensões – diminui lentamente.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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