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    Caça dos EUA que caiu no Mar da China pode ser motivo de disputa entre os países

    Especialistas afirmam que inteligência americana contida na aeronave pode ser de interesse da China

    Brad Lendonda CNN

    A Marinha dos Estados Unidos está tentando recuperar seu caça mais avançado das profundezas do Mar da China Meridional, uma operação extremamente complexa que, segundo analistas, será monitorada de perto por Pequim.

    O F-35C, um caça furtivo monomotor e o mais novo jato da frota da Marinha dos EUA, caiu no porta-aviões USS Carl Vinson durante operações de rotina na segunda-feira (24), informou a Marinha.

    O avião de guerra de US$ 100 milhões atingiu o convés de voo do porta-aviões de 100 mil toneladas e depois caiu no mar, em tempo de seu piloto ser ejetado, disseram oficiais da Marinha. O piloto e seis marinheiros que estavam a bordo do Vinson ficaram feridos.

    Embora os danos ao Vinson tenham sido apenas superficiais, e ele tenha retomado as operações normais, a Marinha enfrenta a difícil tarefa de tentar puxar o F-35C do fundo do oceano, nas águas mais contestadas do planeta.

    A Marinha americana está dando poucos detalhes sobre seus planos para recuperar o F-35C, o primeiro dos quais só entrou em operação em 2019.

    “A Marinha dos EUA está fazendo arranjos de operações de recuperação da aeronave F-35C envolvida no acidente a bordo do USS Carl Vinson”, disse um porta-voz da 7ª Frota dos EUA, tenente Nicholas Lingo, à CNN nesta quarta-feira (26).

    Embora a Marinha não tenha revelado onde no Mar da China Meridional ocorreu o acidente, Pequim reivindica quase toda a área de 3,3 milhões de quilômetros quadrados das águas como seu território e reforçou suas reivindicações construindo e militarizando recifes e ilhas.

    As embarcações da marinha e da guarda costeira chinesas mantêm uma presença constante nas águas do Mar da China Meridional.

    Os EUA contestam essas reivindicações territoriais chinesas e usam implantações como o Vinson para defender seu caso por um “Indo-Pacífico livre e aberto”.

    Não houve nenhum comentário oficial chinês sobre o acidente e a mídia estatal reportou o caso citando apenas fontes estrangeiras.

    Mas, segundo analistas, a China certamente vai querer dar uma olhada no F-35 perdido.

    “A China tentará localizá-lo e pesquisá-lo minuciosamente usando submarinos e um de seus submersíveis de mergulho profundo”, disse Carl Schuster, ex-diretor de operações do Centro de Inteligência Conjunta do Comando do Pacífico dos EUA no Havaí.

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    Schuster, que é ex-capitão da Marinha dos EUA, disse que é possível que a China possa querer os direitos de resgate com base em suas reivindicações territoriais no Mar da China Meridional.

    Recuperar o avião e sua tecnologia permitirá, segundo Schuster, que “Pequim afirme que está evitando um potencial risco ambiental ou resgatando equipamento militar estrangeiro de suas águas territoriais”.

    Mas tal operação apresentaria riscos políticos, disse Collin Koh, pesquisador da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, em Singapura.

    “Fazer isso abertamente é um risco de agravamento das tensões com os EUA. Não acredito que Pequim tenha estômago para isso”, disse ele.

    “No entanto, podemos esperar que os chineses acompanhem, fiquem por perto e de olho em qualquer operação americana de salvamento e recuperação”, disse Koh.

    Schuster disse que a Marinha dos EUA provavelmente manterá alguma presença na área onde se acredita que os destroços estejam, em uma operação que pode levar meses, dependendo da profundidade em que está o F-35 no Mar da China Meridional.

    Os navios de resgate dos EUA levam de 10 a 15 dias para chegar ao local, disse Schuster, e a recuperação pode levar até 120 dias.

    Questionados se os EUA poderiam simplesmente destruir os destroços com um torpedo ou uma carga explosiva, os analistas disseram que isso seria improvável.

    Koh diz que tem dúvidas se realmente não será abandonada a inteligência contida nos fragmentos espalhados no fundo do mar, que podem ter informações que, “qualquer parte interessada, com a capacidade necessária, ainda poderá recuperar”.

    Este esforço de recuperação da Marinha dos EUA marcará a terceira vez que um país voando com o F-35 tentou puxar esse tipo de caça das profundezas.

    Em novembro passado, um F-35B britânico caiu na decolagem do convés de seu porta-aviões, o HMS Queen Elizabeth, no Mar Mediterrâneo. O Ministério da Defesa da Grã-Bretanha confirmou à imprensa no início de janeiro que o avião havia sido recuperado em dezembro, em meio a preocupações de que a aeronave afundada poderia ser alvo da inteligência russa.

    E depois que um F-35A japonês caiu no Pacífico, em 2019, surgiram preocupações de ele que pudesse ser um alvo para a inteligência russa e chinesa.

    Mas apenas pequenos pedaços da aeronave japonesa foram recuperados pelo Japão, pois acredita-se que o avião tenha atingido a água a toda velocidade.

    No caso do acidente no Mediterrâneo e do acidente desta semana, os aviões estavam se movendo mais devagar, então, é esperado que mais destroços sejam encontrados.

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