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    Brasileiros relatam momentos de pânico e situação em Israel em meio a ataques

    Pelo menos 250 israelenses foram mortos por combatentes do Hamas; mais de 230 habitantes de Gaza foram mortos pela contra-ofensiva de Israel

    Flávio Ismerimda CNN

    São Paulo

    Brasileiros contaram à CNN, neste domingo (8), a situação vivida em Israel durante os ataques feito pelo Hamas e do Hezbollah ao país.

    Os combatentes do Hamas mataram pelo menos 250 israelenses em confrontos durante o dia e escaparam de volta para Gaza com dezenas de reféns. Mais de 230 habitantes de Gaza foram mortos quando Israel respondeu com um dos seus dias mais devastadores de contra-ataques.

    Veja os relatos abaixo:

    “Nos defendemos com corpos de mortos”

    Rafaela Treistman, namorada de Ranani Glazer, brasileiro que está desaparecido em Israel, relatou em entrevista à CNN momentos de pânico em ataque do Hamas ao país.

    Eles estavam junto de um amigo em um festival que acontecia no Sul do país. Rafaela relata que na manhã do sábado (7), na rave, passaram a ver mísseis no céu. Foram, então, em busca de um bunker.

    “Fomos para uma estrada e vimos que em um ponto de ônibus tinha um bunker. Aí a gente achou que ia ficar tudo bem, já que no bunker os mísseis não seriam problemas. Mas começou a entupir de gente o bunker. Não sei dizer quantas, só não dava para se mexer”, relatou.

    Neste momento, relata Rafaela Treistman, bombas de gás passaram a ser atiradas na direção do bunker, “uma seguida da outra”.

    “Havia vários feridos e mortos dentro do bunker. Não tínhamos como sair, tentando ligar para a polícia. Se defendendo literalmente com os corpos das pessoas que morreram”, conta.

    “Em algum momento não vi mais meu namorado. Não sei se ele levantou ou chegou a sair. Não vi mais ele, estava muito desorientada. Desmaiava muito por conta do gás”.

    Na sequência, a polícia chegou ao local e checou a situação das pessoas. Rafaela e o amigo deixaram o bunker, mas não encontraram Ranani.

    “Achei que ia morrer”, diz brasileiro

    O brasileiro Rafael Birman contou à CNN que estava em um festival brasileiro de música eletrônica, o Universo Paralello, quando começaram os ataques. O evento acontece duas vezes por ano na Bahia e teve nesse fim de semana a sua primeira edição realizada em Israel.

    Ele relatou que a organização somente divulgou o local do festival um hora antes do começo do festival e ficou apreensivo quando descobrir que o evento aconteceria perto da cidade de Sderot, na região da fronteira com a Faixa de Gaza.

    “Quando eu ouvi essa informação já fiquei um pouco apreensivo. Não tinha vontade de estar perto daquela área, mas como já havia muito tempo oque não havia um conflito e era uma festa grande que a gente já estava querendo ir há um tempo, a gente decidiu ir”, explicou Rafael.

    Por volta das 6h da manhã, as pessoas que estavam no festival começaram a ouvir as primeiras explosões e, segundo ele, se dividiram entre sair de lá e ficar debaixo das árvores esperando o ataque cessar.

    “Aqui em Israel, infelizmente, a gente já é acostumado com sirenes, bombas e mísseis. Mas, como é uma cidade muito próxima de Gaza, pode ser uma questão de 5 ou 10 segundos entre o foguete ser lançado e cair próximo a você. Então, eu decidi pegar os meus amigos e sair”, relatou.

    Na estrada rumo a Tel Aviv, onde ele mora, Rafael viu passar, no sentido oposto, rumo ao sul, um carro verde com uma menina ensanguentada gritando “terrorista, terrorista”. Foi nesse momento, conforme ele afirmou, que as pessoas decidiram mudar a rota e ir sentido ao sul.

    Um amigo que estava com ele viu uma estrada de terra paralela e eles resolveram seguir por lá para fugir do congestionamento.

    “Era um portão de Gaza. Um portão provavelmente desativado que estava fechado bem na fronteira. No momento em que a gente virou, a gente começou a ouvir uns barulhos de tiro. A gente ainda não tinha noção de que estava sendo atacado, mas depois de uns quatro tiros e o vidro de trás do carro estourando, a gente entendeu que eles tinham aberto fogo contra o carro.”

    Forças israelenses chegaram ao local e tentaram proteger o grupo de Rafael, orientando que eles fossem buscar abrigo em um bunker ali perto, que estava lotado.

    “Nesse momento, a única coisa que eu conseguia pensar é que a gente ia morrer. Era ali o final da linha. Eu peguei o meu celular, mandei um áudio para a minha mãe, falando que eu estava naquela situação, que eu amava ela, que eu não acreditava que ia sair daquela situação”, contou o brasileiro.

    “Havia ali naquele momento umas 10, 15 pessoas, tirando as que estavam dentro do bunker, e nesse momento a gente começou a ver as pessoas machucadas, as pessoas sangrando, as pessoas em choque. Uma menina com um tiro na bochecha, segurando uma camisa para estancar o sangue. Uma cena muito assustadora.”

    Rafael e seus amigos sobreviveram sem nenhum ferimento e estão a salvo em Tel Aviv.

    Governo de Israel pediu para as pessoas ficarem em casa

    A publicitária Gabriela Varella, moradora de Tel Aviv, segunda cidade mais populosa de Israel, relatou que o governo do país pediu para que as pessoas ficassem em casa e se refugiassem em bunkers para se proteger das bombas.

    “Na verdade, uma das coisas que o governo pede é que a gente não saia de casa porque ainda existem muitos terroristas à solta, de quando eles entraram pela fronteira terrestre e pelo ar também. Por enquanto estou em casa. Assim que toca a sirene, a gente vai correndo para o bunker, para a gente conseguir se salvar de alguma forma”, contou Gabriela.

    Ela disse que acordou na manhã de sábado com sirenes tocando, o que indica que há mísseis caindo na cidade. Gabriela confessou que só foi ter dimensão da proporção do ataques ao longo do dia, quando começou a receber imagens divulgadas pelo próprio Hamas.

    “Eu nunca vi algo assim. Realmente o que aconteceu foi um massacre. Pessoas sequestradas e a gente cada vez mais descobrindo coisas que estavam acontecendo. Está sendo bem desesperador.”

    Entrevistas produzidas por Mel Galdino e Duda Cambraia