Cães da guerra: conflito na Ucrânia desaloja pessoas e animais de estimação
Na Polônia, animais de estimação são deixados por refugiados ou resgatados de abrigos ucranianos para serem cuidados por veterinários incansáveis
Jakub Kotowicz ama tanto os animais que decidiu que queria passar a vida cuidando deles. Mas o veterinário polonês nunca pensou que de repente seria inundado com animais resgatados de uma guerra ao lado de casa.
Kotowicz está com a ADA Foundation, um abrigo de animais que não mata em Przemysl, na Polônia, a apenas 30 minutos da fronteira com a Ucrânia.
Desde que as bombas começaram a cair na Ucrânia, ele e os outros veterinários e funcionários não dormiram muito porque a necessidade de encontrar abrigo para animais desalojados não diminui.
Os funcionários da ADA Foundation estão arriscando suas vidas dirigindo até a Ucrânia para ajudar a esvaziar os abrigos, e estão oferecendo espaço e serviços veterinários para os animais que os refugiados não podem ficar com eles ou transportar pela fronteira. Os animais do abrigo correm o risco de serem abandonados e morrerem de fome à medida que a guerra os cerca.
Kotowicz ergue uma grande cadela da raça pastor alemão sobre a mesa. Ela foi resgatada da Ucrânia. A etiqueta em seu colar diz “número 2”, mas a equipe a nomeou Moon.
“Ela está mal”, diz Kotowicz, enquanto tenta tirar sangue. Moon está desidratada, então é difícil encontrar uma veia. Mas ela tem problemas muito mais sérios. A cadela é mais velha e tem um tumor saindo de uma de suas glândulas mamárias.
Outro veterinário a mantém imóvel enquanto Kotowicz consegue tirar sangue de seu corpo desidratado. Então ele começa limpando as orelhas dela, cavando uma grande quantidade de cera e sujeira cheia de ácaros.
O tempo todo, Moon é dócil e imóvel. Mas quando o veterinário verifica sua temperatura, ela choraminga um pouco. Quando ele remove o termômetro, ela relaxa e acaricia seus cuidadores.
“Temos que remover este tumor, então ela vai precisar de cirurgia”, diz Kotowicz enquanto faz carinho na cabeça de Moon. “Eu odeio vê-los sofrendo assim”.
No final do corredor, há uma série de cães e gatos, a maioria deles trazidos em um caminhão enorme que acaba de voltar das áreas devastadas pela guerra na Ucrânia.
Em tempos normais, a ADA Foundation cuida de qualquer animal ferido ou abandonado – não apenas cães e gatos. O abrigo não só oferece assistência médica aos animais, mas também os ajuda a se socializarem para possam ser adotados e os selvagens a serem libertados na natureza.
Em outra sala da fundação, mais histórias de animais na guerra. Uma garotinha está segurando uma pequena cabra chamada Sasha em uma cama macia e quente feita para o animal. Sasha teve um sério problema nas pernas que os veterinários da ADA cuidaram. As perninhas dianteiras de Sasha são amarradas com fita de gaze. Mas o bichinho é barulhento.
“Uma senhora da Ucrânia o trouxe com ela. Ela queria salvá-lo”, disse Radosław Fedaczyńsky. “Ele teria morrido de fome se fosse deixado na Ucrânia sem leite”.
A senhora, disse Fedaczyńsk, o deixou quando fugia da guerra na Ucrânia. Embalando Sasha antes de partir, ela disse que não tinha um lugar para levá-lo porque estava procurando um lugar para ela ficar primeiro. Mas ela o deixou com uma instrução. Ela voltará atrás de Sasha.
“Esta senhora [disse], ‘Eu amo tanto este animal e ele é parte da família. Nós o queremos de volta quando a guerra terminar’”, disse Fedaczyńsky.
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Funcionários da ADA Foundation disseram que não precisam de comida – eles têm muito disso -, mas precisam de quase todo o resto das coisas para ajudar as hordas de animais que estão salvando. Isso inclui equipamentos médicos, remédios e fundos para pagar o transporte.
A Network for Animals, uma instituição de caridade com escritórios em Londres, no Reino Unido, e Oldsmar, na Flórida, é um grupo que tenta ajudar a ADA Foundation e outros abrigos a garantir fundos, mas o número de animais e suas necessidades são grandes. Os veterinários estão trabalhando dia e noite, quase sem dormir.
Eles sentem fortemente que os animais deslocados pela guerra devem ser cuidados.
“Eles são parte da família”, disse Kotowicz.