Brasileiros que vivem em barracas se unem a protesto contra preço de moradia em Portugal
Desde o aumento do turismo, preços dos aluguéis e das casas estão em alta em um dos países mais pobres da Europa Ocidental
Márcia Leandro se mudou do Brasil para Portugal há seis meses com um objetivo: se graduar como chef de cozinha. No entanto, a crise imobiliária de Portugal atrapalhou os seus sonhos e a forçou a viver em uma barraca.
Márcia, que tem 43 anos, e Andreia Costa, sua vizinha em um acampamento improvisado em um terreno baldio nos arredores de Lisboa, marcharam ao lado de milhares de portugueses neste sábado (30) em um protesto contra o aumento dos aluguéis e dos preços das casas.
Os valores são alimentados pela crescente gentrificação (processo de transformação de áreas urbanas que leva ao encarecimento do custo de vida) e pelo turismo recorde.
Portugal é um dos países mais pobres da Europa Ocidental, com um salário médio mensal de cerca de 1.200 euros (R$ 6.400).
Um aumento de 65% nos aluguéis imobiliários em Lisboa desde o início do aumento do turismo em 2015 tornou os apartamentos inacessíveis para muitas pessoas. Os preços de venda dispararam 137% nesse período, segundo os especialistas em dados habitacionais Confidencial Imobiliário.
Os imigrantes e outros trabalhadores precários são particularmente vulneráveis. Os brasileiros, que representam 40% da comunidade imigrante de Portugal, ganham em média 20% menos que os portugueses, segundo o Observatório das Migrações. Muitos recebem menos do que o salário mínimo mensal oficial, de 760 euros (R$ 4.058).