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    Chefe do Acnur pede que países abandonem atual controle de fronteiras

    Pedido surge em meio a grave crise de deslocamento que já afeta mais de 123 milhões de pessoas

    Cecile Mantovanida Reuters

    O chefe da agência de refugiados da ONU alertou na segunda-feira (14) que as crises de deslocamento no Líbano e no Sudão podem piorar, mas afirmou que medidas mais rígidas nas fronteiras não são a solução, chamando-as de ineficazes e, às vezes, ilegais.

    Ao falar para mais de 100 diplomatas e ministros em Genebra, na reunião anual do ACNUR, Filippo Grandi disse que um número sem precedentes de 123 milhões de pessoas estão atualmente deslocadas ao redor do mundo devido aos conflitos, perseguição, pobreza e mudanças climáticas.

    Sem citar os nomes dos países, Grandi disse que as iniciativas para terceirizar, criar barreiras ou até mesmo suspender os programas de asilo estavam violando a lei internacional e ofereceu ajuda aos países para encontrar programas de asilo justos, rápidos e legais.

    Sob crescente pressão interna, os países ocidentais estão sendo cada vez mais pressionados a serem mais rígidos com os solicitantes de asilo e Grandi já criticou um plano do antigo governo britânico de transferi-los para Ruanda.

    No mesmo discurso, ele alertou que no Líbano, onde mais de 1 milhão de pessoas fugiram de suas casas devido a um conflito crescente entre Israel e o Hezbollah, a situação “pode piorar ainda mais”.

    Ele também pediu um aumento drástico no apoio aos refugiados que fogem da guerra civil do Sudão, dizendo que a falta de recursos já os estava levando a atravessar o Mar Mediterrâneo e até mesmo o Canal da Mancha para a Grã-Bretanha.

    A resposta do Acnur à crise, que tem como objetivo ajudar uma parte dos mais de 11 milhões de pessoas deslocadas dentro do Sudão ou em países vizinhos, é financiada por menos de um terço do que é necessário, disse Grandi.

    Ele também disse que a situação do financiamento da agência para este ano melhorou recentemente devido ao apoio do principal doador, os Estados Unidos, mas continua “bem abaixo das necessidades”.

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