Colômbia e Venezuela devem reabrir comércio de carga em dois grandes cruzamentos
Caracas rompeu relações com Bogotá em 2019, depois que ativistas da oposição venezuelana tentaram enviar caminhões de ajuda da Colômbia
A Colômbia e a Venezuela devem reabrir na segunda-feira (26) o transporte de carga em duas grandes passagens de fronteira, potencialmente permitindo bilhões de dólares em comércio após anos de frias relações bilaterais e laços econômicos fortemente restringidos.
A reabertura – que fará com que mercadorias como carvão, papel higiênico e frutas sejam transportadas por cruzamentos entre a cidade colombiana de Cúcuta e o estado venezuelano de Táchira – foi uma promessa chave de campanha do novo presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro.
Petro está definido para marcar a reabertura em Cúcuta. Não ficou claro se o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, compareceria.
Um cronograma oficial das autoridades de Táchira disse que as mercadorias começariam a ser transportadas além-fronteiras às 9h, horário local.
Quatro caminhões da empresa Transporte Condor foram carregados com papel higiênico, copos plásticos, suprimentos médicos e têxteis para atravessar na manhã desta segunda-feira (26) de Cúcuta.
As mercadorias, pesando 120 toneladas, estão avaliadas em cerca de US$ 80.000 (cerca de R$ 428.808), disse o gerente Diego Bohorquez.
Testemunhas da Reuters viram caminhões carregados com o que parecia ser alumínio indo para a Colômbia.
A fronteira já foi aberta para pedestres, com muitos venezuelanos atravessando para comprar bens básicos em meio à longa crise econômica de seu país.
Anteriormente, o transporte de carga só era permitido através de uma travessia do norte.
A fronteira tem sido o lar de dezenas de travessias irregulares, contrabando de combustível e alimentos, além do tráfico de drogas.
Os comerciantes de ambos os lados da fronteira de 2.219 quilômetros aguardam ansiosamente a normalização desde a eleição de Petro em junho, esperando que o comércio aberto lhes permita acesso a matérias-primas e novos clientes.
O comércio entre os dois países pode totalizar mais de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões) este ano, disse o governo colombiano. Ele totalizou US$ 7 bilhões (cerca de R$ 37,5 bilhões) em 2008, antes do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, congelá-lo para protestar contra um acordo militar Bogotá-Washington.
Caracas rompeu relações com Bogotá em 2019, depois que ativistas da oposição venezuelana tentaram enviar caminhões de ajuda da Colômbia. O governo de Maduro disse que era uma fachada para uma tentativa de golpe.