Brasil se colocou no centro da crise venezuelana sem saber o que vai fazer, diz especialista
CEO da Arko Internacional afirma que o Brasil não desenhou cenários que envolvem todas as possibilidades
O Brasil se encontra no epicentro da crise política venezuelana, mas sem uma estratégia clara sobre como proceder, segundo Thiago de Aragão, CEO da Arko Internacional no WW desta quinta-feira (1º).
O especialista analisou a posição do país em relação às eleições na Venezuela e as implicações internacionais desse posicionamento.
De acordo com Aragão, o Brasil “se colocou no centro da história sem necessariamente saber o que vai fazer, sem ter desenhado cenários que envolvem todas as possibilidades”.
A afirmação surge após a divulgação de informações cruciais sobre o processo eleitoral venezuelano.
Regime bolivariano
Thiago de Aragão destacou a complexidade da situação política na Venezuela, alertando que Nicolás Maduro não é o único, nem o mais importante, ator no regime bolivariano.
“Existem outros mais importantes do que ele, como o Diosdado Cabello [deputado da Assembleia Nacional da Venezuela], por exemplo.”
Entre 100 e 500 pessoas em diversas áreas do governo, executivo, forças armadas e PDVSA (estatal petrolífera venezuelana) que exercem mais influência do que Maduro. Esta estrutura de poder difusa torna qualquer negociação complexa, segundo Aragão.
Visita de Celso Amorim
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, foi até Caracas em um convite que pode ser visto como uma “armadilha”, pois, segundo análise, a expectativa do governo venezuelano seria que Amorim argumentasse ter visto tudo “correndo normal”, o que daria um ponto a favor de Maduro.
Diante desse cenário complexo, Aragão conclui que o Brasil deve agir com cautela para não se “enfiar num buraco que tem difícil saída”, ressaltando a necessidade de uma abordagem estratégica e bem planejada para lidar com a situação venezuelana.