Colonos israelenses invadem vila, matam palestino e ferem mais 12 na Cisjordânia
Ataque aconteceu em Turmusayya e deixou ainda outras 12 pessoas feridas e carros queimados nesta quarta-feira; na noite anterior outro ataque aconteceu, deixando dezenas de feridos
Centenas de colonos israelenses atacaram a vila palestina de Turmusayya, na Cisjordânia ocupada, nesta quarta-feira (21), um dia após a morte de quatro colonos nas proximidades, segundo o prefeito da vila.
Um homem palestino foi morto, disse o Ministério da Saúde palestino. A TV Palestina o identificou como Omar Quttain, 27.
Ao menos 12 pessoas da cidade ficaram feridas por fogo real, disse o prefeito Adeeb Laffi, pouco antes do anúncio da morte de Quttain. Ele disse que colonos mascarados estavam incendiando carros e casas.
O ministério da saúde disse que três pessoas chegaram a um hospital em Ramallah com ferimentos nos membros inferiores devido a tiros reais. “O exército israelense não está fazendo nada para detê-los”, disse Laffi, referindo-se aos colonos.
Turmusayya fica a menos de oito quilômetros de Eli, onde os quatro israelenses foram mortos na terça-feira.
Laffi disse que mais de 50 veículos e 15 casas foram incendiados em sua aldeia por colonos israelenses que chegaram à cidade após as orações muçulmanas do meio-dia.
Muitos dos colonos usavam máscaras e portavam armas, disse ele.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que os civis israelenses “queimaram veículos e bens pertencentes aos palestinos” em Turmusayya, e que os militares “condenam esses graves incidentes de violência e destruição de propriedade”.
O IDF disse que as forças de segurança “entraram na cidade para extinguir os incêndios, evitar confrontos e coletar evidências” e que a Polícia de Israel abriu uma investigação sobre o evento, de acordo com um comunicado.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu na quarta-feira que seu país era uma “nação de leis”, após os ataques aos colonos.
“Todos os cidadãos de Israel são obrigados a obedecer à lei. Não permitiremos distúrbios”, disse Netanyahu. “Não vamos aceitar provocações à polícia ou às forças de segurança nestes locais ou em qualquer outro lugar. Nós somos uma nação de leis.”
Ataques noturnos
O ataque ocorre depois que uma autoridade palestina que monitora a violência de colonos contra palestinos no norte da Cisjordânia disse que dezenas de moradores foram feridos durante a noite em ataques a colonos.
Ao menos 37 moradores foram feridos por balas reais ou revestidas de borracha, pedras ou gás lacrimogêneo, de acordo com o oficial Ghassan Douglas.
Ele disse que 147 veículos foram danificados com pedras ou incendiados, incluindo uma ambulância, e que 23 casas e 16 lojas foram danificadas e plantações incendiadas nos campos.
A violência foi uma reminiscência dos ataques de colonos dentro e ao redor da vila de Huwara em fevereiro, em resposta ao assassinato de dois irmãos colonos israelenses na vila. A violência de fevereiro foi tão severa que o comandante das forças israelenses na Cisjordânia a chamou de “pogrom”, evocando memórias históricas de violência étnica contra judeus.
Os ataques durante a noite de terça-feira ocorreram em uma ampla área no norte da Cisjordânia, de Turmusayya, a leste de Ramallah, a Deir Sharaf, a oeste de Nablus, disse ele. A área fica a cerca de 50 quilômetros (30 milhas) ao norte de Jerusalém.
Diferentes autoridades israelenses enviaram mensagens diferentes após o tiroteio de terça-feira contra os colonos, que incluía dois adolescentes, um homem de 20 anos e um homem de 60 anos.
O porta-voz chefe das Forças de Defesa de Israel (IDF), contra-almirante Daniel Hagari, exortou as pessoas a não fazerem justiça com as próprias mãos.
Mas o ministro da Segurança Nacional de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, falando no local dos assassinatos perto de Eli, pediu aos colonos que se armassem para evitar que se tornassem alvos fáceis de ataques palestinos.
Na segunda-feira, um ataque israelense em Jenin, uma das cidades mais tensas da Cisjordânia ocupada, irrompeu em um intenso tiroteio que deixou pelo menos sete palestinos mortos e dezenas de feridos.
No dia seguinte, dois pistoleiros palestinos mataram a tiros os quatro israelenses perto de Eli. Ambos os homens armados foram posteriormente mortos pelas forças israelenses. O Hamas, o movimento militante palestino, reivindicou os dois homens armados como membros. Ele disse que o ataque foi “uma resposta natural” ao ataque israelense a Jenin no dia anterior.
(Com colaboração de Hadas Gold)