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    Brasileiros ajudam refugiados a saírem da Ucrânia para outros países

    Voluntários acolhem famílias sob frio intenso; centro de apoio vira abrigo improvisado e ponto de doações

    Camille CoutoThayana Araújoda CNN , No Rio de Janeiro

    Em meio à crise humanitária por conta da guerra na Ucrânia, com milhares de refugiados deixando o país, um grupo de 50 voluntários de diversas nacionalidades, incluindo dois seminaristas brasileiros, montaram um centro de apoio improvisado no Seminário Greco-Católico Ucraniano, na cidade Uzhhorod. A região faz tríplice fronteira com a Eslováquia, Hungria e Romênia.

    O centro recebe doações que chegam de toda a Europa. São alimentos, produtos de higiene, medicamentos, brinquedos, cobertores, agasalhos, entre outros insumos, divididos para atender os imigrantes nas fronteiras e cidades que estão desabastecidas. O local também acolhe e apoia a homens de 18 a 60 anos que permaneceram no país e precisaram se despedir se suas famílias. Toda a organização é feita pela Associação de ajuda Cáritas da Igreja Católica.

    Os brasileiros voluntários são moradores de Vinnytsia, cidade localizada a 360 km da capital, Kiev. Pouco antes do começo da guerra, no dia 23 de fevereiro, eles chegaram ao Seminário Greco-Católico Ucraniano para participar de um curso. Só não imaginavam que ali seria um local para uma missão ainda maior: ajudar os refugiados.

    Milhares de refugiados deixaram a Ucrânia nos últimos dias, em fuga dos ataques russos na região / Imagem cedida por voluntários

    João Miguel Perozzi Jorge, de 26 anos, deixou São Paulo há 10 anos para atuar em missões como voluntário, mas é a primeira vez que vive uma situação como essa. Seu irmão, o padre Lucas Perozzi, está em Kiev, uma das cidades mais atingidas pelos ataques russos. Mesmo diante das incertezas da guerra, o jovem diz que o sentimento não é de medo, e sim de gratidão por poder ajudar de alguma forma aquele povo.

    “Estamos no extremo oeste da Ucrânia, mas as informações dão conta de que, a qualquer momento, pode acontecer uma explosão, em qualquer lugar. É uma situação de precariedade. Estamos ajudando essas pessoas”; ressaltou, João.

    Há quase três anos no país, Wagner Luiz Gonçalves (31 anos), também deixou São Paulo para ingressar no Seminário Católico onde está improvisado o centro de apoio aos refugiados da guerra. Segundo os seminaristas, a cada dia mais de 500 pessoas passam no ponto de apoio. Os voluntários monitoram a chegada dos imigrantes que desembarcam dos trens e os recebem na estação, oferecendo suprimentos.

    Voluntários oferecem mantimentos a refugiados que deixam a Ucrânia /

    “Já estão faltando mantimentos em algumas cidades. Elas não estão sendo mais abastecidas. Tudo está sendo feito por ferrovia. Então, nós ajudamos as pessoas a sair do trem, e imediatamente, carregamos o que é possível de comida, roupas, sacos de dormir, água…”; destacou, Wagner.

    Sem prazo de retorno para casa, os dois seminaristas que se tornaram voluntários, passam o dia recebendo e distribuindo doações que chegam ao centro de apoio. E orientam as famílias que tentam atravessar a fronteira para fugir da guerra.

    Na última quinta-feira (03) foi montada uma força-tarefa para organizar as doações. Segundo Wagner, cerca de 400 pessoas chegaram de um trem que partiu de Kiev. A rotina dos últimos dias tem sido intensa no seminário. Após a recepção, ainda na madrugada desta sexta (04), o grupo se dividiu e seguiu para os acessos à fronteira. Com coletes laranjas, para se destacarem na escuridão, e com o termômetro marcando até -2°C, os voluntários se concentram em barracas para prestar os primeiros atendimentos.

    “A maioria deixou suas casas somente com a roupa no corpo, e no máximo uma mochila. Nós vamos ajudá-los no que for preciso”, finalizou, João.

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