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    Brigas, divórcios e racismo: relembre 8 escândalos que marcaram a família real britânica

    Entre os casos que mais chocaram o mundo estão estão as polêmicas envolvendo a princesa Diana e a divulgação de foto do príncipe Harry com fantasia alusiva ao nazismo

    Da CNN

    A coroação do rei Charles III ocorre neste sábado (6), quase oito meses após a morte da rainha Elizabeth II.

    O monarca teve um início de reinado conturbado, principalmente pela crise política instaurada no Reino Unido desde então. Logo após o falecimento da monarca, a então primeira-ministra Liz Truss renunciou ao cargo, que hoje é ocupado por Rishi Sunak.

    Ao longo dos mais de 70 anos de reinado de Elizabeth II, a família real britânica protagonizou diversos escândalos. Abaixo, a CNN relembra alguns dos episódios mais polêmicos.

    Princesa Margaret e um amor impossível

    A princesa Margaret, irmã de Elizabeth II, e Peter Townsend se conheceram quando ela tinha apenas 14 anos. À época, ele ainda era cotado pelo então rei, George VI, para um cargo na Corte como cavaleiro.

    O romance floresceu, mas permaneceu em segredo dentro da família real. Quando ficou claro, em 1953, que os dois queriam se casar, a rainha pediu-lhes que esperassem um ano, possivelmente contando que a paixão fosse acabar.

    Townsend era divorciado. Quando surgiram informações sobre um possível casamento, o secretário particular da rainha a avisou para mandá-lo embora. Ela concordou com relutância. O rapaz foi nomeado adido aéreo em Bruxelas por dois anos, mas o exílio não impediu o romance.

    O conselho de ministros se opôs fortemente ao casamento e decidiu que, se a princesa insistisse em seguir em frente, seria apresentado um projeto de lei privando-a de todos os seus direitos, privilégios e renda.

    Em 31 de outubro de 1955, após conversas com Townsend e o arcebispo de Canterbury, Margaret emitiu uma declaração que ficaria na história: “Gostaria que soubessem que decidi não me casar com o capitão Peter Townsend. Sabendo que o casamento cristão é indissolúvel e do meu dever para com a Commonwealth, decidi colocar essas considerações em primeiro lugar”.

    “Tínhamos chegado ao fim da estrada”, escreveu Townsend na época.

    Ironicamente, dentro de uma geração, o divórcio foi aceito na família real: a própria Margaret se divorciou em 1978.

    A polêmica ex-mulher do príncipe Andrew

    Sarah Ferguson, conhecida como Fergie, conheceu o príncipe Andrew em uma festa no Castelo de Windsor em 1985. Um ano depois, após um namoro muito público, eles se casaram.

    Filho de Elizabeth II e irmão de Charles III, Andrew foi piloto da Marinha Real e era uma espécie de bon vivant, sendo frequentador assíduo do circuito de festas da época, ganhando apelidos como “O Príncipe Playboy” na imprensa dos tabloides.

    Seu casamento luxuoso na Abadia de Westminster foi seguido dois anos depois pelo nascimento de sua primeira filha, Beatrice. A segunda, Eugenie, nasceu em 1990.

    Inicialmente, Ferguson era muito popular na mídia britânica por seu estilo aberto e exuberante.

    Com o passar do tempo, e com um marido frequentemente ausente na Marinha, Sarah começou a se sentir cada vez mais infeliz e lutou com a constante atenção da mídia.

    Ela se dedicou ao trabalho de caridade e começou a atuar em uma série de livros infantis, mas as manchetes dos jornais começaram a ficar negativas, com relatos de que ela estava tendo problemas financeiros e acusações sobre seu relacionamento com amigos do sexo masculino, especialmente seu conselheiro financeiro John Bryan.

    Em 1992, a mídia britânica publicou fotos de Bryan supostamente chupando os dedos da duquesa. O escândalo praticamente acabou com o casamento entre Sarah e Andrew.

    Em 1995, a “BBC” informou que Fergie tinha mais de 4 milhões de libras (5,76 milhões de dólares) em dívidas. Isso levou a rainha a dar o passo incomum de fechar publicamente seu portfólio para sua nora.

    No ano seguinte, a duquesa perdeu seu título quando o divórcio do príncipe Andrew se tornou oficial.

    O divórcio entre Charles e a princesa Diana

    Em 1995, Buckingham entrou em uma crise profunda depois que a princesa Diana fez uma declaração explosiva em uma entrevista à “BBC” sobre seu casamento com o então príncipe Charles e seu relacionamento com Camilla Parker Bowles, com quem mais tarde o atual rei se casaria.

