Brasil leva à ONU resolução que pede “corredores humanitários” em Gaza e refuta ordem israelense, mas condena Hamas
Brasil preside, neste mês de outubro, o Conselho de Segurança da ONU
Depois de consultas diplomáticas a vários países-membros do Conselho de Segurança da ONU, ao longo do fim de semana, o Brasil elaborou uma minuta de resolução sobre o conflito Israel-Palestina que deverá ser votada pelo colegiado no fim da tarde desta segunda-feira (16).
O texto formulado pelo governo brasileiro e obtido pela CNN pede a “imediata retirada da ordem”, dada por Israel, para que civis palestinos e funcionários das Nações Unidas evacuem o norte da Faixa de Gaza e se realoquem na região sul do território.
O Brasil preside, neste mês de outubro, o Conselho de Segurança da ONU. Duas reuniões emergenciais já foram realizadas nos últimos dias, sem que as partes tenham conseguido alcançar uma resposta consensual em torno da crise crescente no Oriente Médio.
A minuta de resolução cobra, ainda, a criação de “corredores humanitários” para a entrega de mantimentos básicos à população civil de Gaza. Também conclama pelo suprimento “contínuo e suficiente” de eletricidade, água, combustíveis e medicamentos “indispensáveis à sobrevivência” dos palestinos.
Na tentativa de obter um consenso entre os integrantes do Conselho de Segurança, o texto proposto pelo Brasil enfatiza a importância de evitar uma escalada do conflito no Oriente Médio e exorta os envolvidos a “exercitar máxima contenção”, mas aborda diretamente os ataques terroristas do dia 7 de outubro e é claro no apelo pela liberação dos reféns israelenses.
O grupo radical islâmico Hamas é citado nominalmente. Trata-se de uma diferença crucial na comparação com a minuta apresentada pela Rússia aos demais membros do colegiado na ONU, em caráter informal, no fim da semana passada. O texto de Moscou não mencionava o Hamas.
De acordo com a redação proposta pelo Brasil, o Conselho de Segurança “rechaça e condena inequivocamente os hediondos ataques terroristas do Hamas” e “faz um apelo pela liberação imediata e incondicional dos reféns civis”.
No texto do governo brasileiro, reafirma-se que “quaisquer atos de terrorismo são criminosos e injustificáveis”, independentemente de suas motivações e de quem os comete.
Ao longo da resolução proposta pelo Brasil, reitera-se que “uma solução de longo prazo para o conflito Israel-Palestina só pode ser atingida por meios pacíficos” e que é preciso levar em conta a necessidade de dois Estados convivendo lado a lado, com fronteiras mutuamente reconhecidas.