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    China: homem raptado na infância reencontra família após desenhar vila onde morava

    Li Jingwei foi sequestrado em 1988, aos quatro anos, e divulgou recentemente na internet um desenho da vila onde vivia com os pais biológicos

    Jessie Yeungda CNN

    Após ter sido sequestrado quando criança, há mais de 30 anos, na China, um homem se reencontrou com seus pais nesta semana – graças às redes sociais, detetives online e um mapa desenhado por ele de memória.

    Em 1988, Li Jingwei tinha apenas quatro anos quando foi sequestrado por um homem que conhecia da pequena região em que sua família vivia, no sudoeste da província de Yunnan. Ele foi levado para viver com outra família na província central de Henan, segundo a estatal de comunicação The Paper.

    Ainda quando criança, Li percebeu que tinha sido levado para longe de casa – mas não tinha como voltar, mesmo quando ficou mais velho, disse ele ao The Paper. Ele não se lembrava de seu nome de nascimento, dos nomes de seus pais ou do nome de sua aldeia.

    Mas ele se lembrava de como era sua aldeia natal: onde árvores cresciam, vacas pastavam, estradas eram sinuosas rios corriam. Ele se lembrou dos arrozais e lagos perto de sua casa, e onde brotos de bambu cresciam na montanha próxima. Quando criança, sempre que estava triste ou com saudade de casa, ele fazia um desenho de sua aldeia – eventualmente desenhando pelo menos uma vez por dia; ele disse ao jornal.

    O sequestro de crianças é desenfreado na China há muito tempo, é um problema que especialistas dizem ter sido agravado pela política do país de filho único, que foi relaxada nos últimos anos. Durante décadas, aqueles que tiveram um segundo filho receberam multas pesadas ou foram obrigados a abortar.

    Muitas famílias chinesas – especialmente aquelas nas áreas rurais – tradicionalmente consideravam os meninos mais capazes de sustentar e continuar a linhagem familiar. Essa demanda gerou um mercado negro para meninos e levou muitas famílias a dar meninas para adoção.

    Nos últimos anos, a tecnologia, a mídia social e os departamentos de polícia dedicados ao assunto ajudaram vários sequestrados, agora adultos, a se reunirem com suas famílias biológicas. Um caso de destaque foi Guo Xinzhen, que foi sequestrado em 1997 aos 2 anos de idade.

    A busca desesperada de seus pais em todo o país para encontrá-lo inspirou um filme – e, no verão passado, sua descoberta e seu reencontro amplamente divulgado.

    As histórias de sucesso recentes inspiraram Li a tentar novamente encontrar seus pais. Então, ele desenhou um mapa da memória de sua aldeia natal e o compartilhou online. Sua prática de infância de desenhar diariamente valeu a pena: o esboço mostra um nível notável de detalhes incluindo caminhos sinuosos, casas e rodovias – até mesmo uma etiqueta mostrando onde um búfalo viveu.

    “Já se passaram tantos anos, não sei se alguém da minha família está procurando por mim”, disse Li em um vídeo postado na plataforma de vídeo chinesa Douyin. “Eu quero conseguir ver meus pais novamente, enquanto eles ainda estão aqui.”

    A foto foi amplamente divulgada nas redes sociais, atraindo a atenção do Ministério da Segurança Pública, que se envolveu na investigação, de acordo com o The Paper e outros veículos da mídia estatal.

    Logo, as autoridades localizaram a suspeita mãe biológica de Li na cidade de Zhaotong, Yunnan. As autoridades coletaram amostras de seu DNA para comparar e confirmaram sua relação em 28 de dezembro.

    Após a comparação do DNA, Li fez uma videochamada com sua mãe e a reconheceu imediatamente. “Minha mãe e eu temos os mesmos lábios, até meus dentes”, disse ele. Vários dias depois, na manhã de 1º de janeiro, eles se reuniram em uma delegacia de polícia em Henan.

    O vídeo da reunião, amplamente compartilhado pela mídia estatal e nas redes sociais, mostra Li caindo aos pés de sua mãe e a dupla se abraçando em lágrimas, cercada por apoiadores e outros membros de sua família biológica. “Eu finalmente encontrei meu bebê”, disse a mãe de Li, de acordo com o The Paper.

    A dupla agradeceu ao departamento de segurança pública por sua parte na investigação e pelos voluntários e internautas que ajudaram a rastrear a vila em seu mapa.

    Li agora planeja passar o Ano Novo Lunar em fevereiro com sua mãe e retornar a Yunnan para visitar o túmulo de seu pai biológico.

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