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    Chacina do Curió: Ex-PM condenado por massacre no Ceará é preso nos EUA

    Brasileiro foi sentenciado a 275 anos de prisão; defesa nega participação no massacre

    Gabriele Kogada CNN

    O ex-policial militar Antônio José De Abreu Vidal Filho, de 29 anos, foi preso na segunda-feira (14), nos Estados Unidos, e permanecerá sob custódia enquanto aguarda audiência com um juiz federal de imigração. Ele foi condenado a 275 anos e 11 meses, em regime inicialmente fechado, pela participação em massacre ocorrido em Fortaleza, no Ceará, em 2015.

    Segundo o Departamento de Imigração e Alfândega norte-americano, Vidal Filho foi localizado em Rye, cidade com aproximadamente 5.500 habitantes no estado de New Hampshire. O brasileiro foi alvo de um alerta vermelho emitido pela Interpol devido a 11 acusações de homicídio, tentativa de homicídio e torturas física e mental.

    Na segunda-feira, a 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza e o Ministério da Justiça e Segurança Pública deram início aos trâmites para a extradição do acusado.

    Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará informou que a unidade foi comunicada pela Diretoria de Cooperação Internacional da Polícia Federal e que ainda não há previsão para que Vidal Filho retorne ao Brasil.

    Segundo o Ministério Público do estado, entre a noite e madrugada dos dias 11 e 12 de novembro de 2015, 11 pessoas foram assassinadas em bairros da Grande Messejana, em Fortaleza — episódio que ficou conhecido como “Chacina do Curió”. A denúncia oferecida pelo MPCE divide os crimes em nove episódios, que aconteceram em locais e horários próximos.

    As mortes foram motivadas por vingança, em uma ação articulada por policiais militares que estavam de serviço e também de folga, conforme afirma o MPCE.

    “Horas antes da chacina, o soldado PM Valtermberg Chaves Serpa fora morto após reagir a um roubo contra a esposa dele, caracterizando latrocínio. Esse crime aconteceu em um campo de futebol no bairro Lagoa Redonda, também na capital”, explicou a promotoria.

    À CNN, Delano Cruz, advogado que defende o brasileiro, relatou que não houve participação no crime. Vidal Filho estava atuando há quatro meses na Polícia Militar do estado quando o massacre ocorreu, afirmou.

    “Ele não tinha arma e o exame residuográfico de parafina em suas mãos deu negativo, ou seja, ele não atirou. Ele não foi filmado durante as execuções e também possui um álibi, que foi uma multa que aponta o mesmo horário e local distante dos crimes”, explicou.

    O julgamento de Vidal Filho ocorreu em 25 de junho de 2023. O advogado afirmou que solicitou a nulidade do processo após a sentença deferida no julgamento do ex-policial militar.

    “Estamos aguardando o julgamento da apelação por conta do cerceamento de defesa que houve na ocasião. Foram exatos 37 minutos e 50 segundos para a sustentação oral de cada parte. Entendemos que, realmente, não havia como discutir o processo com os jurados em um tempo tão exíguo”, destacou o profissional.

    A defesa também informou que contatou um advogado de imigração americano para acompanhar a situação do brasileiro no país. Segundo Cruz, em 2019, Vidal Filho se mudou para os Estados Unidos para acompanhar a esposa, que decidiu cursar uma pós-graduação e estudar inglês.

    Veja também — Governo de SP acredita em coação no relato de torturas

    *Sob supervisão de Vinícius Bernardes

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