Centenas marcham em apoio a prefeito que teve casa atacada na França
Ataque ocorreu no domingo, dentro das manifestações contra a morte de adolescente pela polícia na semana passada
Centenas de pessoas marcharam nesta segunda-feira (3) em apoio a um prefeito francês cuja casa foi atacada por um carro em chamas, quando o país entrou em uma segunda semana tomada por violentos protestos e tumultos.
Uma grande multidão em L’Haÿ-les-Roses, um subúrbio de Paris, mostrou solidariedade ao prefeito Vincent Jeanbrun, cuja casa foi atingida pelo veículo na manhã de domingo.
O encontro ocorreu após uma noite mais calma no país assolado por protestos furiosos desde que um policial atirou e matou um garoto de 17 anos em uma parada de trânsito na última terça-feira (27).
O endereço de Jeanbrun era bem conhecido na comunidade antes do ataque, informou a afiliada da CNN BFMTV. O incidente feriu sua esposa e um de seus filhos, disse Jeanbrun anteriormente, chamando-o de tentativa de assassinato.
Moradores e autoridades ergueram uma faixa na marcha com os dizeres “Juntos pela república!” Jeanbrun, vestido com a faixa do tricolor francês, disse aos torcedores: “Só tenho uma palavra: obrigado.
“A democracia foi atacada”, disse ele. “Mais do que nunca, nossa república e seus servidores são ameaçados e atacados”, acrescentou.
Em comunicado anterior, no domingo, o prefeito disse que enquanto estava na prefeitura, “indivíduos bateram com o carro em cima da minha residência antes de ateá-lo para queimar minha casa, dentro da qual dormiam minha esposa e meus dois filhos pequenos”.
“Enquanto tentava proteger as crianças e escapar dos agressores, minha esposa e um de meus filhos ficaram feridos”, disse ele, acrescentando que “não tinha palavras fortes o suficiente para descrever sua emoção diante do horror desta noite”.
O Ministério do Interior da França disse que 157 pessoas foram detidas durante a noite de segunda-feira, ante mais de 700 na noite anterior.
Três policiais ficaram feridos, uma delegacia foi atacada e 352 vias públicas foram incendiadas, mas a BFMTV informou que “nenhum incidente grave foi relatado” durante a noite.
O presidente francês, Emmanuel Macron, lançará um procedimento para “entender profundamente” a causa dos distúrbios que abalaram a França na semana passada, disse à CNN uma fonte presente na reunião entre Macron e seus principais funcionários no domingo.
Macron disse aos ministros presentes para continuarem a “fazer tudo para estabelecer a ordem”, disse a fonte.
A onda de protestos começou depois que um policial matou a tiros Nahel Merzouk, 17, durante uma parada de trânsito. O policial acusado do tiroteio foi indiciado por homicídio voluntário.
A avó de Merzouk apelou aos manifestantes no domingo, dizendo à BFMTV: “Eles não deveriam danificar as escolas, não quebrar os ônibus, eram as mães que pegavam os ônibus.
“Estou cansada”, disse a avó, identificada pela BMFTV como Nadia, acrescentando que a mãe de Nahel “não tem mais vida”.
O funeral do adolescente aconteceu no sábado em uma mesquita em Nanterre, subúrbio de Paris onde ele foi morto.