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    Cão militar gravou vozes de reféns israelenses mortos por tropa de Israel

    Vídeo localizado pelas Forças de Defesa de Israel mostra a gravação por uma câmera GoPro instalada em um cachorro das vozes de três reféns mortos acidentalmente por tropas de Israel em Gaza

    Os três reféns mortos foram identificados como (da esquerda para direita) Yotam Haim, Alon Shamriz e Samer Talalka
    Os três reféns mortos foram identificados como (da esquerda para direita) Yotam Haim, Alon Shamriz e Samer Talalka Reprodução/Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos

    Tamar MichaelisSugam PokharelAndrew Careyda CNN

    As vozes de três reféns israelenses que foram mortos acidentalmente por tropas de Israel em Gaza foram capturadas por uma câmera GoPro montada em um cão militar cinco dias antes de eles serem baleados, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) na quarta-feira (20).

    O vídeo, localizado pelas FDI na terça-feira (19), mostra que a gravação ocorreu durante uma ação militar entre as forças israelenses e militantes do Hamas no local onde os reféns estavam detidos, disse o contra-almirante Daniel Hagari em uma coletiva de imprensa diária. O cachorro foi morto na ação.

    “É possível ouvir vozes e, quando analisamos o clipe, entendemos que no áudio podemos ouvir os três reféns, totalmente identificados vocalmente”, disse Hagari.

    Ele não forneceu detalhes sobre o que os três reféns – Yotam Haim, Alon Shamriz e Samer Talalka – estavam dizendo.

    Os militantes que detinham os três homens foram mortos durante os combates, o que parece ter permitido a fuga dos reféns, disse Hagari, citando uma análise inicial do vídeo da GoPro feita pelas FDI. Israel está se recuperando após as FDI admitirem ter matado os reféns na sexta-feira (15). Os três homens foram capturados pelo Hamas durante o ataque terrorista do grupo em 7 de outubro.

    No sábado, um oficial das FDI disse que o trio emergiu de um prédio a dezenas de metros de um grupo de soldados israelenses. Eles estavam sem camisa e agitavam uma bandeira branca, segundo a autoridade, que falou aos jornalistas sob condição de anonimato para falar livremente sobre uma investigação em curso.

    Pelo menos um soldado se sentiu ameaçado e abriu fogo, matando imediatamente dois dos homens, disse o oficial. O terceiro ficou ferido e correu de volta para dentro do prédio. A unidade israelense ouviu um pedido de ajuda em hebraico, momento em que o comandante da brigada ordenou que suas tropas parassem de atirar. No entanto, houve outra explosão de tiros, segundo a autoridade. O terceiro refém morreu depois.

    A notícia foi recebida com reações mistas por parte das famílias dos reféns mortos, com alguns expressando fúria e outros perdão.

    Avi Shimriz, pai do refém assassinado Alon, de 26 anos, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de covardia por não telefonar ou visitá-lo para expressar suas condolências.

    Em declarações ao Channel 13 News de Israel, Shimriz disse: “O primeiro-ministro não se atreve a fazer uma ligação – ele não ligou – e nem viria aqui”, contrastando com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que ele disse havia ligado para ele duas vezes.

    Manifestantes, em Tel Aviv, seguram cartazes exigindo a libertação de reféns detidos na Faixa de Gaza depois de terem sido capturados por homens armados do Hamas em 7 de outubro / 21/11/2023 REUTERS/Amir Cohen

    Ele expressou profunda frustração ao saber que os soldados israelenses conseguiram matar os combatentes do Hamas que mantinham os três reféns e chegaram tão perto de coletar informações que poderiam tê-los salvado.

    “Isso demonstra o quão grande é o erro […] Há um erro aqui, um problema sério”, disse ele. “O atirador não deveria ter aberto fogo e, se ele for um lutador de verdade, deveria saber que você só puxa o gatilho quando tem certeza de que é um terrorista”.

    Shimriz disse que os comandantes não informaram aos soldados que poderia haver reféns na área e que as fotos dos reféns deveriam ter sido distribuídas para que os soldados pudessem reconhecê-los.

    Mas ele reconheceu que as tropas no terreno enfrentaram circunstâncias difíceis. “Não posso reclamar com as nossas tropas porque elas encontraram diversas situações em que [o Hamas] tentou emboscá-las e sofreram perdas. Não quero outro incidente desse tipo em minha consciência”, disse ele.

    Netanyahu visitou na quarta-feira (20) a mãe de um dos reféns mortos, Iris Haim, que perdeu seu filho Yotam no mesmo incidente. Ela enviou uma mensagem à unidade envolvida no tiroteio, dizendo: “Tudo o que aconteceu não é culpa sua”.

    Em mensagem de áudio ao batalhão, ela disse: “Queria dizer que te amo muito e te abraço de longe. Eu sei que tudo o que aconteceu não é culpa sua, não é culpa de ninguém – exceto do Hamas, que esse nome e memória sejam apagados da face da Terra”.

    Veja também: imagens do conflito entre Israel e o Hamas

    Haim disse aos soldados para permanecerem seguros, acrescentando: “O que vocês estão fazendo é a melhor coisa possível no mundo para nos ajudar, como povo judeu, e todos nós precisamos que vocês estejam sãos e salvos”.

    “Não hesitem nem por um momento, se virem um terrorista, não pensem que mataram deliberadamente um refém, vocês precisam se proteger porque essa é a única forma de nos protegerem”, disse ela, e convidou os soldados para visitarem sua família.

    “Queremos vê-los com nossos próprios olhos, abraçá-los e dizer-lhes que o que vocês fizeram – por mais doloroso que seja dizer e por mais triste que seja – foi provavelmente a coisa certa a fazer naquele momento, e nenhum de nós está julgando vocês ou com raiva de vocês”.

    As FDI disseram que o tiroteio foi contra as suas regras de combate e que os soldados envolvidos enfrentariam procedimentos disciplinares.

    O bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza, onde ocorreram os assassinatos, tem sido palco de combates ferozes nos últimos dias. As FDI afirmam ter enfrentado tentativas de emboscadas e ataques que envolveram homens-bomba ou agressores vestidos como civis.

    Antes da notícia da morte dos três reféns ser anunciada, Israel disse na sexta-feira que acreditava que 132 cativos permaneciam em Gaza, dos quais 112 ainda estariam vivos.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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