Com escalada no conflito entre Armênia e Azerbaijão, Irã teme guerra regional
Declaração foi feita depois que a imprensa do país informou que bombas perdidas do conflito em Nagorno-Karabakh caíram em vilarejos próximos à fronteira do Irã
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, alertou nesta quarta-feira (7) que o conflito entre o Azerbaijão e os armênios étnicos no Cáucaso Sul pode desencadear uma guerra regional. O número de mortos aumentou nesta manhã, 11º dia de hostilidades.
Em uma reunião de gabinete, Rouhani disse que é “totalmente inaceitável” que qualquer bomba de morteiro ou míssil caia em solo iraniano. A declaração foi feita depois que a imprensa do país informou que bombas perdidas do conflito em Nagorno-Karabakh caíram em vilarejos próximos à fronteira noroeste do Irã, ferindo uma criança e danificando prédios.
“Precisamos estar atentos para que uma guerra entre Armênia e Azerbaijão não se torne uma guerra regional. A paz é a base do nosso trabalho e esperamos restaurar a estabilidade na região de forma pacífica”, afirmou Rouhani. “Nossa prioridade é a segurança de nossas cidades e vilarejos.”
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O mandatário disse também que o Irã, que faz fronteira com Armênia e Azerbaijão, não vai permitir que estados “enviem terroristas para nossas fronteiras sob variados pretextos”.
Os comentários foram feitos após acusações de alguns países, como a França, de que a Turquia enviou jihadistas sírios à região. Os turcos, aliados dos azeris e apoiadores dos rebeldes que combatem as forças do governo sírio, negam.
Mais de 300 mortos
O conflito entre Armênia e Azerbaijão começou no dia 27 de setembro em Nagorno-Karabakh – que segue as leis azeris, mas é populada e governada pelos armênios étnicos. Até o momento, mais de 300 pessoas morreram na região e proximidades.
Em um novo pedido por cessar-fogo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse em uma entrevista televisionada que os eventos são uma tragédia e Moscou está profundamente preocupado.
Serguei Naryshkin, líder do Serviço de Inteligência Estrangeira SVR da Rússia, afirmou nessa terça que o conflito estava atraindo pessoas que ele descreveu como mercenários e terroristas do Oriente Médio. Para Naryshkin, Nagorno-Karabakh pode se tornar uma plataforma para militantes islâmicos entrarem na Rússia e outros países na região.
Já o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, disse nesta quarta que as ações da Turquia e Azerbaijão durante o conflito correspondem a um “ataque terrorista”. “Para mim, não há dúvida de que isso é uma política para continuar com o genocídio armênio e reinstaurar o império turco.”
(Com Reuters)