    “Havia três de nós neste casamento, era uma multidão”, disse Diana ao jornalista Martin Bashir quando perguntada se ela achava que Camilla havia sido um fator no colapso de seu casamento, desencadeando um terremoto na vida pública britânica.

    Àquela altura, Diana e Charles estavam separados havia três anos, mas a entrevista levaria ao divórcio. Nessa conversa, Diana também falou abertamente por 50 minutos sobre seu relacionamento com James Hewitt, sua batalha contra a bulimia, seu papel na família real e sua saúde mental.

    A entrevista pegou a família real de surpresa, de acordo com Charles Anson, secretário de imprensa da rainha na época. “Não havia muito que pudéssemos dizer”, disse ele à CNN.

    Nessa entrevista, ela disse que, embora percebesse que não se tornaria rainha, esperava poder ser a “rainha de copas” do povo britânico.

    As declarações voltaram ao centro do debate recentemente depois que se confirmou que o jornalista da “BBC” usou métodos considerados como enganosos para fazer Lady Di concordar em dar a entrevista. A emissora teria encoberto a situação.

    Silêncio da família real após a morte de Diana

    Diana, princesa de Gales, usa um traje com as cores do Canadá durante uma visita de estado a Edmonton, Alberta. / Bettmann/Getty Images

    Um ano após a entrevista, quando seu divórcio do príncipe Charles já estava consumado, Diana morreu em um acidente de carro enquanto estava de férias na França com o então namorado Dodi Al Fayed.

    Quando as transmissões de televisão começaram a relatar o acidente mortal, a família real emitiu uma breve declaração dizendo que estava “profundamente chocada e angustiada” com a notícia.

    Mas “para a população aflita, isso não parecia nada”, lembra a historiadora Kate Williams em “The Windsors”.

    À medida que as horas passavam e os britânicos, conhecidos por serem reservados, entravam em luto aberto, todos os olhos estavam no Palácio de Buckingham para um gesto ou declaração maior.

    Por fim, antes do funeral, a rainha Elizabeth disse que Diana era um “ser humano excepcional e talentoso”.

    Harry com fantasia nazista

    Manchete do tablóide alemão “Bild” pergunta “Harry nazista – o que Diana teria dito sobre isso?”; fotografia do príncipe provocou um frenesi na mídia global e gerou indignação de políticos e ativistas antifascistas. / Sean Gallup/Getty Images

    Durante sua adolescência e juventude, o príncipe Harry –filho de Charles III– esteve no centro de vários escândalos públicos.

    O mais notório, talvez, tenha sido em 2015, quando o jornal “The Sun” publicou uma foto do príncipe de calça e camisa bege de manga curta com um distintivo nazista vermelho no braço esquerdo. Ele havia escolhido a roupa para participar de uma festa.

    A imagem provocou muitas críticas em todo o mundo, principalmente por parte de legisladores e grupos judaicos. O rabino Marvin Hier, do Simon Wiesenthal Center, em Los Angeles, disse que era “indesculpável que um membro da família real fizesse isso” e chamou a ação de Harry de “uma desgraça para a Inglaterra”.

    “Acho que você deveria se juntar à delegação britânica que vai ao 60º aniversário da libertação de Auschwitz”, disse ele, referindo-se a Harry, em declaração à CNN.

    O príncipe, então, admitiu que havia tomado uma decisão ruim e se desculpou: “Sinto muito se ofendi alguém.”

    Escândalo sexual

    Melania Trump, príncipe Andrew, Gwendolyn Beck e Jeffrey Epstein em uma festa no clube Mar-a-Lago, Palm Beach, Flórida, 12 de fevereiro de 2000. / Davidoff Studios/Getty Images

    Um dos piores escândalos que a rainha enfrentou em sua última etapa foi o das acusações contra o príncipe Andrew no âmbito de sua amizade com o magnata norte-americano Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual de menores.

    No centro das acusações estava Virginia Giuffre, que alegou que Epstein a traficava e a forçou a praticar atos sexuais com seus amigos, incluindo o príncipe Andrew, quando ela tinha 17 anos.

    Segundo Virginia, Andrew sabia que ela era menor de idade na época.

    Em 2019, Andrew deu uma entrevista à “BBC” que foi amplamente criticada, na qual, embora negasse ter tido contato sexual com Virginia, disse não se arrepender de seu relacionamento com Epstein e não expressou simpatia pelas vítimas do banqueiro em desgraça. Dias depois, ele teve que se retratar.

    Andrew, então, anunciou que estava se aposentando das funções públicas, mas isso estava longe de ser o fim da controvérsia.

