Casal é acusado de assumir identidade de crianças mortas nos Estados Unidos
Walter Glenn Primrose e Gwynn Darle Morrison foram indiciados por conspiração, roubo de identidade agravado e declarações falsas na solicitação e uso de passaporte
Um casal do Havaí, nos Estados Unidos, foi indiciado por supostamente viver por décadas sob as identidades de crianças do Texas já falecidas e conspirar contra o governo, de acordo com registros do tribunal federal.
Um júri federal em Honolulu indiciou Walter Glenn Primrose e Gwynn Darle Morrison por conspiração, roubo de identidade agravado e declarações falsas na solicitação e uso de passaporte. Morrison estava prevista para comparecer ao tribunal nesta terça-feira (2).
Uma declaração alega que, em 1987, ambos os acusados obtiveram registros de certidões de nascimento do Texas de bebês nascidos nos Estados Unidos falecidos, que “usavam para assumir ilegalmente as identidades de ‘Bobby Edward Fort’ e ‘Julie Lyn Montague'”.
É dito na queixa que eles “concordaram em assumir as identidades de bebês que nasceram nos Estados Unidos, mas faleceram, e vivem plenamente nessas identidades assumidas fraudulentamente desde 1987”.
O verdadeiro Bobby Edward Fort nasceu em 1967 e morreu no mesmo ano de asfixia, sendo enterrado no Texas, afirma o depoimento. A Julie Lyn Montague real nasceu e morreu em 1968, também enterrada no Texas, a cerca de seis quilômetros do local de Fort.
Os promotores federais também dizem ter fotos de Primrose e Morrison em uma jaqueta da KGB, utilizadas como parte de uma moção para negar fiança do casal.
A advogada de Morrison, Megan Kau, disse à Hawaii News Now, afiliada da CNN, que a cliente está “chocada” com as acusações. “Ela não tem nada a ver com a Rússia”, pontuou.
Kau afirmou que a jaqueta da KGB não pertencia a eles: “Ela experimentou um uniforme que estava na casa de um amigo uma vez e eles tiraram fotos. Ela nasceu e foi criada nos Estados Unidos e quer que o mundo saiba que ela não é uma espiã”.
Um amigo próximo de Morrison destacou a agentes federais que ela viveu na Romênia anos atrás “enquanto aquele país estava dentro do bloco comunista”. Nenhum registro de passaporte no nome dela, o que permitiria que ela viajasse internacionalmente, foi encontrado pelo Departamento de Estado, afirma a moção.
Enquanto isso, uma moção para prisão sem direito a fiança do homem foi concedida em 28 de julho, mostra um documento do tribunal.
Os promotores entraram com o pedido para deter os réus alegando que há risco sério de fuga e que Primrose teve autorização secreta como contratada de defesa da Estação Aérea da Guarda Costeira dos EUA (USCG) em Oahu, no Havaí, por seis anos.
O requerimento também destaca que Primrose tinha autorização secreta como técnico elétrico de aviônica na estação, sendo obrigado a relatar qualquer viagem ao exterior. Porém, uma investigação revelou que ele não relatou várias viagens ao Canadá, embora tenha feito para outras viagens.
A moção acrescentou que, por meio de seu trabalho na USCG, ele “tornou-se altamente qualificado em eletrônica e seria capaz de se comunicar com outras pessoas se liberado do confinamento pré-julgamento”.
Primrose está atualmente sob custódia do US Marshals Service no Centro de Detenção Federal em Honolulu, de acordo com sua audiência de detenção. Uma audiência preliminar por telefone está marcada para 8 de agosto.
Dennis K. Thomas, agente especial do Departamento de Estado do Serviço de Segurança Diplomática dos EUA, alega na queixa que o casal “assumiu ilegalmente as identidades de cidadãos dos Estados Unidos falecidos” para solicitar passaportes americanos, seguro social e documentos de identidade do Departamento de Defesa.
O advogado de Primrose, Max Mizono, disse em um e-mail à CNN: “Não tenho comentários ou declarações sobre o caso dele”.