Candidato pró-Rússia vence eleição na Eslováquia e diz que irá promover negociações de paz na Ucrânia
País europeu esteve entre os poucos que pressionaram por sanções contra a Rússia e doou grande quantidade de equipamentos militares aos ucranianos, política que deve mudar com a vitória de Robert Fico
O ex-primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, cujo partido SMER – sigla para Direção – Social-Democracia – venceu as eleições parlamentares no sábado (30), disse que fará tudo o que puder para garantir que as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia comecem o mais rápido possível.
Fico não conseguiu obter votos suficientes para governar sozinho, mas terá a oportunidade de se tornar primeiro-ministro novamente quando as negociações de coligação começarem.
Ele é conhecido pela sua posição pró-Rússia e a sua sugestão de negociações de paz dificilmente será bem recebida na Ucrânia, que não quer envolver-se em quaisquer negociações que signifiquem ceder território à Rússia.
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Questionado sobre a sua posição em relação à Ucrânia, Fico disse: “Vou limitar-me a uma frase: a Eslováquia e as pessoas na Eslováquia têm problemas maiores do que a Ucrânia”.
“A Ucrânia é uma enorme tragédia para todos. Se a SMER for solicitada a formar um governo… farei de tudo, também dentro da União Europeia, para que as conversações de paz comecem o mais rapidamente possível”, disse ele.
“Mais mortes não vão ajudar ninguém. Você conhece nossa opinião. Prefiro passar 10 anos negociando a paz e compromissos, do que deixar as pessoas matarem-se umas às outras durante mais 10 anos e depois acabarem onde estamos agora. Não estamos mudando nossa postura como partido da paz.”
Eleições na Eslováquia
A Eslováquia, uma nação do leste europeu com cerca de 5,5 milhões de habitantes, ia às urnas para escolher o seu quinto primeiro-ministro em quatro anos, depois de assistir a uma série de governos de coligação instáveis.
Um governo liderado pelo SMER poderia ter consequências graves para a região. A Eslováquia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia (UE), esteve entre os poucos países europeus que pressionaram por duras sanções da UE contra a Rússia e doou uma grande quantidade de equipamentos militares à Ucrânia.
Mas isto irá provavelmente mudar sob Fico, que culpou os “nazis e fascistas ucranianos” por provocarem o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a lançar a invasão, repetindo a narrativa que Putin usou para justificar a guerra.