“Cheia de história”: carteira é encontrada após 65 anos em cinema
Objeto continha rifa para ganhar um Chevrolet 1959 zero, cartões de crédito sem tarja magnética e fotos de família em preto e branco
Durante reformas em um banheiro do cinema Plaza Theatre, empreiteiros descobriram um espaço escondido atrás de uma parede desmoronada. Sob uma montanha de poeira, no que costumava ser um armário, havia uma carteira cor de vinho murcha, congelada no tempo.
Intocada há 65 anos, o objeto tinha uma rifa para ganhar um Chevrolet 1959 zero, cartões de crédito sem tarja magnética e fotos de família em preto e branco.
A partir daí, o proprietário do Plaza Theatre, Chris Escobar, ficou determinado a devolver a carteira à família.
“Era um portal de volta no tempo. E então, percebendo que isso estava faltando nesta família de pessoas reais, que morava neste bairro há 65 anos, imagine se conseguíssemos encontrá-los”, disse Escobar à CNN.
O Plaza Theatre, o cinema mais antigo de Atlanta e um marco cultural, abriga todo tipo de coisas antigas. Escobar ressaltou que j[a encontraram antigas vitrines de pipoca com letreiros, garrafas de bebidas espirituosas que não estão mais na moda, mas achar essa carteira que não era vista há meio século foi diferente.
A carteira estava “cheia de história”, destacou o proprietário, tendo um bom ponto de partida para encontrar a família do seu dono.
A dona do objeto era Floy Culbreth, de acordo com um documento dentro da carteira. Mas Escobar se deparou com o primeiro problema: as mulheres eram muitas vezes referidas pelo nome do marido naquela época, fazendo com que a pesquisa pelo nome de Culbreth produzisse poucos resultados.
Ajuda da “detetive da internet”
Então, Chris Escobar recrutou sua esposa, Nicole, a quem ele chama de “detetive da internet”, para rastrear a dona da carteira.
Ela conseguiu encontrar o obituário de Roy Culbreth, o marido de Floy. A partir daí, isso os levou a uma lista de filhos e netos, até que se depararam com um site da Culbreth Cup, um torneio de golfe beneficente para uma organização sem fins lucrativos com paralisia cerebral, mantido pela família.
O casal conseguiu, então, rastrear a linhagem familiar até a filha dos Culbreth, Thea Chamberlain. Agora com 71 anos, ela tinha apenas 6 anos quando a mãe perdeu a carteira.
“Já sinto que é um privilégio poder zelar e operar este espaço histórico. Mas literalmente devolver a história da família. Isso é um presente”, observou Escobar.
Chamberlain disse que sua mãe foi descrita como tão bonita quanto a atriz Myrna Loy, com a personalidade de “uma picante June Cleaver”. Ela se lembra de crianças da vizinhança dizendo que assistir à mãe dela era mais divertido do que assistir “I Love Lucy”.
Culbreth também estava muito envolvida na comunidade, ensinando na escola dominical e participando do clube de jardinagem, segundo a filha, também participando de trabalho sem fins lucrativos para ajudar pessoas com paralisia cerebral.
Thea Chamberlain até encontrou alguns de seus pertences na carteira: alguns cartões de seguro e um atestado de consulta médica.
Os itens na carteira eram, sem dúvida, de sua mãe, comentou Chamberlain. Ela podia imaginar Culbreth esperando que eles ganhassem aquela rifa do Chevrolet ou escondendo seus cartões de compras.
“Foi muito comovente.“Uma enxurrada de memórias voltou e meio que a trouxe de volta”, relatou.
Recuperando a carteira perdida
Os Culbreth se reuniram em novembro para recuperar a carteira e homenagear sua família.
“Tínhamos filhos, netos e bisnetos conosco. Portanto, várias gerações dos Culbreth estiveram lá para recuperar esse pedaço perdido da história da família”, afirmou Escobar.
Chamberlain observou dois de seus netos, de sete e cinco anos, examinarem cuidadosamente os recibos e as fotos, perguntando aos pais sobre sua história.
“Eles sabiam que era algo a ser valorizado Que este foi um momento especial”, comemorou.