Ciberataque força hospital dos EUA a enviar ambulâncias para outros lugares
Hospital com 88 leitos fica em Idaho e está há mais de 24 horas tentando reestabelecer o sistema; médicos e enfermeiros precisaram usar caneta e papel para os prontuários dos pacientes
Um hospital em Idaho, nos Estados Unidos, está desviando ambulâncias para outros hospitais há mais de 24 horas por causa de um ataque cibernético, confirmou um porta-voz do hospital à CNN na quarta-feira (31), no exemplo mais recente de um incidente de hacking que complicou os sistemas de saúde nos EUA.
O ataque cibernético ocorreu na segunda-feira (29) e forçou enfermeiros e médicos do Idaho Falls Community Hospital, um hospital com 88 leitos no leste do estado, a usar caneta e papel em vez de computadores para os prontuários dos pacientes, disse o porta-voz do hospital, Brian Ziel, à CNN.
O hospital ainda está cuidando dos pacientes e os funcionários estão “trabalhando contra o relógio” para restaurar totalmente os sistemas computadorizados, disse ele.
Não ficou imediatamente claro se o ciberataque envolveu o chamado ransomware, no qual os computadores são bloqueados para que os hackers possam exigir pagamentos. Ziel disse que não tinha conhecimento de nenhum pedido de resgate feito ao hospital.
Durante a pandemia de coronavírus, ransomware e outros ataques cibernéticos dificultaram o atendimento a pacientes em hospitais americanos, que geralmente estão mal equipados para lidar com eles.
Também não está claro quando o hospital poderá aceitar pacientes de ambulância ou quantas ambulâncias foram desviadas, disse Ziel, acrescentando que o departamento de emergência está aceitando pacientes que chegam por conta própria.
O ataque cibernético também prejudicou os sistemas de computador do Mountain View Hospital, que pertence à mesma propriedade do Idaho Falls Community Hospital.
“Ambos os hospitais permanecem abertos e estão cuidando com segurança de todos os seus pacientes e a grande maioria das clínicas está atendendo os pacientes normalmente”, disseram os hospitais em nota na tarde de quarta-feira.
Hackers da Coreia do Norte, Rússia e Irã atacaram provedores de saúde nos Estados Unidos nos últimos anos, muitas vezes em uma tentativa de arrancar dinheiro de organizações que não podem se dar ao luxo de serem interrompidas. Alguns especialistas do setor suspeitam que os hospitais estejam discretamente pagando resgates a hackers em ataques que não são denunciados.
A gigante da tecnologia, Microsoft, usou em abril uma ordem judicial federal para tentar cortar o acesso dos cibercriminosos a uma ferramenta de hacking que foi usada em quase 70 ataques de ransomware em organizações de saúde em mais de 19 países.
Funcionários federais e especialistas em saúde há muito se preocupam com o fato de que ataques de ransomware possam degradar a qualidade do atendimento que os pacientes recebem nos hospitais.
Um estudo recente realizado por médicos da Universidade da Califórnia, em San Diego, descobriu que um ataque de ransomware em um sistema de saúde local tem efeitos em cascata em hospitais regionais, aumentando o tempo de espera nas salas de emergência e prolongando a permanência dos pacientes no hospital.