    Ao longo de três anos, e com uma ação civil movida por Virginia  Giuffre, finalmente, Andrew foi destituído de seus títulos militares e de suas instituições de caridade.

    A rainha Elizabeth II também o despojou de seu status de “sua alteza real”: ele foi para o exílio permanente.

    Jeffrey Epstein foi encontrado morto em 2019 na cela em que ocupava em uma prisão de Nova York, nos Estados Unidos. O caso foi tratado como suicídio.

    A “saída” de Harry e Meghan

    Príncipe Harry e sua esposa Meghan / Chris Jackson/Getty Images

    O príncipe Harry e sua esposa Meghan decidiram se afastar de seus deveres reais no início de 2020. Um ano depois, eles finalizaram um acordo com a família real, no qual ficou acertado que eles não seriam membros ativos da realeza e teriam suas nomeações militares honorárias revogadas.

    Essa decisão foi divulgada em fevereiro, mas a verdadeira bomba que explodiria diante dos olhos da família real aconteceu um mês depois, quando Harry e Meghan, já liberados de seus laços reais, deram uma entrevista explosiva à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey.

    Na entrevista, a duquesa de Sussex disse que, à certa altura, sua vida como integrante da realeza britânica era tão isolada e solitária que ela “não queria mais estar viva”.

    Meghan, que atualmente vive nos Estados Unidos com o príncipe Harry, disse que a situação foi agravada pelos “tons coloniais antiquados” e, segundo ela, muitas vezes racistas, que apareceram repetidamente na cobertura do casal por parte da imprensa britânica.

    O príncipe, por sua vez, afirmou que, dentro da família real, havia várias “preocupações e conversas sobre como a pele de seu filho Archie poderia ser escura quando ele nasceu”.

    Harry afirmou que chegou discutir sobre racismo com a família real. Ele disse à apresentadora que acreditava que havia muitas oportunidades para o palácio “mostrar algum apoio público” diante do contínuo “abuso racial” na imprensa. “No entanto, ninguém da minha família disse nada. Isso dói.”

    Após a entrevista, que desencadeou outra tempestade em Buckingham, a família real disse estar “triste” ao saber como os últimos anos foram desafiadores para Harry e Meghan, chamando as alegações de racismo de “preocupantes”.

    Caso de racismo envolvendo a madrinha do príncipe William

    Em dezembro passado, a madrinha do príncipe William, Susan Hussey, se reuniu para oferecer suas desculpas a uma mulher após ter feito comentários considerados racistas em uma recepção real.

    Susan Hussey deixou seu cargo na casa da família real britânica após perguntar repetidamente a Ngozi Fulani, que nasceu no Reino Unido e trabalha para um grupo de apoio a violência doméstica, de onde ela era.

    “Lady Susan prometeu aprofundar sua consciência sobre as sensibilidades envolvidas e agradece a oportunidade de aprender mais sobre as questões nesta área”, disse o Palácio de Buckingham em um comunicado.

    “A senhora Fulani, que recebeu injustamente a mais terrível torrente de abusos nas redes sociais e em outros lugares, aceitou este pedido de desculpas e reconhece que não houve intenção de malícia.”

    Revelações polêmicas do príncipe Harry sobre a família real

    Desde que o príncipe Harry abdicou das funções dentro da monarquia britânica, em 2020, ele tem revelado diversas polêmicas sobre a família real.

    Em janeiro deste ano, Harry lançou um livro de memórias chamado “Spare” (“O Que Sobra”), no Brasil. O título faz referência a um apelido de infância do duque de Sussex.

    Entre as revelações, ele narra uma discussão que teve com o irmão, William. O filho mais velho do rei Charles III teria gritado com Harry durante uma conversa sobre ele deixar seu papel na realeza.

    Ainda no livro, ele conta que teria sido agredido fisicamente por William durante outra discussão, dessa vez a respeito da esposa de Harry, Meghan Markle, em 2019. A briga teria acontecido porque William teria chamado a duquesa de Sussex de “difícil” e “rude”, segundo o jornal britânico “The Guardian”.

    Harry alegou que o irmão o atacou depois que ele lhe ofereceu água e tentou esfriar a discussão.

    “Ele abaixou a água, me chamou de outro nome e depois veio até mim. Tudo aconteceu tão rápido. Muito rápido. Ele me agarrou pelo colarinho, rasgou meu colar e me jogou no chão. Aterrissei na tigela do cachorro, que rachou sob minhas costas, os pedaços me cortando. Fiquei ali por um momento, atordoado, depois me levantei e disse a ele para sair”, segundo o “The Guardian”, citando a obra.

    (Publicado por Lucas Schroeder)