Campanha de Trump repensa formato e tamanho de comícios após desastre em Tulsa
Aluguel de espaços menores, como escolas e hangares de aeroportos regionais, pode ser a saída para os planos do republicano em meio ao novo coronavírus
Inúmes lugares azuis vazios e um salão vazio em Oklahoma levaram os auxiliares do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a começarem a debater sobre como parecerão os próximos comícios da campanha dele à reeleição.
Antes da visita do presidente, no sábado (20), a Tulsa, haviam planos de anunciar outro comício para um futuro próximo, talvez tão próximo quanto nas próximas duas semanas.
Agora, não está claro quando — nem como — Trump levará adiante seus maiores eventos políticos. Alguns conselheiros sugerem que pode levar semanas ou até meses antes que Trump tente um novo comício, sendo que nesta segunda-feira (22) de manhã nenhuma decisão havia sido tomada sobre como proceder.
Quando o presidente discursar nesta terça-feira (23) em Phoenix será para um grupo de jovens apoiadores, não um comício, embora a campanha esteja trabalhando para que o evento pareça cheio. E Trump vai visitar Wisconsin na quinta-feira (25) em um compromisso oficial.
Antes visto como um início de uma nova fase da campanha de Trump — e melhorar o humor de um presidente confinado em casa a maior parte do tempo — o evento de Tulsa, no entanto, se tornou o que muitos no entorno de Trump veem como um erro infeliz que evidenciou problemas políticos do presidente cinco meses antes da eleição geral.
Fotos de uma arena meio-cheia trazem nenhuma semelhança para o mar de pessoas que Trump estava esperando e publicamente prevento — um erro, assessores disseram depois, porque aumentou as expectativas de forma irreal.
Ao invés de confrontar o rival Joe Biden, que a sua campanha estava esperando, Trump entregou um discurso atrapalhado que parecia mais destinado a entreter a audiência que parecia escassa e moderada do seu ponto de vista do que arrecadar votos. Em vez de deixar Tulsa com um empulso, Trump parecia desanimado de ser reeleito para a Casa Branca com a gravata solta no pescoço.
Como a cobertura do evento se focou em suas fraquezas, Trump apenas ficou mais bravo. Ele estava fervendo e passou o dia criticando sua equipe, disseram diversas fontes. O coordenador da campanha, Brad Parscale, que estava ciente que Trump estaria chateado com o comparecimento, não foi o único alvo da ira de Trump. No entanto, fontes preveem que qualquer um — e isso inclui integrantes da Casa Branca — podem ser demitidos após o que aconteceu.
O final da história, previsto por muitas pessoas próximas ao presidente, depende de quanto tempo a história do comício com baixa participação permanecerá nas manchetes. Na segunda pela manhã, o debate começou a ser sobre como proceder — e como comícios de massa que são a marca do presidente são viáveis ou inteligentes enquanto ele busca uma reviravolta em seu esforço de reeleição.
Assista e leia também:
Trump suspende vistos para trabalhadores qualificados até o fim do ano
Em meio a protestos, serviço secreto pede que imprensa se retire da Casa Branca
Nova York reabre comércio, mas ruas continuam vazias e com poucas filas
A campanha de Trump culpou o resultado frustante nos manifestantes que teriam assustado os apoiadores ou impedido-os de entrarem, apesar das equipes da CNN em Tulsa não terem testemunhado entradas bloqueadas e reportaram intensa presença policial na área segura do Bank of Oklahoma Center.
Ultimamente, apenas cerca de 6.200 pessoas compareceram ao comício, de acordo com o departamento de bombeiros de Tulsa. Os planos para um discurso do lado de fora foram cancelados após menos de 25 pessoas se acumularem na área em que isso ocorreria. Trump previa 20.000 pessoas na área com mais 40.000 do lado de fora.
Poucas pessoas ao redor de Trump acreditam que os comícios serão eliminados totalmente. Mas os lugares vazios e a falta de lotação no local em Tulsa foram uma indicação que a fórmula precisa ser repensada em meio a uma contínua pandemia e um cenário político alterado.
Há discussões sobre procurar lugares ao ar livro onde os apoiadores possam se sentir mais seguros, segundo uma pessoa próxima. Uma fonte da campanha sugeriu mais comícios em hangares de aviões, uma prática comum da última campanha de Trump, que permitia a ele visitar o local sem sequer precisar deixar o aeroporto.
Outros consideram que Tulsa foi um sinal que até os apoiadores de Trump permanecem receosos de grandes multidões enquanto o coronavírus segue se disseminando, uma realidade que pode forçar a campanha dele a alugar lugares menores para audiências muito reduzidas.
Trump convocou comícios menores no passado, em especial quando ele fez campanha em 2018 para as eleições de meio de mandato. Ele encheu ginásios de escolas de ensino médio na periferia e hangares de pequenos aeroportos regionais facilmente, apesar de o próprio presidente ter dito que ele prefere arenas de grande porte, que astros do rock e times esportivos lotam.
Se Trump concordará com comícios menores é algo a aguardar, mas aliados concordam que prever eventos de massa antes da hora é um erro que apenas fará Trump e seu time se desapontarem. Alguns integrantes da Casa Branca estavam irritados internamente quando os integrantes da campanha estavam oferecendo previsões infladas sobre o tamanho da multidão na antecedência do evento, acreditando que o público os deixaria envergonhados.
No entanto, foi o próprio presidente quem comandou essas previsões, dizendo publicamente até quando ele estava deixando a Casa Branca rumo a Tulsa no sábado que ele estava esperando público recorde. “As massas são inacreditáveis’, disse. “Eles nunca viram nada igual”.
(Texto traduzido. Para ler o original em inglês, clique aqui)