China emite lista prévia de animais que podem ser criados para consumo da carne
O consumo de animais selvagens não é comum na maior parte da China, mas existe um comércio lucrativo, especialmente no sul do país
O governo chinês emitiu, nesta sexta-feira (10), uma lista prévia de animais que, pelo entendimento das autoridades locais, podem ser criados para o consumo da carne. As restrições a certos tipos de carnes são decorrência da epidemia do novo coronavírus (COVID-19), que, segundo análises, pode ter se originado do abatimento de animais selvagens em um mercado na cidade de Wuhan.
Pequim proibiu temporariamente todo o comércio de animais silvestres para alimentação após o surto do vírus, que se espalhou globalmente e, até o momento, já infectou 1,6 milhão de pessoas. A lei sobre esse tipo de prática, porém, ainda não foi finalizada.
Em um movimento para restringir definitivamente o consumo de alguns tipos de carnes, o Ministério da Agricultura da China divulgou uma lista preliminar de animais considerados adequados para a pecuária. A relação inclui porcos, vacas, galinhas e ovelhas, além de “animais especiais”, como várias espécies de veados, alpacas e avestruzes.
Duas espécies de raposas, guaxinins e visons podem ser criadas, mas não para consumo da carne.
Não há menção às espécies de animais suspeitas pelos cientistas de terem espalhado o vírus para os seres humanos, como pangolins, morcegos e gatos da civeta.
Os cães também estão ausentes da lista de animais, que, se aplicada formalmente, levaria à primeira proibição nacional chinesa de seu consumo em uma vitória para ativistas dos direitos dos animais.
“Com o progresso da civilização humana e a preocupação e preferência do público pela proteção dos animais, os cães evoluíram do gado tradicional para os animais de companhia”, disse uma explicação do esboço. “Eles geralmente não são mais considerados animais no resto do mundo. Não é aconselhável listá-los assim na China”.
A lista ainda será finalizada e o público tem até 8 de maio para fornecer feedbacks.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, o grupo Humane Society International afirmou que a proposta preliminar poderia ser um “divisor de águas” para a proteção dos animais na China.
“Temos que aguardar o resultado da fase de consulta, mas esse esboço pode efetivamente preparar o caminho para a China tirar oficialmente cães e gatos do cardápio”, disse a porta-voz Wendy Higgins.
O surto inicial da nova epidemia de coronavírus foi associado a um mercado em Wuhan, capital da província de Hubei, na China Central, onde uma grande variedade de animais selvagens era vendida como carne, incluindo cobras, porcos-espinho e guaxinins.
“Mercado úmido” é um termo amplamente usado em partes da Ásia para descrever mercados que vendem carne, peixe e produtos perecíveis. Nem todos vendem produtos de origem animal.
O consumo de animais selvagens não é comum na maior parte da China, mas existe um comércio altamente lucrativo, especialmente no sul do país.
Quando os animais selvagens são mantidos próximos e em condições insalubres, os especialistas dizem que existe um alto risco de vírus se espalharem entre os bichos e potencialmente para os seres humanos.
Pesquisadores acreditam que possivelmente um morcego ou um pangolim originalmente espalhou o vírus para os seres humanos, mas ainda não há uma resposta conclusiva sobre essa questão.