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    Brasileiros no Sudão começam a deixar a capital Cartum durante cessar-fogo

    Segundo o Itamaraty, 16 brasileiros estavam na capital sudanesa, incluindo três crianças e jogadores do clube de futebol Al-Merrikh

    Fumaça sobe de incêndio na região do aeroporto de Cartum, no Sudão.
    Fumaça sobe de incêndio na região do aeroporto de Cartum, no Sudão. Abdullah Abdel Moneim/via REUTERS (17.abr.23)

    Da CNN

    O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, informou que 16 brasileiros, entre eles, jogadores do clube de futebol Al-Merreikh, estavam em Cartum quando o conflito armado despontou no Sudão, na África. Segundo a pasta, 15 dos brasileiros deixaram a capital sudanesa em diferentes “operações de evacuação”.

    Segundo informou o Itamaraty, três crianças estavam entre os brasileiros que deixaram a capital com o pai em comboio da Organização das Nações Unidas (ONU), e outros dez brasileiros foram por terra, em direção ao norte.

    O Sudão amanheceu em conflito no sábado (15), com o início do conflito direto entre o líder militar do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na siga em inglês) paramilitares, Mohamed Hamdan Dagalo.

    Na terça-feira (18), os comandantes das forças rivais concordaram com um cessar-fogo de 24 horas a partir da noite, disse o Exército, após ligações do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, para cada lado.

    A brecha possibilitou a evacuação de pessoas para fora do país ou para regiões mais distantes do conflito.

    Paulo Sérgio, atacante do Al-Merreikh, relatou o pânico que viveu com outros jogadores no Sudão, em entrevista à CNN e nas redes sociais.


    Nove brasileiros contratados pelo clube de futebol Al-Merrikh estavam no Sudão.

    Paulo Sérgio contou que acordou com barulho de tiros e bombas nas ruas da capital, Cartum, e que o jogo programado para o dia estava cancelado.

    Paulo e alguns outros brasileiros do time sudanês competem na Liga dos Campeões Africana (CAF) desde o fim de janeiro, mas só passaram a morar no país há poucos dias para jogar no campeonato local, que vai até maio.

    Segundo ele, o ambiente costuma ser tranquilo e bem diferente do cenário de guerra que tomou a cidade, e que, por hora, os planos de permanecer no país mudaram.

    Em entrevista à CNN no sábado (15), Paulo Sérgio contou que as pontes aéreas estavam fechadas.

    “Está um silêncio no ar, mas daqui a pouco volta a ter barulho de tiro. Estamos torcendo pra situação se tranquilizar e podermos voltar (para o Brasil). […] Minha esposa e minha filha permaneceram no Rio quando vim para o Sudão. Estávamos tratando de elas virem pra cá passar só uns dias por causa da escola da minha filha, mas com essa situação fica impossível”, relatou o jogador.

    Vítimas do confronto

    O coordenador humanitário da ONU no Sudão, Abdou Dieng, afirmou estar “horrorizado” com o número de vítimas civis nos confrontos da última semana.

    Segundo os dados, pelo menos 331 pessoas foram mortas em todo o país, incluindo cinco trabalhadores humanitários e cerca de 3,2 mil ficaram feridas.

    Os confrontos entre as tropas do exército nacional e a milícia rival conhecida como Forças de Apoio Rápido impactou a vida da população e a operação de ajuda humanitária em andamento em todo o país.

    Em nota, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro chegou a viabilizar a evacuação mais ampla em coordenação com a ONU e com países europeus, “que não pôde ser concretizada por questões de deslocamento e segurança”.

    “O Brasil permanece em estreito contato com a ONU e com outros governos com nacionais no Sudão e continua a monitorar a situação dos demais brasileiros no país, que por estarem em localidades não conflagradas, estão em situação de menor risco relativo”, disse a pasta em nota.

    (Publicado por Gustavo Zanfer, com informações de Manoela Carlucci, Letícia Cassiano e AnneClaire Stapleton)