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    Clima no planeta tem debate paralelo à Assembleia da ONU em Nova York

    Encontro mostra a tendência das empresas para cumprir os compromissos dos governos na Conferência do Clima (COP 26)

    Importância dos povos indígenas na preservação da Amazônia é valorizada, mas sofre com o avanço dos garimpos
    Importância dos povos indígenas na preservação da Amazônia é valorizada, mas sofre com o avanço dos garimpos Marizilda Cruppe/Amazônia Real/Amazon Watch

    Adriana Freitasda CNN

    No Rio de Janeiro

    Paralelamente à Assembleia-Geral da ONU, é realizado o Climate Week (Semana do Clima) em Nova York. Embora não faça parte do calendário oficial das negociações climáticas das Nações Unidas, ela mostra a tendência das empresas e organizações para cumprir os compromissos que os governos devem reforçar na Conferência do Clima (COP 26) que acontecerá em novembro em Glasgow (Escócia).

    Os participantes brasileiros apostam no protagonismo da questão indígena e nas Soluções baseadas na Natureza (SbN), como o mercado de carbono, durante a Semana do Clima, nos Estados Unidos.

    Para Marcelo Furtado, professor visitante da Universidade de Columbia e um dos fundadores da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, a importância dos povos indígenas para a preservação da Amazônia – que ainda é um dos grandes sorvedouros naturais de carbono do mundo – tem reconhecimento internacional.

    “Hoje vivemos uma interação da agenda da biodiversidade, clima e desenvolvimento econômico. Vemos que eram trilhas separadas e que finalmente estão se juntando”, sintetiza.

    Outro tema que deve chamar a atenção são as Soluções baseadas na Natureza (SbN). Existe atualmente, no âmbito das negociações climáticas, uma grande discussão sobre os mecanismos do mercado de carbono, em que há preocupações com salvaguardas para garantir a integridade dos créditos e evitar dupla contagem, e outros problemas. A partir deste debate, começa a emergir a preocupação com o que podem ser os aprendizados para pagamentos pelos serviços da natureza.

    Garantir a operação de uma economia que respeite os limites planetários e atue sobre uma base socialmente justa não é uma preocupação apenas de ambientalistas: como os desajustes nas cadeias de suprimentos provocados pela pandemia mostraram, a escassez de matéria-prima é um dos mais graves riscos às empresas e aos seus investidores.

    “No caso do desmatamento, por exemplo, eles começaram a pressionar governos e empresas pelo fim do desmate como um todo, e não apenas do ilegal. Querem que os governos assumam planos públicos e transparentes de descarbonização e esta semana teremos um termômetro do quanto as companhias estão engajadas”, explica Furtado.

    A justiça climática, especialmente a questão racial, também deve ter relevância nos debates, devido ao crescente reconhecimento de que o racismo está presente nas questões sobre a mudança do clima.

    A leitura mais tradicional sobre justiça climática aborda a falta de condições de países pobres para a mitigação e a adaptação à mudança do clima. Há, no entanto, uma interpretação mais contemporânea, que é a desigualdade social encontrada nas políticas para a área em nações pobres ou ricas.

    A desigualdade promove maior vulnerabilidade, como nas periferias das grandes cidades, onde negros e pobres estão mais expostos a eventos extremos. Os governos, assim, enfrentam o desafio de abordar a discussão do clima com uma visão que abrigue também as questões sociais, raciais e econômicas.